Dizem os cientistas mais otimistas, especialistas no assunto, que teremos cerca de 500 milhões de anos até à extinção de todos os sinais de vida no planeta que habitamos.
Por outro lado, a física moderna afirma de que o tempo não existe, que é apenas uma ilusão.
Pegando nestes dois pensamentos, percebo que as atitudes humanas sobre as ciências políticas, não teve grande evolução nos últimos mil anos. Terão ocorrido alterações ou mudanças, mas não evolução – no sentido progressivo do mesmo.
É que, para evoluir, acontecem as mudanças necessárias para melhor – sempre e sem nenhum retrocesso. A evolução, não é deixar de dormir num colchão de pedra e passar a dormir num de algodão. A evolução continua, do colchão de algodão, até ao dormir suspenso, sem precisar de colchão e não ficar por aí… chegar ao ponto de nem precisar de dar descanso ao corpo, nem precisar de dormir. Porque a dinâmica evolutiva não estagna.
As democracias foram criadas para que as sociedades possam viver e ter uma participação nas decisões que a elas próprias dizem respeito. Os meios de chegar até ao desejado, seriam arquitetados por uma casta de liderança, que em todos os casos sempre aproveita a vanguarda.
Baseada em princípios humanistas, a primazia dada aos humanos ficou plasmada numa convenção aceite por larga maioria, a Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas.
Mas antes disso, a revolução americana influenciou de sobremaneira todo o ocidente e principalmente a Europa: “A Guerra da Independência dos Estados Unidos é chamada de revolução por ter instituído, na Constituição de 1787, vigente até hoje, uma república federal, a soberania da nação e divisão tripartida dos poderes. Além disso, influenciou as revoluções liberais que aconteceriam na Europa, como a Revolução Francesa.”
Foram instituídas ideias de vanguarda pelo colono-revolucionário Thomas Jefferson, o principal autor da declaração de independência (1776) dos Estados Unidos. Jefferson foi um dos mais influentes “Founding Fathers/Pais Fundadores” da nação, conhecido pela sua promoção dos ideais do republicanismo. Visualizava o novo país como a força por trás de um grande “Império de Liberdade” que promoveria o republicanismo.
Entretanto, a França entrava numa ebulição revolucionária com o “Iluminismo” e as ideias filosóficas que sendo espalhadas desde a década de 1620, ponham em causa as monarquias absolutas e os dogmas da Igreja Católica e o seu poder político. A revolução francesa 1789-1799, veio acender um rastilho de Liberdade, Igualdade, Fraternidade, que fez tremer os alicerces de todas as monarquias europeias. Jamais seria igual e com o avançar dos calendários, os sistemas foram dando lugar a eleições, parlamentos representativos populares e todo o sistema que hoje vivemos.
No entanto e como parece que os séculos são cíclicos, os povos estão, novamente, a ficar cansados das tropelias dos responsáveis e líderes que nos últimos 30 anos entraram numa espiral abusiva dos cargos que representam. É cada vez maior a crítica à excessiva benevolência, a tolerância sem limites destas democracias fabricadas à medida dos que as legislam e delas se servem. O povo sente que lhe chamam de palhaço, quando é chamado apenas para dar a chancela a esses manipuladores da razão – oficializar-lhes o ato de melhor expandir as suas ambições pessoais. Legalizar todos os abusos, num lavar de consciência.
Com o cansaço popular vem a descrença no sistema e com ela a cada vez maior ausência nas urnas de voto, a abstenção, o desprezo pela retórica repetitiva, pelo vocabulário escolhido pelas empresas de aconselhamento e marketing político. O povo começa a ouvir outros. Os que se aproveitam desse contexto negativo, dando ao povo o que ele quer ouvir: Vocabulário desnudado, simples. Ataques abertos e mesquinhos aos escolhidos responsáveis pela situação e, mais que tudo, promessas, muitas promessas de que tudo vai mudar.
Novamente tudo começa na América, com a eleição de Donald Trump. As lideranças do resto do mundo tremem. Como podem os avançados americanos eleger alguém assim? Enquanto isto, na Europa, esta nova classe de líderes oportunistas alastra e os seus novos partidos políticos crescem rapidamente, tão rapidamente que os tradicionais ainda estão a pensar como combatê-los. E novamente a França lança a dianteira com as extremas-direitas. Neo-Ideólogos trumpistas, muitos deles a serem financeiramente ajudados pelo excêntrico multimilionário americano. Mesmo no pequeno retângulo lusitano, chegou o Chega, evadindo o parlamento com a mesma onda oportunista. A febre alastra como uma epidemia global e as democracias, com a sua casta tolerância, deixa-se estuprar, esventrar, estripar por esses candidatos a ditadores.
E a História repete-se… ciclicamente.
José Soares*