“Onde revestir a beleza de um lugar, há um Deus que nos indica o caminho do espírito” *- Natália Correia.
“O que de mais alto recebemos de Deus e da Natureza, é a vida, o movimento de rotação em torno de si mesmo, o qual não conhece descanso, nem repouso” *Johann Wolfgang von Goethe
O Espírito movia-se, no princípio, sobre a massa caótica do universo, e está presente em toda a parte (Gn 1,2; Sl139,7).
É imanente a grandeza de Deus, na energia que move os mundos (Job 26,7. 13; Is 42.1,5). Deus, estendeu o céu sobre o vazio, e suspendeu a terra sobre o nada. Ele prende a terra sobre as nuvens sem que estas se rasguem com o peso. Ele encobre a face da lua cheia, estendendo a sua nuvem sobre ela, e traçou um círculo sobre a superfície do mar, e dos céus, onde a luz faz fronteira com as trevas.
O seu sopro clareou os céus, e a sua mão poderosa, trespassou a serpente fugitiva, porque tudo isso não é mais do que a margem das suas obras!
O Espírito Santo, são duas palavras que exprimem o sopro de Deus, onde emana a vida na criatura humana, porque o Espírito de Deus, é um princípio activo, operando no mundo, executando a vontade de Deus, porque o Espírito, é Deus quem o dá (Sl 104,19.30;Nm 11,29;IS 42.1,5).
Na história da salvação, a igreja mais do que uma instituição cristianizada, é uma sociedade de homens instituída, é templo de Deus, habitação do Espírito, sopro divino, manifestamente assinalada na criação, nos profetas em Jesus Cristo, porque a sua igreja tem uma alma; essa alma é o Espírito Santo, e por isso, a igreja é sempre santa, não envelhece nunca, porque o Espírito, é um Deus sem rosto que habita na igreja e nos corações dos fiéis, como num templo.
O Espírito Santo, é indizível, (inexplicável) é familiar em nós, porque permanece connosco, explica Jesus (Jo.14,17) – Jesus promete aos seus seguidores que o Espírito Santo habitará neles, como guia para toda a verdade, e porque o Espírito é a memória de Jesus que continua sempre viva e presente na comunidade.
Falar do Espírito Santo, é necessário no campo da fé, aceitar a Sua indizibilidade, o Seu corpo inexprimível, secreto, o seu modo de viandante que não se sabe “donde vem nem para onde vai”.
“Conduz a igreja a toda a verdade, (Jo 16.13), unifica-a na comunhão e no ministério, munindo-a e dirigindo-a nos diversos dons hierárquicos e carismáticos, e adorna-a com seus frutos, (Ef 4,11-12) reunindo o seu povo na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”(Lumen Gentium 4)”, (Luz dos Povos ou Nações).
Segundo os Evangelhos, o Espírito Santo, faz de Jesus o Filho de Deus pela sua concepção no seio da Virgem Maria, é por isso, que na iconografia do anúncio através do anjo Gabriel, está mencionada a presença da descida do Espírito Santo.
O Espírito Santo, é anúncio, daí a importância do momento de participação e presença de Maria entre os apóstolos quando reunidos no cenáculo.
A Terceira pessoa da Trindade de Deus, exprime a união do Pai e do Filho, e os discípulos de Cristo, receberam o Espírito Santo no Pentecostes, e os batizados católicos e ortodoxos, recebem-no através do sacramento da água do baptismo, confirmação para os primeiros, e no crisma, para os segundos, porque ambos os sacramentos, celebram a pertença da pessoa à igreja.
Na bênção da água batismal, o Espírito de Deus, é levado sobre as águas, para que a natureza da água, receba o poder santificador.
O Divino Espírito Santo, é geralmente representado no Ocidente e Oriente por uma pomba, por uma nuvem luminosa no momento da transfiguração no Tabor, ou por línguas de fogo no Pentecostes.
Nos profetas Jeremias e Ezequiel, (antigo testamento), é um sopro de santidade que Deus dá ao homem para que participe na santidade divina.
A utilização dos termos para designar Espírito, o hebraico Ruah, o grego Pneuma, o latino Spiritus, evocam a respiração e o vento, preenchendo a ideia de sopro, hálito, brisa, presença que se expande de modo irresistível, identificando-se com a poderosa intervenção de Deus na história.
