“Entrepostos da Lotaçor, na Região, sem uniformidade de critérios nos preços e nos serviços, evidenciam ausência de uma política transversal à Região”, acusam associações do sector
As associações Pão-do-Mar e Apasa estiveram reunidas em Ponta Delgada, onde foi discutido o preço do Bonit/Sklpjack para a safra de 2024 e a situação do sector.
Em nota de imprensa conjunta, enviada ao nosso jornal, as duas associções, Pão do Mar – Associação dos Industriais de Conservas de Peixe dos Açores e a APASA – Associação de produtores de Atum e Simililares dos Açores, consideram que “o actual momento é muito delicado quer para, a produção e para indústria, uma vez que os factores de produção subiram vertiginosamente de preço”. Referem ainda que “o incremento da inflação, motivado, entre outros, pela invasão russa na Ucrânia, determinou um aumento muito significativo dos custos com energia, combustíveis e matérias-primas industrais (designadamente azeite), o que inflige graves constrangimentos ao desempenho económico do sector. Vivemos dias difíceis para as empresas industriais”.
Em resposta a esta situação, o Governo da República e o da Região Autónoma da Madeira criaram dois apoios extraordinários à produção e à transformação, para mitigar os efeitos inflacionistas da guerra na Ucrânia. Já nos Açores, lamentavelmente, apenas foi criado um destes apoios, refere o comunicado, constituindo-se no agravamento da perda de competitividade do sector na Região.
Esta situação pressionou o preço do Bonito/Sklpjack, que na nova safra aumentou para 1,6 euros/Kg.
“Nos dois últimos anos o preço desta matéria-prima cresceu de 1,3 euros/Kg para 1,6 euros/kg, o que pode colocar em causa a competitividade da Indústria regional em mercados tradicionais e importantes para as exportações açorianas”.
As associações de produtores e industriais destacam a “lamentável falta de atenção do Governo Regional dos Açores a este sector que emprega largas centenas de pessoas e é responsável pela maior fatia da exportação de bens da Região, estando presente em mais de 30 peíses em todo o mundo”.
Este sector é também o principal cliente dos serviços prestados pela Lotaçor cujos preços praticados são incomparavelmente superiores (em cerca do dobro) aos da congénere madeirense, referem as associações subcritoras do comunicado.
“A Lotaçor cobra, taxas de descarga, pela congelação e pelo armazenamento (como a sua congénere da RAA da Madeira), mas acrescenta ainda custos adicionais pela utilização de empilhador; pela energia e pelo estacionamento.
A acrescer, nos vários entrepostos da Região, todos sob a égide da Lotaçor, não há uniformidade de critérios, nem em preços, nem nos serviços cujo pagamento acresce à congelação e/ou armazenamento, o que claramente evidencia ausência de uma política transversal à Região”.
As associações do sector, que representam centenas de postos de trabalho e grande parte das exportações regionais, reclamam maior atenção das autoridades regionais “no sentido de colocar fim à crescente perda de competitividade em relação aos concorrentes do continente e da Madeira, o que gradualmente vai contribuindo para a extinção de um sector de actividade de tradição e importância fundamentais para a economia açoriana”.