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Candidaturas autárquicas ignoram o Desporto

A pouco e pouco, vamos conhecendo, através da comunicação social regional,as diversas propostas/promessas dos candidato(a)s à liderança das câmaras municipais e juntas de freguesia açorianas no próximo acto eleitoral. Uns limitam-se a criticar aqueles que estão de saída outros indicam novos caminhos na tentativa de convencer os eleitores a votar nos partidos que os selecionaram. Os temas abordados são semelhantes mas os meios para os concretizar são pouco esclarecedores e convincentes.Acontece que as considerações prioritárias não são apresentadas por aquilo que os candidatos apontam como sendo mais importantes na melhoria da vida dos jovens e respectivas famílias. O que prevalece é a orientação que a liderança do partido defende tendo em vista a manutenção dos manda chuvas. É deveras preocupante a ausência de propostas relacionadas com o desporto e o correspondente benefício das actividades desportivas nas diferentes comunidades espalhadas pelas nossas ilhas. A educação desportiva das nossas crianças, o treino desportivo dos estudantes-atletas e a especialização desportiva dos jovens talentos são etapas fundamentais que devem ter um forte apoio das autarquias com a atribuição de bolsas de estudo. A prática desportiva tem um valor acrescentado não só no combate ao consumo de drogas, álcool e tabaco, como também na organização e preparação das equipas da formação dos clubes federados. As equipas da formação são a base de apoio e de manutenção das equipas seniores/ federadas evitando assim a contratação de jogadores, de fora do arquipélago, que têm conduzido vários clubes açorianos à falência e que bloqueiam o acesso dos jogadores juvenis e juniores ao escalão senior e, com muita frequência ao consequente abandono da prática desportiva. Portugal é o país europeu com maior taxa de abandono precoce da prática desportiva, entre os 16 e os 18 anos, pelo facto das equipas seniores das diversas modalidades desportivas estarem repletas de atletas estrangeiros. Uma vergonha nacional no contexto europeu.
Entretanto, as autarquias açorianas são das que menos investem em desporto a nível nacional, pelo que estas eleições podem ser uma oportunidade única para alterar esta situação. Na minha opinião as crianças e os jovens são o maior património das diferentes comunidades. Investir no desporto local é uma atitude nobre das autarquias que reconhecem o valor do património humano da respectiva comunidade. Se fosse candidato apostava fortemente nas áreas que a seguir sugiro e investia no mínimo 15% do orçamento no desporto:
1 -Começar por apoiar as escolas primárias (1º ciclo do ensino básico) com material desportivo feito em autoconstrução numa oficina local ou na própria escola com a colaboração dos alunos (arcos, raquetas, cordas para saltar, mesas de ping pong, tabuleiros de xadrez, redes de voleibol, tabelas de basquetebol, caixa de saltos, etc);
2 – Apoiar os Clubes Náuticos na recuperação e manutenção das embarcações e efectuar um protocolo com as escolas secundárias proporcionando aos alunos a aprendizagem da Vela e da Canoagem;
3 – Construir uma piscina municipal com medidas regulamentares tornando o ensino da natação obrigatório para todas as crianças do concelho. Organizar com regularidade provas de natação e competições de polo aquático para os alunos do secundário;
4 – Efectuar protocolos com os Clubes Desportivos Escolares apoiando a sua participação em competições federadas organizadas pelas Associações de modalidade locais e regionais;
5 – Apoiar a realização de estágios de aperfeiçoamento técnico-pedagógico em diferentes modalidades desportivas nas férias do Natal, Páscoa e Verão, para preenchimento dos tempos livres das crianças e praticantes dos diversos desportos, com a colaboração das escolas e associações desportivas de modalidade;
6 – Apoiar a formação contínua dos professores e treinadores de desporto no sentido da sua valorização profissional;
7 – Suportar o enquadramento técnico-desportivo dos clubes que possuem escolas de formação de diferentes modalidades desportivas.
Na década de oitenta (1982-89), quando exerci as funções de Director Regional de Educação Física e Desporto, o então Secretário Regional da Educação, Cultura e Desporto, Dr. Reis Leite, disse-me que tinha recebido muitas queixas porque eu andava muito depressa na condução do desporto regional. A minha resposta teve como exemplo uma prova de ciclismo. Numa corrida de ciclismo ninguém fica à espera que o camisola amarela fique cansado para ser apanhado pelo pelotão. Compete ao pelotão aumentar a o ritmo da pedalada para apanhar o camisola amarela. Todos entenderam que quem não se esforçava para apanhar o camisola amarela não tinha lugar no projecto de desenvolvimento desportivo regional daquele tempo.

Eduardo Monteiro

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