Falou-se de Natália Correia, mas também de todas as mulheres cujos rostos não são conhecidos e representam, da melhor forma, a construção de toda uma sociedade.
A Casa dos Açores do Ontário (CAO) celebrou o Dia Internacional da Mulher, colocando o enfoque no papel do sexo feminino na sociedade, nunca esquecendo a importância da mulher açoriana.
Fátima Bento, enquanto Presidente da Assembleia-Geral da CAO, deu início ao evento que decorreu no dia 11 de Março, juntando mulheres, mas também casais que pretendiam comemorar e reflectir o futuro que só será ideal, dignificando o papel da mulher.
A máxima representante dos sócios desta casa açoriana, com sede na College Street, abordou na sua intervenção inicial o contexto histórico deste dia e deu vivas à mulher que, “luta após luta, ano após ano, tem mostrado a sua capacidade de decidir, de intervir e de fazer diferente. Dar espaço à mulher é dar espaço a uma sociedade mais justa e mais fraterna”.
Perante uma sala bem composta, Suzanne Cunha, Presidente do Executivo da CAO, cujos órgãos sociais são um exemplo (compostos por 99% de mulheres), num discurso curto, mas carregado de emoção quis evidenciar este dia na Casa dos Açores como sendo “de celebração de todas as mulheres, de todas as mulheres açorianas que aqui estão, mas também todas as emigrantes portuguesas”.
Dedicando uma palavra para a Natália Correia, açoriana de prestígio, que outrora denunciou erros políticos, problemas sociais e lutou pela dignificação do poder da mulher, Suzanne Cunha quis virar-se para “todas as mulheres, para todas as senhoras de todos os dias”, que sem ecos de páginas de jornais, “conseguiram ultrapassar barreiras”.
Em nome da Casa dos Açores, a presidente salientou que “é de muita importância reconhecer todas as mulheres que trabalham e trabalharam arduamente nas terras de cultivo e depois em casa criavam os seus filhos. É importante e justo reconhecermos todos as mulheres que foram proibidas de estudar, porque eram necessárias nos trabalhos em casa. No entanto, são pessoas bem instruídas e muito cultas”.
No seu discurso, Suzanne Cunha foi mais longe: “Todas as mulheres devem ser respeitadas e honradas, não só as senhoras doutoras, poetas ou escritoras. Hoje quero agradecer e reconhecer o papel de todas as mulheres na nossa sociedade. Quero agradecer toda a sua sabedoria e toda a sua luta enquanto verdadeiras mulheres”.
O serão decorria com o jantar, e o nosso jornal falou ainda com a Vice-Presidente da Casa dos Açores do Ontário. Odília Janeiro, realçando que “o Dia Internacional da Mulher continua a fazer sentido nos dias de hoje. Este dia faz sentido, para de alguma forma mostrar que a luta da mulher pela igualdade ainda não terminou”.
“Faz para nós sentido que os homens também venham, pois mais do que uma simples homenagem às mulheres, esta nossa festa na CAO pretende contribuir para a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade actual. Ainda há salários diferentes entre os sexos. Ainda há violência, ainda há desvantagens nas carreiras profissionais”, admitiu Odília Janeiro, enviando para todas as “mulheres portuguesas a viver no Canadá uma palavra de saudação e de apreço”.
Os habituais sorteios precederam o espectáculo musical de César Russo, também ele açoriano a residir no Canadá há cerca de 9 anos.
Antes da também apresentadora do evento, Fátima Bento, chamar ao palco musical o artista convidado, a nossa reportagem falou com o cantor, de 39 anos, que está ligado à música desde os 14, contando-nos que nos “Açores, na Ribeira Grande, de onde é natural, já adorava cantar em karaokes e passar música. Quando cheguei ao Canadá parei de cantar porque não tinha conhecimentos para continuar.Felizmente, um ano e meio depois de chegar, consegui voltar à música e hoje em dia já são sete anos a cantar”
O artista luso-descendente esclareceu que, quando estava nos Açores “falava-se do que era ser emigrante, mas agora sinto na pele e sei dar valor a tudo isso que muitos diziam sentir. Tenho tanto gosto e tanto orgulho em cantar para a nossa gente, e hoje aqui na Casa dos Açores, como sempre, é especial”.
César Russo disse ainda que em Maio, passado este tempo todo, sem visitar a sua ilha no meio do Atlântico, vai voltar a pisar o chão que o viu nascer, mas não tem, por opção espectáculos musicais agendados em São Miguel, pois a “prioridade nessas duas curtas semanas é visitar a minha terra, estar com a família, estar com os amigos, matar saudades do cheiro a mar e da vivência açoriana”.
O cantor que tem dois CD’s editados e tem pisado, junto da comunidade emigrante, muitos palcos dos clubes e associações portuguesas, animou o serão com alguns temas regionais, valsas, música portuguesa variada e canções dos anos 80/90.
A terminar a reportagem sobre a comemoração deste Dia Internacional da Mulher, por parte da Casa dos Açores do Ontário, é de referir que, afinal, as mulheres já somam mais de 50% da população mundial e ao nível do percurso histórico da luta feminina, muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado. Elas (as mulheres açorianas ou não) têm dado provas disso mesmo, basta que tenham oportunidade.
Refira-se ainda a título informativo que a CAO vai organizar no próximo dia 25 de Março o terceiro jantar em louvor do Divino Espírito Santo, padroeiro desta casa; dia 8 de Abril, o encontro de danças Pascais; dia 15 de Abril, o baile da Primavera; e dia 29 de Abril, o quarto jantar do Espírito Santo.
Merece ainda nota o facto deste ano, numa comemoração que a Casa dos Açores tem sempre orgulho de realizar, será lembrado, no dia 3 de Junho, o Dia dos Açores, bem como as Grandiosas Festas do Espírito Santo que vão acontecer, em Toronto, de 18 a 25 de Junho.
Um “Viva aos Açores” para terminar.
por Rómulo Ávila, Correspondente em Toronto *
Especial para
Diário dos Açores *