Não me parece nada fácil fazer as cenas audiovisuais públicas que o presidente do Chega faz, sem medo de constantemente errar diária e variadíssimas vezes no decurso do mesmo espaço de tempo.
Considero mesmo difícil arranjar tantas contradições só para estar sempre de bocarra aberta e atrair incautos para os seus aparentemente profundos e belos pensamentos. Ou serão apenas vozes que lhe atravessam a mente e de que ele é o transmissor, como se de um simples rádio de válvulas antigo se tratasse?
O certo é que o homem – com h pequeno ao contrário de muitos outros políticos nacionais que o foram e são com letra maiúscula – consegue não só ocupar o nosso tempo, como o meu no presente momento, pelos seus sucessivos aparecimentos públicos em tudo o que é audiovisual.
Na realidade, por exemplo nos diversos canais de televisão públicos ou privados, são numerosos os minutos ou horas somadas que esta personalidade aparece exibindo-se, na maioria do tempo zangado com tudo e todos, em exibições preferencialmente aos gritos e gesticulando em excesso.
Honra lhe seja feita mas pelo que deduzo não é ele a pedir diretamente, mas sim os meios audiovisuais a aproveitarem-se desta patética personalidade política para ganharem shares para os seus rankings e poderem mostrar como fazer os seus serviços com competência.
Ventura na realidade, esperto como é, aproveita e faz espetáculo como mais ninguém no campo vastíssimo dos seus pares políticos que não conseguem que ele deixe de “surfar estas ondas” de meias verdades, completas mentiras e más contas de somar e multiplicar, afirmando que com ele o mundo nacional fica melhor.
Tenho a certeza que o que ele desejaria no seu mais profundo/ínfimo ser era que em Portugal “houvesse um ventura em cada esquina”.
Dado o seu narcisismo, bem patente em tudo o que é o seu dia, de certo o veríamos mais e mais realizado. Correríamos o perigo de cada vez mais termos a presença de um insuportável ser que mais de um milhão de portugueses anteviam como o D. Sebastião nas últimas eleições legislativas, mas de que nem do nevoeiro se conseguiu livrar.
Para além das numerosas desistências de filiados no seu partido, em numerosos lugares autárquicos, não conseguiu manter no nevoeiro cerrado os casos mais ou menos célebres dos seus cavaleiros de távora na assembleia da República, em que ingenuamente um “verdadeiro artista deputado” foi roubando malas de viagem aquando das suas movimentações aéreas, e “muito inteligentemente” vendendo a preço de “chuva” os seus conteúdos através de redes sociais, e ainda “mais inteligentemente” utilizando os serviços dos correios da assembleia da República para ser mais baratucho o envio para os clientes. Tudo negócio.
Como não utilizo redes sociais, felizmente a oportunidade de adquirir uma roupinha passou-me ao lado, senão ainda corria o risco de ter nalguma moldura pendurada na parede uma peça de “roupa mal cheirosa”.
Como se costuma dizer em açoriano “vai-te excomunhão”!!!
Mas se isto fosse único poderíamos afirmar que as boas venturas do “dono” do partido estavam bem encaminhadas. Mas não!
Tinha de surgir, entre os mui qualificadíssimos deputados do partido de Ventura um exímio condutor de rallyes em que para além de utilizar, como é normal, uma viatura a combustível/ elétric se lembrou de adicionar uma substancial quantidade de álcool, através de uma colossal bebedeira, e se lembrou muito inteligentemente de se exibir nas comunitárias vias rápidas da ilha de S. Miguel.
Se pega de moda em vez de potenciarmos a estadia de turistas para diversão/natureza ou serviços de saúde, ainda vamos ter turismo para alcoólicos preferencialmente para deputados.
Com outros deputados de Ventura, neste caso do sexo feminino, foi pura e simplesmente mudar do partido dos animais (deve ter dado ou vendido o seu animal de estimação no entretanto), dizer “chega” e aí vai disto, apagar milhares de emails do seu anterior partido, estando agora a contas com a justiça de tal modo que se demitiu do “honestíssimo” lugar que ocupava na assembleia da República.
Não foi nada de menos, fica-me apenas uma perguntinha: antes de abandonar o anterior partido será que esta digníssima deputada falou com Ventura a pedir-lhe conselhos?
É que Ventura com a sua enorme sapiência e oportunidade já tinha antes deixado o PSD, onde “lutava” junto de Passos (seu eterno amigo) e Montenegro e não conseguindo subir na hierarquia, fundou um partido onde conseguisse ser “rei” perante tantos parolos.
O nome do partido veio-lhe ao pensamento quando disse “chega” e se tornou independente.
Só uma palavrinha para os outros casos de lei, entre os quais os vários relacionados com pedofilia.
Uma nota final, como pedido ao “dono” do partido. Por favor na perspetiva de obter mais um significativo número de deputados, o que sinceramente espero seja impossível, tente variar o tipo de candidato dando hipótese a outros potências cadastrados de modo a terem oportunidades de se sentarem na assembleia da República ganharem bons ordenados acrescidos de despesas de representação.
Todos têm direito não faltem viagens/malas e estradas/carros que o resto surgirá a seu tempo.
(Fico na expetativa de como este artigo será lido ou como terei “belíssimos” comentários. De qualquer modo “bem hajam” pelo que fazem e dão matéria para escrever).
J. Rosa Nunes
Prof. Doutor