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Peixe do meu quintal

Crise de uma transição dolorosa

Estamos, definitivamente, numa transição global nas sociedades. Todos estão de acordo com isso, mas ninguém sabe dizer para onde caminhamos enquanto sociedade humana. A rapidez da mudança é vertiginosa, sobrepondo-se à nossa capacidade de assimilação e ordenamento da lógica que deveria dar algum controlo a todo este comboio.
A ordem saída dos conflitos bélicos mais significativos do século XX, durou algumas décadas e de novo procuramos outros conflitos para deles fazer sair novo pensamento. Da que agora se esgota e que durou anos, ela própria foi sendo vítima da corrosão que a sociedade naturalmente confere. Os hábitos e as atitudes esgotam-se na permanente busca pela alternativa, pelo diferente. Com isto, a ação humana, corrupta, imperfeita mas dinâmica, obedece à sua condição de subserviente ao cosmos que a criou, que a condiciona formatando-a para agir como tal. A inevitável autodestruição que por sua vez dará lugar a outra forma de vida, qualquer que ela seja, como outras espalhadas pelo multiverso sem fronteira.
No raciocínio necessitado por respostas, as religiões dão conta de que a morte é o mito atingível, a simples ponte para a eternidade. Mas mesmo sobre tal brilhante pensamento, as discordâncias assumem efeitos nefastos, fruto das manipulações de liderança de cada crença.
A informação instantânea fornecida pelas máquinas digitais, ultrapassa todos os limites da razão humana. Ninguém consegue acompanhar e no entanto foram concebidas pela mesma mente humana. Tal mulher que em vez de conceber homens, concebe deuses.
O contacto imediato com o resto do mundo, acompanha-nos na algibeira ou na mão. Recebemos e enviamos; Falamos; Pagamos e transferimos bens. Tudo feito ao toque do dedo. A tal ponto que o corpo humano adquiriu mais este membro, de forma quase anatómica. Tornou-se indispensável. Um pequeno e potente computador na palma da mão – o telemóvel.
Toda a informação nos vem parar à mão – literalmente.
Esta alfabetização mundial, todo este conhecimento, essa universidade global e constante em todas as áreas, tem como resultado a travessia da derradeira fronteira do conhecimento. E esse conhecimento provoca, inevitavelmente, o ceticismo em muitas questões postas pelos guias políticos. As abstenções cada vez maiores são nada mais que o fruto desse ceticismo e menosprezo pelas promessas ou políticas, ou partidos tradicionais. O abstencionismo enfrenta a clássica ordem até agora obedecida.
No nascer de uma nova forma de dirigir sociedades, alguns preferem não seguir a normal ordem mundial estabelecida pelos antigos acordos. A diplomacia – tratamento formal com doses de hipocrisia – é desprezada e substituída por uma dialética agressiva e sem retorno, pura e dura.
Será cada vez mais difícil ser-se político na sua forma clássica. Os que souberem compreender isto, tomarão as rédeas por caminhos diferentes dos até agora percorridos. Os outros, ficarão para trás, por teimarem na sua ideologia imutável. O Povo é mais lúcido e mais capaz de discernir os meandros da sua própria existência, sem necessitar de guias manipuladores. Mas o fim da hierarquia é, sem dúvida alguma, a anarquia.

José Soares

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