O fim da SATA está bem perto; não tenham a menor dúvida que o único destino da SATA é o “fechar portas”.
A SATA entrou em rota de “fecho de portas” há cerca de 10 anos, quando iniciou o malfadado processo de substituição da frota dos A310. O processo foi tão mal conduzido e recheado de tantas decisões erradas, que levou ao recurso sistematizado e em larga escala do aluguer de aviões e respectivas tripulações, os tão famigerados ACMI’s.
Ora, os ACMI’s foram o início dos enormes prejuízos, pois além de serem mesmo muito caros, a SATA manteve os encargos salariais com os seus pilotos, que ficaram em casa, sem voar.
E desde aí, nunca mais a companhia conseguiu voltar aos lucros do passado. O passivo acumulado à data de hoje, levaria mais de 300 anos a anular, caso se voltassem aos resultados positivos apresentados até 2012.
A série de erros foi tão grande, desde administrações totalmente incompetentes, nomeadas pelas amizades políticas e não pela competência, até acordos celebrados com os sindicatos que fizeram disparar os custos salariais para o nível da completa insustentabilidade, que trouxe a ruína de uma das empresas mais importantes no panorama económico regional.
E por incrível que pareça, mesmo tendo mudado o governo, após 10 anos de uma tutela totalmente ruinosa da SATA, o desenrolar de disparates não parou.
Ainda recentemente a companhia anunciou o inicio de uma operação regular entre a Terceira e Nova Iorque durante a estação IATA de inverno.
Bem gostaria de saber quem foi o “iluminado” que tomou tal decisão, e quais as projecções de volumes de passageiros que o referido “iluminado” tomou como base para tão brilhante decisão.
Atrevo-me ainda a propor que emitam um empréstimo obrigacionista para financiar tal operação, propondo devolver o empréstimo acrescido de 80% dos lucros que venham a ser realizados, ou então que os subscritores tenham que pagar do seu bolso somente 10% dos prejuízos, caso a coisa não corra bem.
Tenho a certeza que ficaríamos surpreendidos, ou não, ao ver que o “iluminado” de quem emanou tal decisão e todos aqueles que se regozijaram publicamente com a mesma, não apareceriam para comprar nem um único cêntimo de tais obrigações.
A SATA chegou a 2024 totalmente falida, com um passivo acumulado incapacitante, com uma administração composta por incompetentes (outra coisa não se pode dizer, quando acham que conseguem encher os aviões durante um inverno inteiro e ligando a Terceira e Nova Iorque), com um carga salarial insustentável, fruto de acordos de empresa desajustados ao mercado actual da aviação e de um quadro de pessoal que deveria ser reduzido em, pelo menos, 40%.
E apesar de estar em pleno Plano de Reestruturação, ainda não houve a coragem para diminuir o excedente de pessoal, nem para suspender os acordos de empresa celebrados com os sindicatos; e continuam a fazer-se os erros do passado, de recorrerem a ACMI’s ruinosos e de permitirem a ingerência política em decisões meramente operacionais.
A SATA não está a fazer nenhuma reestruturação, continua a gastar o que não tem, permite que a política decida, em completa impunidade, como deve operar e continua sob a gestão de gente incompetente.
O único desfecho de todo este malfadado processo será, infelizmente e inevitavelmente, o “fecho de portas”, e para muito breve. Que nenhum açoriano tenha quaisquer ilusões sobre isto.
Nuno Ferreira Domingues*