O Espírito Santo, suscita homens de acção e responsabilidade política (juízes e reis), homens da palavra e da revelação (os profetas), para acompanhar o destino do seu povo como princípio de vida interior, capaz de protagonizar no homem a transformação ética de atitudes, não por qualquer determinismo exterior, mas por tocar a verdade do coração. (salmo 12, 13)
No (Cap.37,1-14) o Profeta Ezequiel, explica o uso das palavras “vento, sopro, espírito”, mas com três significados diferentes, porque a língua hebraica, tem apenas uma palavra para indicar os três significados: é, Ruah. O “poderoso vento que soprava sobre as águas” na criação (Gn 1,2), é Ruah. O “sopro da vida” que Deus sopra sobre a argila inerte do primeiro homem (Gn2,7); é Ruah. O “espírito que o Senhor Fez irromper sobre David”quando estava a ser ungido (1 SM 16,13).
A unção de David, serve de contraste, e salienta que Deus não age segundo critérios humanos, mas sim, no uso de uma verdadeira fé ao cumprimento integral do projeto de Deus, e não em actos religiosos que possam comprometer.
Todos estes significados da palavra Ruah são invocados, e Ezequiel grita “Eis o que diz o Senhor; Vem dos quatro ventos, ó Espírito, e respira sobre estes mortos para que possam voltar à vida”.
Na visão do profeta, os ossos espalhados pelo campo de batalha, são o povo exilado de Deus, que experienciou a “morte através da derrota e da humilhação”. Deus promete que o espírito Ruah divino, haverá de trazer de volta, do cativeiro, o povo e restaurar-lhe a terra”.
O O conceito de Espírito no novo testamento, tem uma certa ambiguidade hermenêutica/interpretação, consequência da indizibilidade (inexplicável) do Espírito e do recurso permanente a uma linguagem simbólica.
Na relação original entre o Espírito Santo e Jesus Cristo, reside não só o esclarecimento da identidade e da missão messiânicas, como da natureza e da ação do próprio Espírito Santo.
“A igreja, é um acontecimento do Espírito Santo, é compreender que o Espírito Santo não é apenas protagonista dos Actos dos Apóstolos, mas é o verdadeiro protagonismo de todos os actos cristãos; é aceitar a fecundidade que transborda o amor ágil, sabedoria iluminadora, e extraordinário navegador da história, aquele que nunca cessou de abrir novos mundos ao mundo.” Cardeal Tolentino”.
“A Igreja, é o navio que navega bem neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas da cruz do Senhor plenamente desfraldadas.” Santo Agostinho.
Na liturgia do Divino Espírito Santo, a atenção dos fiéis centra-se no acto da coroação aquando da invocação, do Veni Creator Spiritus, hino, cantado no modo gregoriano, da autoria do monge beneditino Mauro Rábano, nomeado em 822, Séc. IX, para do mosteiro de Fulda.
O povo ilhéu... açoriano, martirizado com catástrofes e sucedâneos cataclismos, move no seu pensamento crente o espírito de Deus na fé, e agradecidos, invocam o divino Espírito Santo, rezando e implorando com caridade o hino da suada igreja intitulado de: HYMNO Do ESPÍRITO SANTO, que abaixo se cita, na sua original composição poética e de crença inspirativa de Deus. (versão popular)
Pena, não serem cantadas até ao final todas as estrofes, que são de uma dimensão e riqueza espiritual bem enquadrada no Pentecostes, porque versa o tempo da colheita e da partilha.
Hino do Espírito Santo
1-Alva pomba que meiga aparecestes
Ao Messias no Rio Jordão
Estendei vossas azas celestes
Sobre os povos do Orbe Cristão.
Coro/ Refrão
Vinde, oh! Vinde entre nuvens de glória.
Entre os Anjos e bênçãos de d’amor!
Entre os cantos de eterna victória
Que os querubins vos elevam Senhor!
2- Quem ao pobre seus braços estende
Que lhe veste seus ombros tão nús,
Achará que tudo isto só tende
Para glória e honra da Cruz!
Coro/ Refrão
3-Ofertai as mais belas oferendas
Ofertai-as em nome de Deus
Colhereis lá um dia mil prendas,
Quando entrardes no Reino dos Ceos.
Coro/ Refrão
4-Semeando vosso ouro entre os pobres
A colheita no Ceo a fareis!
O triunfo d’esforços tão nobres
Só no seio de Deus achareis
Coro/ Refrão
5-Vinde irmãos, vinde todos contritos
Uma esmola d’amor ofertar!
É dever consolar os aflitos,
E a fome do pobre matar!
Coro/Refrão
6-Trago rosas e ramos de louro
Quem esmola melhor não tiver,
Assim mesmo oferece um tesouro!
Ganhará o Brazão d’esmoler!
Coro/Refrão
Letra de: Luís Filipe Leite
Música de: Jacinto Ignacio Cabral
Autor- 1852
José Gaipo *