A Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) manifestou ontem a sua “profunda preocupação com a tipologia de gestão que está a ser feita na companhia SATA, em particular na SATA Air Açores”.
Em comunicado divulgado à comunicação social, a CCAH, presidida por Marcos Couto, diz que, “depois de um ano de 2024 em que a mobilidade inter-ilhas de todos os Açorianos foi amplamente prejudicada, avizinha-se um 2025 absolutamente dramático a este nível. Isto resulta essencialmente de dois fatores: o crescente centralismo de todas as ligações em Ponta Delgada e o cancelamento do aluguer da aeronave Dash Q400”.
“Neste momento é extremamente difícil ir de uma ilha para outra, sem que tenhamos de nos deslocar a Ponta Delgada, com todos os custos operacionais (combustível, tripulação, horas de voo, etc…) que esta opção acarreta. Além disso, o mais grave é a total incapacidade de escoar todos os passageiros a partir deste ponto para todas as ilhas dos Açores”, acrescenta.
Para a CCIAH, “a SATA Air Açores, fruto da sua gestão incompetente e cedência a lobbys internos, aos quais não tem coragem de se impor, está a prejudicar, em primeiro lugar, a economia de São Miguel, que vê o seu aeroporto esgotar a sua capacidade com claros prejuízos para o seu tecido empresarial; e depois, afeta o desenvolvimento das restantes ilhas que veem o acesso às mesmas bloqueadas pela postura bairrista e centralista desta gestão”.
“Não nos podemos esquecer que foi uma opção do Governo, acionista maioritário da companhia, o fim das ligações marítimas inter-ilhas. Pois bem, é obrigação do mesmo dar indicações para que a companhia tome as medidas de descentralização da sua operação, capitalizando todas as gateways que existem e, deste modo, assegure a mobilidade inter-ilhas dos açorianos. Este assunto revela especial importância no quadro regional atendendo a que o avião é o único meio de transporte que os açorianos têm ao seu dispor para se deslocarem entre as ilhas o que muito se fica a dever à ausência de um modelo de transporte marítimo de passageiros”, acusa ainda a organização dos empresários terceirenses.
“Por outro lado, a incapacidade de gestão fica também patente no recente anúncio de perda do “aluguer” do Dash Q400, cabalmente reveladora da falta de confiança que os agentes externos têm na empresa. Esta postura centralista que intensifica os custos de operação fica bem patente na intenção de retirada do avião que pernoita na Ilha Terceira, medida essa que está incluída nas medidas apresentadas, sob o item, “otimização da operação”, sublinha o comunicado.
“Porém, em vez de descentralizar, poupando recursos humanos e operacionais, a companhia continua na sua cavalgada centralizadora com o inerente aumento de custos que a levará, tal como aconteceu com a Azores Airlines, à falência anunciada. Esta afirmação é plenamente consubstanciada no facto de o valor de 10M de euros atribuídos como compensação da Tarifa Açores já não ser suficiente para cobrir os custos operacionais. A CCIAH repudia esta gestão absolutamente desastrosa do ponto de vista económico e financeiro da companhia”, lê-se no documento.
E conclui: “Manifestamos, assim, a nossa genuína preocupação com estas atitudes, fomentadas pela entidade que maior responsabilidade tem em unir os Açorianos, que acabam por contribuir para o crescimento dos sentimentos de revolta das populações, divisionismo e desunião entre os Açorianos, e para o aprofundamento do nosso subdesenvolvimento económico. A CCIAH irá manter a sua postura de denúncia pública de todas as atitudes que, como esta, tenham por objetivo a destruição da unidade regional”.