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Peixe do meu quintal – As encruzilhadas da democracia

“Em paralelo, existe a informação de caráter especulativo, as fake news, divergente e orientada para atrair uma maior venda ou receção do produto. Esta classe de informação sempre existiu. Apenas os meios diferenciam. Com leitores cada vez mais letrados, a exigência de informação transparente e verdadeira será cada vez mais procurada.”

A crise que atravessa a Comunicação Social em todo o mundo deve-se, em grande parte, às modernas redes sociais, que vieram trazer ao cidadão comum a oportunidade democratizada de interferir e opinar sobre tudo o que esteja ao alcance dos seus dedos no teclado.
Aquando da expansão dos canais televisivos de notícias 24 horas e com a grande invasão de satélites direcionados para a informação, o mundo foi obrigado a critérios padronizados, que por sua vez obrigaram os governos a regularizar e filtrar o que se podia ou não difundir às massas, em nome dos mais diversos interesses regionais, locais, nacionais e até globais.
Nas diferentes perspetivas de cada país, o inevitável controlo de conteúdo passou a fazer parte das obrigações deontológicas dos profissionais da informação pública, com argumentos como a paz social, a estabilidade económica, todos os direitos individuais e coletivos convencionados internacionalmente, bem como o da ética da boa informação, tomando-se como base a verdade dos factos.
Em paralelo, existe a informação de caráter especulativo, as fake news, divergente e orientada para atrair uma maior venda ou receção do produto. Esta classe de informação sempre existiu. Apenas os meios diferenciam. Com leitores cada vez mais letrados, a exigência de informação transparente e verdadeira será cada vez mais procurada. O mesmo acontece com os livros.
Na segunda guerra mundial, Joseph Goebbels foi o grande panfletário do regime nazista. Ministro da Propaganda, teve um importante papel no insano plano de dominação de Hitler.
As instituições de vários quadrantes, ainda hoje se servem de múltiplos tipos de estratégia comunicativa para dominarem o seu público alvo. Na política como nas religiões, nas finanças como em toda a nossa vida quotidiana.
Mas a informação profissionalizada vai acabar por ser a única cuja fidelidade será apreciada pelos povos. Com o desenrolar da Inteligência Artificial e apesar dos temores de muitos, ela virá trazer benefícios ao recetor, à pessoa que exige ser bem informada, porque ela própria já terá atingido a maturidade intelectual de escolha criteriosa.
Não sendo fácil à mão humana escrever uma mensagem sem nela imprimir um critério personalizado, esta mesma IA ajudará na escolha de informações e será ela – a inteligência artificial – a padronizar os factos de forma fria, através da magia dos algoritmos.
As sociedades atravessam um importante período de transição, mas sempre foi assim em todos os contextos do passado histórico. A Humanidade adapta-se e evolui – ou transforma-se – para novas perspetivas de vida coletiva e individual.
Por estes dias vimos a transmissão global da tomada de posse do 47º presidente dos EUA, Donald Trump. Dado o interesse e espetativa gerada à volta desta polémica personagem e até pela importância e influência que a nação americana exerce no mundo atual, as cadeias televisivas do mundo transmitiram em direto toda a cerimónia com pompa e circunstância, repleta de rituais, de religiosidade, mas não deixou de ser uma notícia importante, cujo relato foi feito na íntegra. E segundo os números, esta transmissão gerou recordes de espetadores, mesmo nos adversários e inimigos de Trump. Foi assim prestado um serviço útil a todos pela comunicação social. Isto apesar de Donald Trump se ter servido das redes sociais para a sua campanha e propaganda, muitas vezes repleta de inverdades e promessas impossíveis.
A vitória desta personagem, bem como de outras congéneres, é o resultado dos vários pecados democráticos cometidos ao longo das últimas décadas. O apelo ao retorno das conceções tradicionais de moral, virtude, reposição da Justiça, nacionalismo, etc, são o resultado de uma excessiva condescendência das democracias modernas que, na sua aplicação de direitos, atropelando os deveres, socializando ao extremo as mentes mais desprevenidas, levaram ao cansaço do povo. No seu entender, os políticos aceleram demais as causas que, só eles políticos, entendem impingir aos povos, sem nenhuma ausculta. Os resultados estão por todo o lado e em Portugal, como nos Açores, o partido Chega é um desses resultados.
Num mundo de ilusões, a Verdade é a notícia mais revolucionária.
Os recuos democráticos a que assistimos atualmente, serão repescados dentro de poucos anos, após a reposição que virá através da informação séria, honesta, mas acima de tudo, transparente.

José Soares

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