Diário dos Açores

O pior que podemos ter é um Mau Governo estável

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“Prefiro um bom Governo instável à estabilidade dos cemitérios. O pior que podemos ter é um mau Governo estável, porque temos uma estabilidade negativa.”
Esta é uma afirmação do Deputado liberal Carlos Guimarães Pinto, proferida num outro contexto, mas que poderia muito bem ser aplicada ao atual momento político vivido nos Açores.
O objetivo final de um Governo deve ser servir os cidadãos e garantir o seu bem-estar. A sua estabilidade depende da capacidade de permanecer no poder, o que por si só não garante bons resultados. Um Governo estável que é ineficaz, irresponsável, incompetente ou corrupto fará mais mal do que bem. Por outro lado, um Governo que tem de enfrentar instabilidade devido a desacordos, pode ainda assim trazer resultados positivos. Essa instabilidade pode levar a reformas e compromissos em direção a uma governação mais eficaz e atenta às necessidades dos cidadãos.
O que tem feito o Governo dos Açores nas últimas semanas em prol da sua estabilidade? A 24 de fevereiro, o Secretário do Mar e das Pescas (PPM) anunciou a destituição do Conselho de Administração da Lotaçor, justificando a decisão com a perda de confiança política e pessoal na presidente (PSD). Uma semana depois, foi anunciada a nomeação de uma nova presidente (PPM) e restante Conselho de Administração. A 4 de março, o Secretário da Saúde (PSD) demitiu-se, alegando “razões exclusivamente políticas, assentes em divergências insanáveis e inultrapassáveis, evidenciadas em sucessivas ingerências”. No dia 7 de março foi anunciada a criação de mais uma estrutura, a EMAFIS, para acompanhamento do financiamento da Saúde, e nomeada como sua presidente alguém da confiança política do CDS.
Toda esta história faz lembrar um pouco o argumento do clássico do cinema “O Bom, O Mau e o Vilão”. “O Bom” (PSD) é experiente, habilidoso e geralmente age em prol do bem maior. No entanto, tem uma atitude demasiadamente submissa em relação à violência dos seus parceiros de Coligação. “O Mau” (CDS) é o fora-da-lei dissimulado e oportunista. Procura o seu próprio interesse dentro da Coligação. “O Vilão” (PPM) é o bandido sanguinário, astuto e que se julga engraçado. Está disposto a adotar medidas extremas para alcançar os seus objetivos, mesmo que isso signifique prejudicar o funcionamento da Coligação. Diria que temos todos os ingredientes para uma história de conflito e competição que, provavelmente, não levará a um final feliz.
Os liberais açorianos deixaram de acreditar que este PSD tem a capacidade de se libertar das amarras de CDS e PPM. Foram vários os alertas deixados ao longo dos últimos dois anos e meio. Resta à Iniciativa Liberal continuar a fazer aquilo para a qual foi eleita: trabalhar em propostas liberais que resolvam os problemas dos Açorianos e continuar o diálogo com todos os partidos para que aprovem essas propostas.
Foi dito e repetido que um deputado liberal faz toda a diferença.
Faltou dizer que não faz milagres!

Ricardo Freitas *

*Coordenador da Iniciativa Liberal de São Miguel

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