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Ideias há muitas – A política, o respeito e a ética

A política deveria ser palco de ideias, de convicções e de debate construtivo. O que vemos muitas vezes é um espetáculo de ataques pessoais, desinformação e uma total falta de respeito entre os partidos. Em vez de se apresentarem como adversários legítimos, disputando projetos e propostas para o futuro do país, tratam-se como inimigos irreconciliáveis, prontos para o confronto em qualquer circunstância. É a política da tática em prejuízo da política da estratégia.
O respeito entre partidos políticos não significa a abdicação das diferenças, nem a suavização das críticas. Pelo contrário, é precisamente no diálogo qualificado que assenta uma democracia saudável. O desacordo faz parte do jogo político, mas quando é transformado em desprezo, em insulto e na tentativa de deslegitimação do outro, perde-se a essência e o significado do debate democrático. Consequentemente, o espaço público deixa de ser um terreno fértil para o crescimento de ideias e passa a ser um campo minado de hostilidade.
E foi exatamente isto que fez Pedro Nuno Santos no seu discurso de derrota do último domingo, assumindo um tom pouco amistoso e pouco aberto para entendimentos com a AD, a força vencedora.
Tendo em conta os resultados apurados – vitória da AD, crescimento do Chega, hecatombe do PS – a ocasião era propícia para PNS assumir uma postura mais humilde e de confiança, de tal modo que possibilitasse um clima de estabilidade e de entendimento entre vencidos e vencedores.
Não foi isso que fez Pedro Nuno Santos! Nunca, em tempo algum.
Respeito não é sinal de fraqueza, mas de maturidade. A democracia não se faz na gritaria, mas no reconhecimento da diferença.
Sem essa postura, porém, o espaço político degrada-se. Porque, no final, quem perde são os portugueses, não os partidos. Todos nós merecemos um debate público e político sério e digno, e não num mero espetáculo de agressões verbais. O PS está mais perto do PSD, do que o PSD do Chega. E bastaria assumir serenamente essa nobre postura.

Luís Soares Almeida*

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