No mês de Janeiro de 2023, o Indicador do Consumo Privado para os Açores (ICP-Açores) registou, em termos homólogos, um acréscimo de 4,1%, verificando-se um decréscimo de 0,6 pontos percentuais em relação ao valor revisto do mês anterior, revelou ontem o SREA.
O IPC-Açores atingiu o seu nível mais alto no ano passado em Março (6,9), vindo sempre a descer desde essa altura, atingindo agora o registo mais baixo desde Março de 2021.
O ICP-Açores resulta de uma combinação linear de 13 séries explicativas do consumo privado dos Açores em volume: Gasolina sem chumbo de 95 e 98 octanas, Electricidade consumida pelas famílias, População empregada, Automóveis novos ligeiros de passageiros vendidos, Compras Multibanco (soma de levantamentos em caixas automáticos e pagamentos efectuados em terminais de pagamento automático), Serviços Multibanco (pagamentos de serviços em caixas automáticos), Bens Alimentares vendidos no comércio a retalho, Crédito ao consumo concedido às famílias, Rendas (através da proxy estimada do número de alojamentos), Medicamentos vendidos em farmácias sujeitos a receita médica, Transportes aéreos, Transportes marítimos e Transportes terrestres.
Açorianos a retraírem-se
Esta tendência prova que os açorianos estão a retrair-se no consumo de mês para mês, à semelhança do que acontece com a tendência nacional.
A inflação forçou os portugueses a apertar o cinto e a cortar nos gastos: evitam comer em restaurantes, cancelam subscrições de canais, desligam as luzes e tomam duches mais curtos, e compram menos bilhetes para espectáculos, segundo ainda ontem divulgava o Expresso.
Perante o agravamento das condições de vida provocado pela subida dos preços, das rendas e das prestações das casas, a maioria dos portugueses viu-se obrigada a apertar o cinto.
Segundo um inquérito da Deco Proteste, grande parte das famílias já cortou nos gastos, incluindo nas despesas essenciais como a alimentação e a energia.
A redução do consumo já ameaça vários sectores, estando mesmo a provocar um elevado número de encerramentos, sobretudo na restauração e no comércio.
De acordo com dados do INE, só entre Novembro do ano passado e Janeiro deste ano fecharam 1.639 lojas, duas vezes mais do que as que abriram e mais do dobro do registado no período homólogo.
Por dia, em média, 18 estão a fechar portas em todo o país.
Lojas de roupa, papelarias/tabacarias e mercearias e minimercados estão a ser os mais afectados, segundo o Presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes.
E na restauração, o cenário não é melhor, atingindo principalmente os pequenos estabelecimentos localizados em zonas de escritórios, já que cada vez mais trabalhadores estão a levar comida de casa para poupar nos gastos.
Cabaz de alimentos aumenta mais de 50 euros
Os aumentos nos bens alimentares essenciais ainda não abrandaram.
A 15 de Março, o cabaz de bens alimentares essenciais, a nível nacional, passou a custar 234,84 euros, um aumento de 27,89% (mais 51,21 euros) face a 23 de Fevereiro de 2022, véspera do início da guerra na Ucrânia, e de 22,58% (mais 43,26 euros) face ao período homólogo (16 de março de 2022).
Este valor representa um novo máximo desde que a DECO PROTESTE iniciou a monitorização da cesta de 63 produtos alimentares essenciais.
As categorias das frutas e dos legumes e do peixe são as que mais viram o seu preço aumentar.
Entre 23 de Fevereiro de 2022, véspera do início da guerra na Ucrânia, e 15 de Março de 2023, uma cesta com 14 frutas e legumes básicos sofreu um aumento de 32,33%, custando hoje mais 7,63 euros.
Se há um ano era possível comprar estes produtos por 23,60 euros, agora é preciso pagar, em média, 31,24 euros.
O peixe, por sua vez, aumentou 29,66 por cento. Comprar um quilo de carapau, salmão, pescada, robalo, bacalhau graúdo, dourada, peixe-espada-preto e perca pode representar uma despesa de 78,20 euros, mais 17,89 euros do que há um ano.