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Montalegre 2016, regresso a Trás-os-Montes, crónica 161

Depois do sucesso em Bragança (2002-10), surgiu a oportunidade de regressar a terras transmontanas com patrocínio da Câmara de Montalegre e EcoMuseu do Barroso. Temerosos pelo frio do mês transato e o forte nevão uma semana antes, arribamos às faldas do Larouco, e cedo nos apercebemos do calor das gentes, hospitalidade, bonomia, simplicidade, e inexcedível acolhimento que nos acompanhou ao longo de seis extenuantes dias com 80 participantes.
A história recente de Montalegre é igual à de tantas, forte emigração, depauperação económica e abandono das atividades económicas tradicionais. Quando vim da Austrália, anos 90, retornei a estas terras. Portugal profundo chamavam-lhe os governantes, sinónimo de esquecido. O maciço despovoamento, emigração, migração para o litoral e limites da longevidade impossibilitaram a reconstrução de memórias. Depois virão os sociólogos falar do problema da solidão na terceira-idade, os geógrafos políticos lamentarão a desertificação humana do interior profundo, os políticos explicarão as alterações inócuas às leis, as instituições de solidariedade social lamentarão a crise e a falta de apoios para ajuda solidária aos idosos, a GNR e PSP deplorarão a falta de meios para a política de proximidade, e os filhos e netos continuarão a colocar em asilos e hospitais os idosos para não cuidarem deles.
Tudo é diferente da infância. Vivemos a escravatura que nem Aldous Huxley imaginou no “Admirável Mundo Novo” e os temores de “1984“ de George Orwell converteram-se numa prisão sem grades onde prevalece o medo que enche o quotidiano de jornais e televisões. Enquanto puder, isolar-me-ei no onírico, na poesia e na utopia, em vez de buscar drogas de felicidade falsa ou um novo empréstimo bancário. Cresci na época conturbada do pós-guerra, na reconstrução da Europa. Havia a espada de Dâmocles da guerra colonial que ceifaria o futuro que tinha delineado. Nas décadas de 1960-70 éramos jovens, esperançados e sonhadores. Durante anos vivi a ilusão do 25 de abril e no outono da vida, desiludo-me com as promessas incumpridas de abril, a desigualdade ímpar entre ricos e outros. Não sobejam sonhos para as gerações futuras, e antecipo previsões orwellianas numa realidade que há muito excede a ficção.
Tivemos um magnífico recital da Escola de Música Tradicional do Larouco (gaita-de-foles e precursão). Na segunda manhã, roteiro intenso por Vilar de Perdizes em cuja igreja (de excecional acústica) houve recital de Ana Paula Andrade e Carolina Constância. Visita à Sra das Neves, Paço e aldeia com o esclarecido guia, Padre Fontes. Depois Pitões das Júnias, Mosteiro, forno do povo e EcoMuseu sendo agraciados com um beberete, com os famosos enchidos.
Após o jantar a sessão especial dedicada ao 25 de abril com três poemas musicados contra as ditaduras, visual e musicalmente fortes, emocionaram (Geraldo Vandré “Para não dizerem que não falei de flores,” Georges Moustaki “Avril au Portugal” e Chico Buarque “Fado Tropical”).
A seguir os “Terra Morena ((Xico Paradelo; Bernardo Marques; Heitor Real),” grupo galego que toca José Afonso, durante uma hora recriou temas do cantante da liberdade para a enorme assistência de mais do que os 320 lugares sentados do auditório. Momentos mágicos e emotivos. Seguiu-se a homenagem do município ao 25 de abril, pela família Pedreira, que recriou cenas do “antigamente”, com a PIDE, censura e cantos da resistência. O espetáculo excecionalmente bem delineado por amadores, culminou com “Grândola Vila Morena” cantado de pé. O momento foi emotivo para os brasileiros que sofreram a ditadura (1964-85) hoje ameaçados por outra e para os galegos que celebraram o 25 de abril por que anseiam, e a luta pela língua estropiada em castrapo pelo castelhano. Para o Brasil e a Galiza a solidariedade. Depoimentos:
Chrys Chrystello | Presidente da Direção da AICL - «Nesta edição, os participantes não querem ir embora. Voltaremos a Montalegre o mais breve possível. Fomos surpreendidos pela positiva e em todos os aspetos. Pela hospitalidade, pelas caras bonitas e sorridentes que vimos nas ruas e locais onde estivemos, pela gentileza das pessoas que estiveram connosco. Sentimo-nos em casa. Sinto que este lugar pode ser a minha casa permanente. Foi um sucesso!».
Malaca Casteleiro | Academia das Ciências de Lisboa – «Foi um sucesso, dos melhores Colóquios que já tivemos, com uma receção magnífica. A sessão comemorativa do 25 de abril foi excecional. Fiquei encantado com esta terra, do ponto de vista cultural, paisagístico, arquitetónico, com um castelo magnífico. Foi um prazer estarmos aqui».

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

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