Atualmente a tecnologia é uma presença na vida das famílias, tendo uma influência direta nos nossos comportamentos: na forma como comunicamos, aprendemos e como nos entretemos. É verdade que as crianças são expostas a algum dispositivo digital cada vez mais cedo, mas como é que este ambiente tecnológico pode afetar o seu desenvolvimento?
Como pais, educadores e membros da comunidade, somos desafiados a encontrar um equilíbrio entre os benefícios do uso dos dispositivos tecnológicos e os possíveis impactos negativos. A investigação científica confirma que a utilização prolongada e não supervisionada de uso de ecrãs em crianças tem um impacto negativo no seu desenvolvimento, nomeadamente nas competências cognitivas (atenção, concentração, memória, imaginação, compreensão e interpretação), nas competências emocionais e comportamentais (expressar e gerir emoções, em lidar com a frustração, ansiedade, agressividade, impacto na autoestima e bem-estar) e nas competências sociais (relação com os outros).
Além disso, há maior probabilidade de risco de obesidade e problemas relacionados com o sono. Importa também destacar que a exposição à utilização dos ecrãs e aos espaços digitais que as crianças e adolescentes frequentam podem também expô-los a alguns riscos, como o cyberbullying, desinformação e a conteúdos que incentivam comportamentos de risco.
Por outro lado, quando usado de forma moderada e supervisionada, os ecrãs oferecem benefícios: conteúdos educativos, aplicações interativas que podem estimular a aprendizagem, promover a criatividade e até facilitar a conexão social.
Para jovens que revelam dificuldades em estabelecer conexões presenciais, as redes sociais podem ser um espaço para encontrar apoio e expressar-se. Existem estratégias para promover a correta utilização das tecnologias que incluem estabelecer um plano familiar com regras sobre utilização (e.g. definir horários e tempos de ecrã), priorizar programas educativos, conversar com as crianças sobre os seus riscos e perigos, incentivar atividades em família tendo em conta os interesses das crianças, incentivar a atividade física no exterior, evitar uso de dispositivos antes de dormir, supervisionar a utilização de tecnologias, verificar se os videojogos são adequados para a idade e valorizar momentos familiares de interação e comunicação.
O uso consciente da tecnologia é essencial para garantir o desenvolvimento saudável das crianças.
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Fabiana Silva Gomes *
*Psicóloga Clínica, com intervenção na área da infância e adolescência.