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Eleições autárquicas

Ultimamente o desânimo, o desalento, a impotência perante o que se passa em volta, tem-me afastado de falar de questões políticas.
A 12 de outubro nova ida às urnas para as autárquicas, as eleições onde os candidatos estão mais perto do povo. Nos Açores, tradicionalmente o vencedor da dúbia honra de maior abstencionista nada se espera a alterar essa tradição.
Em 21 anos de arquipélago e ao olhar para os candidatos – salvo uma ou outra exceção – diria que os partidos foram buscar o refugo de candidatos, além das promessas ocas e que nem um orçamento milionário permitiria, há candidatos que até nas promessas são pobres, outros repetem promessas antigas (do género não fizemos em 4 anos, mas agora vamos fazer).
Só dois partidos concorrem às 19 freguesias o PS e o Chega, mas este inovou ao buscar “estrangeiros” para as autarquias do Corvo, Lajes das Flores e Santa Cruz da Graciosa, quiçá por não haver membros do Chega naquelas três autarquias…
Além do mais, eticamente errado, moralmente condenável, politicamente escandaloso esta escolha de “continentais” vem colocar em dúvida a defesa dos interesses daquelas autarquias por essas pessoas – que além de desconhecerem a realidade local, talvez nem sequer as tenham visitado – .
Isto faz-me lembrar aquele célebre imperador romano Calígula e o seu cavalo favorito. Calígula, conhecido pela sua extravagância, mimava o cavalo Incitatus com luxos como estábulos de mármore e colares de pedras preciosas, e as fontes antigas sugerem que chegou a cogitar nomear o cavalo para o cargo de cônsul. Embora muitos acreditem que a história foi uma propaganda para retratar Calígula como insano, outros pensam que pode ter sido uma forma de ridicularizar o Senado, insinuando que um cavalo seria mais competente que os políticos da época, neste caso o Chega acha que não há competentes na Graciosa, Corvo e Flores…
Assim, não nos admiremos com o abstencionismo, pois o que o bom povo açoriano quer são as suas festas da paróquia abrilhantadas por artistas pimba (de preferência importados do continente), outros eventos híbridos de religião e paganismo, as romarias (sobretudo micaelenses mas que se estão a espalhar pelas restantes ilhas e diáspora) numa versão mais atual da máxima salazarenta de Fátima, futebol e fado.
O bom povo açoriano nem se apercebeu do endividamento excessivo que as gerações futuras terão de pagar, nem entende a crescente perda de autonomia, apenas sente a subida do custo devida, a enorme crise da habitação e preços estratosféricos da propriedade (em grande parte devido ao turismo), nem se apercebe da deterioração da natureza ((em grande parte devido ao turismo) num arquipélago apenas sustentável de nome, cuja economia entrará em declínio abismal mal o turismo comece a buscar novos poisos. Quando esse dia chegar será tarde mas devia ser sobre isso que os habitantes se deviam preocupar na altura de votarem ou de se absterem.

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713
MEEA-AJA (IFJ)

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