No passado dia 8 de julho, assinalou-se o centenário do nascimento do último bispo português de Macau, D. Arquimínio Rodrigues da Costa (1924 – 2016), uma figura incontornável da Igreja Católica e da diáspora portuguesa.
Natural da freguesia de São Mateus, no concelho de Madalena, na Ilha do Pico, o insigne açoriano partiu para Macau, antiga colónia portuguesa desde 1557 até 1999, no sudeste da China, no ocaso da década de 1930. Época em que ingressou no Seminário de São José, no âmbito do padroado português do Oriente, tendo em outubro de 1949 recebido a ordenação presbiteral.
Entre as décadas de 1950-60 concluiu o curso de direito canónico na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e exerceu as funções de professor e reitor do Seminário de São José, sendo que no ocaso dos anos 60 ensinou as disciplinas de filosofia e latim no Seminário de Aberdeen, em Hong Kong.
Em 1976, o Papa Paulo VI nomeou-o Bispo de Macau, sucedendo ao também açoriano D. Paulo José Tavares, tendo ao longo do seu múnus pastoral, que durou até 1988, revelado uma constante humildade e simplicidade, e sido capaz, entre outros, de solucionar problemas financeiros e administrativos da diocese; fundar cinco novos centros pastorais; estabelecer o Centro Diocesano dos Meios de Comunicação Social (CDMCS); e organizar a Associação das Escolas Católicas de Macau e a Associação das Religiosas de Macau.
A celebração do centenário do nascimento D. Arquimínio Rodrigues da Costa, impulsionou uma singela homenagem na freguesia onde nasceu, São Mateus, no concelho da Madalena. Torrão natal arquipelágico que visitara em 1953 e 1983, e no qual a partir de janeiro de 1989, já como bispo-emérito de Macau, fixou novamente residência e viria a falecer aos 92 anos de idade.
A efeméride, que computou uma cerimónia de descerramento de uma placa evocativa na casa onde nasceu, assim como uma missa, presidida pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, no Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso, e uma conferência de Manuel Goulart Serpa sobre a vida e obra do homenageado, impele-nos igualmente três importantes dimensões de análise no seio das comunidades lusas.
Desde logo, a importância e papel da diáspora açoriana, mais de 1,5 milhões de emigrantes e seus descendentes espalhados pelos quatro cantos do mundo. Uma indelével argamassa das comunidades portuguesas, que no caso de Macau, encerra a particularidade, como recordou o bispo de Angra, de «D. Arquimínio da Costa, com D. Manuel Bernardo de Sousa Enes, D. João Paulino de Azevedo e Castro, D. José da Costa Nunes e D. Paulo José Tavares, faz parte de um grupo de açorianos missionários do Oriente e que foram todos eles, Bispos de Macau».
Por outro lado, a efeméride ao revelar que no passado, mas também no presente e seguramente no futuro, a Igreja Católica desempenha um elo importante de identidade cultural e religiosa na diáspora lusa. Evidencia, nos mesmos moldes, que a comunidade portuguesa em Macau, é fundamental para o intercâmbio entre as culturas chinesa e portuguesa, assim como para adinamização da cultura lusófona no Oriente.
Daniel Bastos