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Uma visão realista da educação física e do desporto escolar

“No ensino desportivo, quanto melhor for a aquisição dos gestos técnico-desportivos, melhor será a aprendizagem, integração e desempenho dos alunos nos jogos das diferentes modalidades desportivas.”

O Desporto regional deve ter como base de suporte um percurso saudável na educação psicomotora, um eficiente ensino-desportivo, um resiliente aperfeiçoamento técnico-desportivo e uma consequente especialização no topo do percurso contínuo de valorização desportiva. A generalidade dos pais e educadores entende que a escola é o local privilegiado para a educação desportiva das crianças. Se o acesso às escolas é gratuito e obrigatório, então as do primeiro ciclo devem ser o espaço apropriado para o desenvolvimento motor das crianças açorianas. A aprendizagem inicial deve ser baseada num diversificado conjunto de actividades de expressão motora, quer dizer, manipulações diversas; corridas, saltos e lançamentos; jogos pré-desportivos; patinagem e natação. Os professores, por sua vez, possuem os conhecimentos necessários para trabalhar nestes graus de ensino e até já existem licenciados em motricidade infantil para coordenar e orientar as actividades psico-motoras. No entanto, ainda verificamos que as crianças passam mais tempo sentadas do que em movimento na sua permanência na escola. A obesidade infantil é a prova disso. Para se alterar esta situação, é importante a participação diária em actividades motoras para compensar a inactividade e combater a obesidade.

Ensino Desportivo
Quando as crianças transitam para o 5º e 6º ano já devem possuir um desenvolvimento motor adequado à aprendizagem de diversos jogos desportivos individuais e colectivos, selecionados em função das instalações desportivas existentes. Neste contexto, as actividades do desporto escolar devem ser obrigatórias e o número de horas destinadas à disciplina de educação física (ensino desportivo) e do desporto escolar (torneios internos) devem passar para 6 horas semanais. Uma alteração que provocaria um maior enriquecimento técnico-desportivo dos alunos na prática desportiva. Esta etapa da formação desportiva é fundamental na valorização dos alunos. O ensino-aprendizagem de diversos desportos individuais e colectivos distribuídos por ciclos trimestrais é aconselhável. No ensino desportivo, quanto melhor for a aquisição dos gestos técnico-desportivos, melhor será a aprendizagem, integração e desempenho dos alunos nos jogos das diferentes modalidades desportivas. Concentrar o ensino desportivo (nestas idades) numa só modalidade é entrar na especialização desportiva precoce e retirar aos jovens as suas próprias opções de escolha no percurso desportivo em que se sintam mais à vontade face às vivências que progressivamente vão adquirindo. Os Jogos Desportivos Escolares quando foram criados na década de 80 tinham como principal objectivo o cumprimento do programa e o intercâmbio desportivo entre os alunos das Escolas Preparatórias (5º e 6º anos), a nível local e inter ilhas, como ponto alto das actividades curriculares da disciplina de educação física.

Aperfeiçoamento desportivo
As aulas dos alunos do 7º, 8º e 9º anos, deverão ser dedicadas ao aperfeiçoamento desportivo num desporto individual e outro colectivo. Assim, os alunos serão encaminhados para os centros de aperfeiçoamento (instalação desportiva apropriada) nas modalidades de opção (6 horas semanais de treino), divididos por 3 dias por semana. As actividades do desporto escolar devem ser efectuadas ao longo de todo o ano lectivo, não só a nível interno como também entre escolas vizinhas. Nestes escalões etários a inscrição dos alunos no Clube Desportivo Escolar é importante na medida em que pode miniciar a sua participação nas competições escolares ou federadas. Se já estiverem inscritos em clubes federados podem continuar a sua actividade nesses clubes beneficiando, de igual modo, das aulas de aperfeiçoamento desportivo na escola. As competições regulares do desporto escolar, seja a que nível for, devem ser destinadas, preferencialmente, aos alunos que não são praticantes federados. Estas provas devem ter como principal objectivo a integração progressiva dos praticantes desportivos escolares em quadros competitivos intermédios que os valorizem e os motivem para a continuação da prática desportiva regular.

Especialização desportiva
Os jovens que frequentam os derradeiros anos do ensino secundário são normalmente confrontados com situações difíceis de prática desportiva. Se estão inseridos em clubes desportivos com acentuada participação em competições desportivas federadas a sua melhor opção é continuar a treinar todos os dias e participar aos fins de semana nos quadros competitivos que esse compromisso implica. Trata-se de uma especialização desportiva que requer bastante esforço e conjugação de tarefas nem sempre fáceis de cumprir (transportes, treinos, alimentação, descanso, estudo, aulas) e que não estão ao alcance de todos. Os que não pretendem entrar na especialização desportiva, podem e devem frequentar as aulas curriculares de EF, optando por actividades desportivas recreativas, de manutenção da condição física através de corrida diária, frequência de ginásios, aulas de natação, umas futeboladas com os colegas. As nossas pernas são o nosso segundo coração. Estão entregues a si próprios. Se forem fumadores, andarem nos copos ou envolvidos em drogas escolheram o caminho errado. O melhor que podem fazer é arranjar outros amigos e escolher uma actividade saudável.

A interligação do desporto escolar e o associativismo desportivo.
Os Açores pela sua descontinuidade territorial (9 ilhas) e dispersão das suas comunidades, apresenta uma enorme falta de resposta do associativismo desportivo. Essa lacuna tem sido progressivamente colmatada com a criação dos clubes desportivos escolares nas escolas secundárias nas ilhas ou concelhos onde não existem associações desportivas federadas. Assim, o aparecimento dos CDE têm sido uma excelente oportunidade de participação dos alunos em competições desportivas mais evoluídas. Por outro lado, o CDE tem desempenhado uma função importante no aperfeiçoamento desportivo dos alunos através do desporto escolar e igualmente na especialização dos mais velhos com a participação em provas federadas. Se não me engano, o primeiro CDE nos Açores foi fundado na Escola Secundária de S. Roque do Pico (15 Janeiro 1991), pelo professor José Xavier Ávila que integrou a nossa equipa de trabalho no período (82/89) na DREFD. O planeamento das actividades anuais do desporto escolar e federado deve ser equacionado no sentido de abranger o maior número possível de praticantes e uma boa rentabilização das instalações desportivas disponíveis. Esta conjugação de esforços conduz certamente a uma melhoria na formação desportiva e valorização pessoal dos estudantes/atletas que merecem todo o apoio das suas escolas e das respectivas comunidades.

Eduardo Monteiro

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