A regra é básica, conhecida e aceite por todos: a democracia deve renovar-se, tal como o tecido social e as mentalidades que a servem. Quem não pensar assim, é porque não acompanhou os últimos vinte anos de democracia nos Açores, e os últimos oito anos no país. Não há como desvalorizar a necessidade do princípio da renovação das vontades e das mentalidades.
Uma governação que se sustente do mesmo partido durante demasiado tempo é a certidão de óbito de uma economia competitiva, empreendedora e criativa.
Por outro lado, a democracia também vive de impulsos que às vezes não controlamos. Se assim não fosse, atravessaríamos períodos monolíticos e sem variações que nos levaria à antecâmara do despotismo e da ditadura. É por isso que a democracia vive em perpétua mudança e deve respirar renovação. De vez em quando, são necessários novos ciclos e novas ideias, sendo que a consciência prevalecente é coletiva e é soberana. De nada adianta querermos impor a nossa convicção se não tivermos o apoio da maioria.
Dentro de dois meses cumprimos cinquenta anos de abril. Mas abril continua a ser uma utopia de esquerda que nos empobreceu. É utópico pensar que o país está bem, e por essa via o país precisa de uma nova oportunidade e de uma utopia mais realista. E o que é mesmo importante é ir votar e decidir um rumo para o futuro.
Luís Soares Almeida*
*Professor de Português
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