Maria Elvira Machado de Melo lança a suas memórias aos 91 anos
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- Publicado em 06-07-2018
- Escrito por Olivéria Santos
Aos 91 anos, Maria Elvira Machado de Melo, natural da Ribeira Seca, concelho da Ribeira Grande, lança hoje, no Teatro Ribeiragrandense, pelas 20h00, o seu primeiro livro, intitulado “As minhas memórias”. Professora durante 43 anos, Maria Elvira ainda hoje dá explicações em casa e, em alguns casos, de forma gratuita, pois o amor pelo ensino e pela Matemática é, como diz, o segredo para a sua longevidade.
Diário dos Açores – Como surgiu a ideia de lançar um livro?
Maria Elvira Melo – Nunca pensei em escrever um livro, porque toda a minha vida esteve à volta da Matemática. Certo dia, durante as minhas leituras diárias aos jornais vi que um senhor da ilha Terceira tinha lançado um livro e foi nessa altura que fiquei com isso na ideia. Pensei que eu também que tinha tanto para contar da minha vida, porque não haveria de escrever um livro? Naquele mesmo instante, há quatro anos atrás, comecei a escrever aos poucos e um amigo meu, o José Maria Teixeira, passava para o computador os meus escritos.
Entretanto, como fiquei doente, a escrita ficou parada e arrumei numa gaveta o que já tinha feito.
Recentemente, a mãe do presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, numa das suas deslocações a minha casa, viu aquele trabalho e perguntou o que era. Eu respondi que seria algo para ser publicado quando eu morresse, mas ela de imediato disse que não e que ia avançar com este projecto o quanto antes. E assim foi! Na Câmara Municipal consideraram o que tinha escrito muito interessante, principalmente porque tem muita história, e assumiram a publicação do livro, sem qualquer despesa para mim.
Desde então tem sido uma roda viva.
Do que fala o livro “As minhas memórias”?
MEM – Da minha vida desde os cinco anos de idade até à presente data. Das escolas por onde passei, das várias formas de ensino, do muito trabalho que realizei em muitas escolas, ora no ensino primário, ora no preparatório ou ainda no Colégio Ribeiragrandense.
Eu tive uma altura em que trabalhava nestes três sítios ao mesmo tempo. Havia dias em que eu começava às 08h00 e só terminava às 23h00.
Dedicou toda a sua vida ao ensino. É um amor para toda a vida?
MEM – O meu método de ensino é muito diferente porque quando ensino o que quer que seja faço-o de uma forma já concretizada. Vou esmiuçando a matéria de maneira a que os meus alunos comecem a aprender primeiro o que é mais simples e, depois, aos poucos, vou introduzindo as dificuldades.
Sempre tive alunos de Matemática primorosos. Toda a gente sabia Matemática comigo.
Foi só professora de Matemática?
MEM – Fui professora de tudo! Ensinei física, química, etc. Cheguei também a ensinar os jovens que tinham ido para a guerra e que quando voltaram tinham a vertente das letras, mas faltava-lhes as ciências. Naquela altura eu dei aulas a um grupo grande de rapazes que tinha voltado da guerra, mas também a outras pessoas que tinham deixado de estudar. Eu dei tudo o que havia para dar ao nível do 5º ano de escolaridade.
Até cheguei a dar também desenho. Aliás tenho muitas pinturas feitas por mim e que vão ilustrar o meu livro que tem cerca de 200 páginas.
Como acha que a sociedade vai acolher o seu livro, em particular na Ribeira Grande?
MEM – Sou uma pessoa muito conhecida e muitos dos meus alunos, hoje são homens e mulheres formados e todos eles são meus amigos até aos dias de hoje. Por exemplo posso falar no engenheiro Vieira que foi meu aluno durante cinco anos e será ele quem vai apresentar este livro. Foi também ele, a meu pedido, quem fez o desenho da capa do meu livro que ficou muito engraçado e é sobre Matemática.
Eu fui professora dele, da mãe, da esposa e dos seus cinco filhos. É a casa onde tive mais alunos (risos).
Ainda ensina?
MEM – Sim, ainda ensino em casa. Dou explicações em casa de Matemática. Algumas vezes as explicações nem são pagas, quem pode pagar, paga, mas quem não pode, não paga. E isso ajuda-me a viver. Eu tive um aluno que não sabia nada de Matemática, ele foi aprendendo, foi passando nesta disciplina, foi sempre subindo as notas até que ao chegar ao 9º ano ele já apanhava notas na ordem dos 90%. Ele acabou por ser o melhor aluno do secundário da Ribeira Grande. Isso acontece porque eu acabo por perceber onde o aluno tem mais dificuldades e é isso que trabalho com eles. Muitas vezes os alunos esquecem e nós ajudamos a que eles se recordem, ou então, simplesmente, não lhes ensinaram. Hoje em dia há quem saia da 4ª classe sem saber nada…
Hoje em dia o ensino está muito diferente?
MEM – Muito! Antigamente começávamos a ensinar e, a partir de Janeiro/Fevereiro, as crianças já sabiam ler correctamente. Hoje, no primeiro ano, as crianças nem sabem os dígrafos. O mesmo se aplica à Matemática. Tenho crianças a quem dei explicações de Matemática que, num problema, nem sabiam que tipo de operação deveriam usar, se era soma, multiplicação ou divisão. Eu pergunto-me como é possível que isso aconteça? A Matemática começa na primeira classe, mas concretizada. Se assim não for, não se aprende Matemática. E a concretização parte sempre de um problema, sendo que cada operação vem de um problema. Por exemplo, dizer 5-2 a uma criança se calhar não lhe diz nada, mas já se eu disser tenho 5 laranjas e vou comer duas, quantas ficam?, a criança já vai perceber melhor, ou seja é a Matemática concretizável. Hoje a maneira de ensinar está muito diferente.
