A implantação da nova estátua de Madre Teresa no adro do Santuário da esperança, em Ponta Delgada, está a gerar forte polémica, mas a situação agravou-se ainda mais com obras no adro do Santuário que, segundo confirmação oficial, não estavam autorizadas pela Direcção Regional da Cultura, por ser imóvel de interesse público.
No primeiro caso a polémica está à volta da estética da estátua, com muita gente a criticar o modo como foi ali implementada a estátua, sendo que a respectiva autora acusa os organizadores do projecto e o Reitor de não terem referido o nome da escultora na cerimónia de inauguração.
A polémica já obrigou à intervenção de alguns partidos, que querem explicações sobre as obras ali efectuadas e que a Direcção da Cultura mandou suspender.
IL questiona Governo e município
Os eleitos da Iniciativa Liberal no Parlamento dos Açores, Nuno Barata, e na Assembleia Municipal de Ponta Delgada, Alexandra Cunha, remeteram, ontem, pedidos urgentes de esclarecimentos à Direcção Regional dos Assuntos Culturais e ao Município de Ponta Delgada, respectivamente, por conta das obras em curso.
Em requerimentos entregues aos Presidentes das respetivas Assembleias, Nuno Barata e Alexandra Cunha, sublinham que o Convento da Esperança é um Imóvel de Interesse Público da Região, classificado desde 1953, e que, por isso, está sujeito a algumas regras em termos de intervenções que agora, aparentemente, não estão a ser cumpridas.
Uma das proteções que a classificação do imóvel tem é a determinação de uma zona de proteção de 50 metros que, recentemente, já foi desrespeitada com “a implantação da estátua da Madre Teresa da Anunciada, no adro da Igreja do Convento da Esperança, o que tem causado muita consternação nos devotos e na população em geral”.
Ora, sublinham os eleitos liberais, “o impacto negativo que a implantação da estátua da Madre Teresa da Anunciada e objectos conexos conferem ao adro da Igreja do Convento da Esperança e ao próprio imóvel classificado” suscitam indignação, bem assim como as obras que, entretanto, continuam a decorrer no adro do convento que é Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, onde está a ser removida “uma significativa quantidade de lajes de pedra”.
Perante os factos, Nuno Barata questiona o Governo Regional sobre se “foi a Direcção Regional dos Assuntos Culturais ouvida sobre a referida intervenção em área de protecção do Convento da Esperança?” e, “se sim, qual foi o parecer que emitiu sobre as obras?”, solicitando “cópia do parecer”.
Em caso de resposta negativa, a IL que saber se “pondera o Governo Regional fazer cumprir a lei ou irá continuar a fingir que não tem nada a ver com o assunto?”.
Já Alexandra Cunha solicita à Câmara Municipal de Ponta Delgada esclarecimentos no sentido de saber se “foi solicitada alguma autorização para a realização das obras da implantação da estátua e para as obras que estão a ocorrer na presente data, no adro da Igreja do Convento da Esperança?”, solicitando “cópia do processo” em caso de resposta afirmativa.
A deputada municipal pontadelgadense requer ainda esclarecimentos sobre o “grau de envolvimento da Câmara Municipal em todo este processo?” e quer saber se “houve envolvimento financeiro ou de recursos técnicos e humanos, por parte do município?” e, “se sim, quais os montantes financeiros e custos com pessoal e equipamentos envolvidos foram assumidos pelo município de Ponta Delgada?”, pedindo ainda que sejam identificadas “as rubricas” do Orçamento por onde as verbas tenham sido dispensadas.
Chega pede explicações
Também o Chega enviou ontem à Assembleia Regional um requerimento, pedindo explicações acerca da colocação da nova estátua da Madre Teresa da Anunciada no adro do Convento da Esperança, “classificado Imóvel de Interesse Público desde 17 de Abril de 1953”.
A colocação da nova estátua “tem gerado alguma polémica, nomeadamente quanto a desvirtuar a frente e a traça do Convento da Esperança”, pode ler-se no requerimento enviado.
“Consciente da importância e do significado do Convento da Esperança para os micaelenses, e açorianos em geral, o Chega questiona se a Direcção Regional da Cultura foi consultada para que a nova estátua da Madre Teresa Da Anunciada, juntamente com uma instalação representativa de uma medalha do Senhor Santo Cristo dos Milagres e um suporte para as velas, fossem colocados no adro da Igreja de Nossa Senhora da Esperança”, lê-se no requerimento.
Tratando-se de um Imóvel de Interesse Público, o Chega questiona se não fica desvirtuada a traça original da Igreja, e do próprio convento, com a colocação daqueles elementos no, até então, desafogado adro.
“Somos defensores das nossas tradições e do nosso património e fomos confrontados por alguns micaelenses que questionam se a colocação daquela estátua naquele local não choca com a traça da Igreja de Nossa Senhora da Esperança”, refere o deputado José Pacheco.
Este requerimento, refere o parlamentar, vem no sentido de “esclarecer esta situação, porque todos os Açorianos têm uma relação especial com o Convento do Senhor Santo Cristo dos Milagres” e há esta preocupação por se tratar de um Imóvel de Interesse Público.