Os dados revelados pelo INE sobre o Procedimento dos Défices Excessivos vieram confirmar as más notícias para os Açores, que mantêm a trajectória ruinosa da sua dívida bruta (mais de 3 mil milhões de euros).
É verdade que o nosso elevado défice é esmagado pelo rasto das dívidas deixadas pela governação do PS, nomeadamente o buraco na SATA e as dívidas da Lotaçor e da Fábrica de Santa Catarina, mas o actual governo de coligação não pode lavar as mãos na totalidade, como tenta fazer no comunicado que emitiu, porque foi ele que optou em assumir a incorporação da dívida da conserveira Santa Catarina para vender a fábrica aos privados.
O mesmo erro vai ser cometido na privatização da Azores Airlines, onde já se percebeu que será a região a assumir a dívida da companhia, uma vez que ela não está clarificada no caderno de encargos.
É penoso ver Vasco Cordeiro a alertar para a “degradação” das finanças regionais, quando a fatia de leão pelo estado em que estamos foi da autoria dos seus governos.
O governo actual, com a maior receita de sempre, parece ir pelo mesmo caminho, não apresentando nenhuma reforma de jeito para o sector empresarial público, depois de já ter perdido as famigeradas Agendas Mobilizadoras e desconhecendo-se o que vai fazer com os 80 milhões a mais do PRR.
Agora que vai ter menos receitas por via do IVA zero, as contas vão continuar a ferver.
Osvaldo Cabral *
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