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A quimera de uma ferrovia ‘transatlântica’

Gostamos de ouvir, diariamente, as notícias transmitidas pela RTP Açores. Ontem, dia 17 de junho, não foi exceção até porque o tema era de suma importância: Os Açores no programa do governo de Portugal, eleito para os próximos 4 anos.
Os Açores surgem 3 vezes, dito de forma sintética, nesse importante documento: Revisão da Lei de Finanças Regionais, Redução das desigualdades e Investimentos em transportes. Destas 3 importantes matérias, centramo-nos na última, porque, para grande admiração, ouvimos que estava previsto, no programa em discussão deste governo, a construção de uma ferrovia entre o Continente e Ilhas, especificando, se bem entendemos, a construção de um Túnel Subaquático com linha férrea que ligasse Portugal aos Açores. Nesse momento, pensamos, naturalmente, que tínhamos deixado de ouvir um telejornal objetivo e concreto para passarmos a um episódio duma série baseada no fantasioso mundo de Nárnia.
Espantosamente, nenhum dos 5 eleitos, pelos Açores, representantes de forças políticas quer de apoio ao governo, quer de oposição, fez alguma referência ao que tinha sido apresentado. Cabe-nos a missão de refletir um pouco sobre esta extraordinária e quimérica ideia de construir uma ‘ferrovia transatlântica à superfície ou subaquática’.
Uma ferrovia à superfície ou subaquática’ entre Portugal e Regiões Autónomas passa de um ‘delírio’ a uma quimera, entendendo-se como quimera algo impossível, fantasioso e irreal.
É irreal e fantasiosa essa proposta, porque os Açores estão situados a cerca de 1.500 km do continente português, no meio do Oceano Atlântico. Isso impossibilita qualquer ligação ferroviária direta, pois não há infraestruturas ferroviárias submarinas viáveis para essa distância.
É um delírio dado a impossibilidade técnica atual, não sendo necessária nenhuma especialização em engenharia para chegar a essa conclusão: A construção de um túnel ou ponte ferroviária sobre essa distância oceânica seria extremamente cara, arriscada e tecnologicamente inviável com a tecnologia atual.
É uma utopia e devaneio a ideia da construção de um túnel ferroviário entre o continente português e o arquipélago dos Açores, porque representa um desafio titânico de engenharia. Com cerca de 1500 km de extensão atravessando o Oceano Atlântico, o projeto seria o maior túnel subaquático jamais construído, superando amplamente qualquer iniciativa anterior em termos de complexidade, custo e impacto.
Como curiosidade, apresentamos alguns dados interessantes:
Desafios Técnicos

  • Geologia submarina: O Atlântico entre Portugal e os Açores atinge profundidades superiores a 3000 metros, atravessando a dorsal meso atlântica.
  • Vulcanismo e sismos: A região é geologicamente ativa, o que representa riscos consideráveis.
  • Ventilação e segurança: Garantir evacuação, comunicação e estabilidade num túnel tão extenso.
  • Custo: A estimativa inicial seria de centenas de milhões a trilhões de euros (com as derrapagens constantes e infinidade de estudos que temos para infraestruturas como aeroportos ou portos, em Portugal será, no mínimo, delirante pensar num projeto desta natureza).
    Assim, chegamos à conclusão de que estamos a ser governados por gente desvairada, que vive num mundo de fantasia (já sabemos que quem nos governa vive numa redoma de cristal, longe da realidade e das necessidades verdadeiras do povo que os elege), que abre a boca e diz os maiores disparates, não havendo alguém para fazer frente, porque os que elegemos para nos representar estão mais preocupados em defender o governo ou os seus lugares de poder.
    Resta-nos, ainda, sabe-se lá por quanto tempo, as ligações aéreas da SATA e da TAP, para manter a pretensa ‘coesão nacional’ e a esperança de que o povo acorde deste sonho lírico, onde voam unicórnios, e sonha-se com uma quimérica ferrovia transatlântica.

Judite Barros

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