Como todos sabem, faleceu no último domingo, em Ponta Delgada, aos 93 anos de idade, Monsenhor dr. Weber Machado Pereira, mais conhecido como o “pai dos pobres”.
Sacerdote, professor, homem de Cultura, escritor, colaborador de jornais e democrata, a vida do “padre Weber”, como era mais conhecido, foi sempre pautada pela defesa e pelo apoio aos mais frágeis da sociedade, através da Cáritas e de outras instituições.
Era vê-lo com frequência transportando alimentos para os mais pobres, sempre no silêncio, usando o seu próprio dinheiro também.
Nunca se encostou aos poderes, nem antes nem depois da instauração da democracia em Portugal. De resto, assumiu-se sempre como um opositor ao regime salazarista do Estado Novo. Se era mal visto pelo poder de então, a verdade é que também no interior da própria Igreja Católica, por vezes, foi encarado com desconfiança e indiferença.
Os pobres, os verdadeiramente pobres, que ainda existem nos Açores, principalmente na ilha de São Miguel, vão sentir a falta do “padre Weber”, que muito fez por eles, numa solidariedade e numa generosidade sem limites, durante longas décadas.
Conheci pessoalmente Monsenhor dr. Weber Machado Pereira e tive o privilégio de ser seu amigo desde o tempo em que fui redactor no Correio dos Açores, em que ele era colaborador, versando quase sempre questões sociais e apelando às autoridades por maior apoio aos mais vulneráveis da sociedade.
Amigo de muitos, eu diria que Monsenhor Weber Machado Pereira teve um Amigo muito especial, precisamente o jornalista e igualmente homem de Cultura José Manuel Santos Narciso. Com alguma frequência, Weber Machado Pereira visitava Santos Narciso na sua residência, na Calheta, em Ponta Delgada, onde era acolhido com grande amizade e não menor consideração. Unia-os o Catolicismo, a Cultura e a vontade de lutar por uma sociedade mais fraterna e mais justa.
Embora com este limitado texto, presto à ilustre memória do “padre Weber” o preito da minha mais sincera admiração. Ele será sempre recordado como um notável servidor da Igreja Católica e um grande açoriano, que amou esta terra e abraçou sempre a causa dos mais esquecidos da sociedade. Deixa, pois, um importante exemplo e uma relevante obra, que oxalá inspirem a sociedade em geral.
Tomás Quental Mota Vieira