D. Armando Esteves Domingues presidiu à tomada de posse de quatro novos cónegos do Cabido da Sé: Monsenhor António Manuel Saldanha, padre Jaime Silveira, padre João António Bettencourt e padre Manuel António das Matas, antes do início da Missa Crismal, que teve lugar na Catedral de Angra, de acodo com informação avaçada na página oficial da Igreja Açores.
Os quatro sacerdotes, todos do presbitério de Angra, têm desenvolvido vários serviços na Diocese e só um se encontra fora, em Roma, onde serve no Dicastério das Causas dos Santos como secretário do Studium. Monsenhor António Saldanha e Albuquerque é também cónego da Basílica de Santa Maria Maior. Para o sacerdote, este dia tem “um enorme significado”.
“Nunca me senti longe desta Diocese nem desta igreja; esta nomeação é um modo de reforçar uma presença com novo empenho e novos desafios” disse ao Sítio Igreja Açores depois da tomada de posse. Dividido entre dois Cabidos, salienta que volvidas mais de duas décadas em Roma, pode ser o tempo do regresso a casa.
“Provavelmente a mãe que compreende sempre as opções de um filho, compreenderá também que eu possa optar pelo filho desta vez e possa passar mais tempo na Catedral de Angra, dedicada ao Santíssimo Salvador do Mundo”, afirmou.
Já o padre Manuel António das Matas , o mais velho dos novos cónegos capitulares, actual pároco da Calheta, Manadas e Ribeira Seca de São Jorge destaca a forma como entende o canonicato.
“Julgo que é o reconhecimento pelo trabalho que desenvolvemos nas nossas comunidades, em prol do nosso povo e aquilo que aqui foi dito de que é uma forma de preservar a vida sacerdotal e a vida social, cultural e religiosa do nosso povo, só me pode tornar grato pela distinção” disse o sacerdote jorgense.
“Vou continuar a tentar dar o meu melhor, como até aqui, mas agora com maior responsabilidade ainda”, concluiu.
O padre João António Bettencourt das Neves, pároco das Lajes e ouvidor do Pico recorda a sua ligação de sempre a esta Catedral e encara esta escolha como uma dupla homenagem: a Monsenhor José de Lima, último cónego picoense e à própria ilha do Pico.
“Desde o tempo do Seminário dizia que eu iria ser cónego e usaria as suas vestes; não vou usar as vestes dele, mas vou tentar seguir o exemplo dele e depois honrar a ilha do Pico, com a minha humildade e insignificância” disse o sacerdote.
Finalmente o padre Jaime Silveira, que foi reitor do seminário de Angra, onde é professor e pároco em São Bento, não esconde simpatia por ter sido escolhido por D. Armando e diz que com humildade procurará “assumir esta missão com uma exigência ainda maior de testemunho, diria de vida cristã, de vida sacerdotal, e de oração”.
O Cabido da catedral foi criado em 1534 pela mesma bula Aequum Reputamus do Papa Paulo III que criou a diocese. Actualmente, o seu papel principal é o de manter a dignidade das celebrações litúrgicas mais solenes na catedral, ser conselheiro ao lado dos novos órgãos consultivos de presbíteros e leigos nascidos da eclesiologia do Concílio Vaticano II, cuidar com o pároco e paróquia da Sé do património artístico, espólio dos bispos e Museu da sé, lembrou o prelado, que salientou, assim, a responsabilidade desta instituição de conciliar tradição com novas exigências numa época que mudou.
“Outro horizonte a não perder de vista, será o de preservar o património espiritual que nos faz ser diocese viva e com uma história. Nesta fidelidade à história, peço que ajude o presbitério a caminhar em unidade com a Igreja Local e Universal, a fomentar a comunhão com todo o povo de Deus e a encontrar respostas para a urgência evangelizadora no mundo de hoje”, disse o prelado.
O Cabido da Sé foi restabelecido em Novembro de 2014 com a aprovação dos novos estatutos e os novos cónegos tomaram posse no dia 11 de Fevereiro de 2015, dia em que se celebra a festa de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira deste Cabido, 15 anos após a sua desactivação. A revisão dos Estatutos permitiu, entre outras coisas, a nomeação de cónegos capitulares a residir fora da ilha Terceira. É constituído por 12 cónegos capitulares: Cón. Adriano Borges, Cón. António Henrique Pereira (Tesoureiro), Cón. Gregório Rocha, Cón. Hélder Fonseca Mendes (Arcediago), Cón. Hélder Miranda Alexandre (Magistral), Cón. João Maria Mendes (Deão), Cón. Manuel Carlos Alves e o Cón. Ricardo António Henriques (Chantre), a que se juntam os quatro que hoje tomaram posse. Há ainda 5 cónegos jubilados (com mais de 75 anos) e 1 honorário.