No início do século passado, a juventude Faialense foi atraída para a prática desportiva pela maneira como os ingleses, que ali trabalhavam na empresa de cabos submarinos (Marconi), interpretavam o fenómeno desportivo. A integração progressiva no football association, naquele tempo, conduziu à fundação do primeiro clube açoriano(2.Fev.1909), o Fayal Sport Club. Contudo, a inexistência de um quadro competitivo face ao aumento do número de praticantes levou a que fôssem fundadas mais duas colectividades desportivas. O Angústias Atlético Club (6.Jan.1923) e, em 28.Maio, do mesmo ano, o Sporting Clube da Horta.
Mais tarde, os estudantes do ensino preparatório e secundário, nas aulas de Educação Física, começaram a beneficiar do ensino-aprendizagem de outras modalidades desportivas, que também se tornaram extensivas às meninas. Os clubes, por sua vez, foram aderindo aos novos desportos e, deste modo, cativando mais praticantes jovens, de ambos os sexos. Foi neste contexto que a Maria Manuela Menezes da Rosa, nascida na freguesia da Matriz (início da década de 60)foi educada. Praticou diversos desportos, nomeadamente o atletismo (lançamento do peso), ténis de mesa e basquetebol. Porém, o basquetebol era a sua paixão, uma vez que, associava a prática desportiva ao convívio e amizade que mantinha com as colegas da equipa da Escola Secundária.
Entretanto, fez parte de uma equipa do Fayal Sport Clube com a Ana Gonçalves, Vanda Tomás, Manuela Bairos, Paula Lemos, entre outras, que deixou boas recordações no desporto faialense, pelo bom nível técnico e competitivo que apresentava para a época. Em representação do FSC participou em torneios regionais e no intercâmbio desportivo com o Clube Amigos do Basquete do Funchal.
Concluído o ensino secundário, embora a enfermagem fosse a sua paixão, a Manuela Menezes resolveu entrar no mercado de trabalho como funcionária bancária na Caixa Económica Faialense. Posteriormente, a instituição bancária foi extinta e a Manuela passou a exercer funções no Banco Comercial dos Açores. Começou a trabalhar na agência de Angra do Heroísmo e, na primeira oportunidade, foi transferida para a delegação da Horta. A sua actividade profissional nunca foi impedimento da sua ligação a outras actividades de carácter social, tendo sido membro activo da Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa do Faial.
Após o término da sua prática desportiva, manteve contacto com as modalidades de basquetebol e de ginástica, participando nas equipas técnicas responsáveis pela formação desportiva do Fayal Sport Club, assumindo a função de coordenadora das respectivas secções. A partir de então e face ao seu entusiasmo, dedicação e carinho pelo clube, bem como ao historial da sua família na colectividade, passou a fazer parte da equipa de dirigentes. Inicialmente no cargo de Vice Presidente da direção, liderada por Tomás Rocha tendo, de seguida, assumido a Presidência do FSC, durante dois anos. Foi uma conquista importante na história do desporto açoriano, por ter sido a primeira mulher a exercer as funções de Presidente num prestigiado clube desportivo e, ainda por cima, no mais antigo clube desportivo dos Açores.
A Manuela Menezes foi sempre uma pessoa conhecida pela sua boa disposição, simpatia e afectividade. Para além de ser uma apaixonada por desporto, também gostava de motas e tinha uma atração especial pela pesca. Enquanto dirigente do Fayal Sport Club, as instalações desportivas do clube estiveram sempre disponíveis para a realização de torneios de ilha, provas regionais, Jogos Juvenis e Desportivos Açorianos, Jogos Juvenis Insulares: Açores-Madeira, Jogos do Atlântico: Açores-Canárias-Madeira e diversas competições nacionais. O contributo prestado ao desenvolvimento desportivo açoriano foi uma constante. O próprio Comité Olímpico de Portugal reconheceu, no devido momento, o trabalho desenvolvido pela Manuela Menezes. No entanto, existem diversas instituições açorianas que se esqueceram de prestar a devida homenagem a esta Grande Senhora do Desporto Açoriano.
Até Sempre Manuela Menezes.
Eduardo Monteiro *