Qual o segredo para a sua longevidade?
MEM – O muito trabalhar. No início da minha carreira andava muito a pé, porque não tinha carro e trabalhava todo o dia! Hoje me dia, em casa, sou eu que ainda faço tudo: a minha comida, a minha roupa e trato da casa, à excepção de um dia por semana, que é quando tenho uma empregada.
Ainda tenho tempo para os meus livros, ler o jornal, jogar sudoku e ainda enviar e-mails. Mas essa parte é recente. Só há uns dois/três anos é que adquiri um tablet, porque eu não queria um computador, porque eram muito grandes e na minha casa não dava jeito ter um.
Sempre fui uma pessoa muito ocupada, até costura faço.
Como foi o seu percurso estudantil?
MEM - Eu fui para a escola com cinco anos para fazer companhia à minha irmã que não queria ir sozinha, e aos sete anos, quando entrei para o 1º ano, eu já sabia resolver problemas, fazer leituras, história… eu já sabia tudo porque fui aprendendo ali caladinha ao ver a professora a ensinar aos outros.
Quando entrei para a escola eu já andava com um ponteiro a ensinar reduções à 3ª classe. Eu sabia aquilo tudo! Como a professora viu que eu já sabia, passou-me para a 2ª classe. Entretanto, veio uma outra professora que passou-me de vez para a 3ª classe.
Depois fiz a 4ª classe, com distinção, mas como não havia dinheiro, para eu continuar a estudar, porque o meu pai era lavrador, a minha mãe doméstica e como éramos oito filhos, acabei por ir para a costura.
Mas a costura dava-me dores nas costas por causa da posição e eu tinha vontade de aprender mais.
Entretanto, a minha professora acabou por ir-me convidar a ajudá-la. Nesta altura eu tinha apenas 12 anos, mas já era professora. Eu tomava conta de uma turma e ela de outra. Ela gostava muito que eu desse Matemática, porque eu inventava e ensinava problemas.
Depois de estar a dar aulas durante três anos, surgiu a hipótese de eu ser regente escolar, mas eu tinha que ter 18 anos. Então acabei por ir fazer um exame de admissão, e quando atingi os 18 anos já tinha o 3º ano. Pedi à minha mãe para me deixar continuar a estudar e acabei por ir para o Liceu de Ponta Delgada onde fiquei em casa da mãe da minha professora a viver. Aí, fiz os meus estudos até ao 6º ano.
No liceu fiquei amiga de Antonieta Pimentel e como ela sabia que eu queria ir para o 7º ano, íamos as duas à noite estudar juntas, enquanto durante o dia estava no 1º ano do Magistério Primário. Novamente fiz mais dois anos num.
Nessa altura um professor de Matemática que estava no liceu também me ajudou. Na única hora que eu tinha disponível ele ensinava-me a matéria da semana. Em seguida fui fazer exame e tirei 17 valores. Mas eu também não esqueço o retumbante chumbo que apanhei em biologia, quando tirei seis valores. Um valor que nunca tinha tido na minha vida, mas como eu não tinha livros, era mais difícil estudar a matéria.
Fui para casa, decidi ir fazer a segunda época, nunca deixei de estudar e tirei 14 valores.
Esse mesmo professor queria levar-me para o Porto para eu poder ir à Universidade. Na altura pedi aos meus pais, mas eles não deixaram e eu acabei por ir para o Magistério.
Em que escolas leccionou?
MEM - Depois de estar no Magistério fui para a escola na Ribeira Seca da Ribeira Grande, também passei pela Lombinha da Maia, depois estive no Pico da Pedra e, em seguida, fui para a Ribeirinha. Estive oito anos na Ribeira Grande. Aos 28 anos, quando estava no Pico da Pedra recebi o convite para ser professora no Colégio Ribeiragrandense. Nessa altura, estava em dois lados, na escola e no colégio. Como tinha que ter um diploma para poder leccionar, tive que ir a Lisboa, ao Liceu Pedro Nunes, durante três semanas, para poder ter este diploma.
Depois de já ter o diploma, entrei então no ciclo preparatório nos anos 73/74, ao mesmo tempo que estava no colégio, e à noite ainda dava explicações em casa. Também cheguei a leccionar ensino secundário a quatro turmas, mas nesta altura já não estava no colégio.
Sente orgulho do seu percurso e da sua carreira?
MEM – Sim, muito, principalmente porque fazia o que gostava. Aos cinco anos, nas minhas brincadeiras, eu já fingia que era professora e os meus irmãos e vizinhos eram os meus alunos. Essa vontade de ser professora nasceu comigo. E quando gostamos do que fazemos, conseguimos transmitir isso aos nossos alunos. Se um professor não gosta do que faz, isso reflecte-se nos alunos. Há quem torça o nariz quando se fala em Matemática, mas para mim a Matemática é linda!
Ao longo destes 43 anos de carreira tive muitos alunos, alguns deles são hoje padres, engenheiros, médicos, advogados, e até uma juíza que está em Ponta Delgada também foi minha aluna.
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