“Neste fim de semana Trump apresentou um novo acordo de paz afirmando
euforicamente e como sempre “é agora”, dando poucas horas para o Hamas aceitar
o mesmo. De facto foi comunicado pelo Hamas que estava de acordo e Trump
já se via a receber o prémio Nobel.”
Semana a semana, para não dizer de hora a hora, o famoso e “falso loiro” presidente dos paupérrimos Estados Unidos da América, como influenciador do mundo, está cada vez mais afetado, com origem em todo o espólio de asneiras que vão ocorrendo quer no interior desse outrora grande país quer relativamente a um conjunto de outros estados soberanos com quem se relacionam e querem influenciar.
Trump assume que a verdade é única e sua. Esquece as grandes asneiras que proferiu para milhões de pessoas dando a certeza de acontecimentos que não se realizaram – como, por exemplo, acabar a guerra num dia porque era amigo de Putin – e mesmo comprometendo o normal desempenho de um verdadeiro presidente americano, ao permitir quer a Netanyahu e/ou Putin ações bélicas gravíssimas e destruidoras, embora sempre com a sua aparente oposição.
A passagem há semanas, por algumas horas, de Trump nas Nações Unidas foi uma verdadeira vergonha. Desde as escadas rolantes que teve de subir passo a passo com a sua mulher, que utiliza como mostruário, porque estás avariaram – só que a escada ao lado direito deles estava a ser utilizada normalmente por outras pessoas – ou a situação em que ficou sem rede no telemóvel, impedindo-o de fazer chamadas, porque deixou de haver acesso à internet no edifício.
Tudo aconteceu a esta lástima presidencial e até o teleponto falhou quando Trump iniciou o seu discurso. Se calhar estava a adivinhar o chorrilho de asneiras a nível politico que este viria a proferir no seu pomposo discurso e “suicidou-se” de vergonha.
Os serviços das Nações Unidas atribuíram estas situações insólitas ao facto do organismo internacional ter dificuldades orçamentais ou seja pela redução de verbas impostas por Trump. Para este próximo ano António Guterres irá propor uma redução de 19% no orçamento das Nações Unidas, ou seja menos 500 milhões de dólares, o que necessariamente prejudicará muitas das possível ações que deveriam ser concretizadas.
Mas Trump na realidade quer que o mundo entenda que é ele quem “manda” e afirma que foi sabotagem o que se passou, sem mesmo se lembrar que por exemplo eram os próprios técnicos da Casa Branca que manuseavam o teleponto. Azar!
Trump nem admite que as Nações Unidas tiveram este ano oficial (de 1 julho a 30 junho 2026) um orçamento para operações de paz de cerca de 5,4 bilhões de dólares, sendo o contributo dos Estados Unidos de cerca de 820 milhões de dólares. Uma verba ridícula!
A titulo de comparação e apenas para se verificar da discrepância de valores, poderemos referir que para o departamento de defesa americano – agora denominado pelo “presidente de tudo isto” de departamento de guerra (esta denominação deixou de ser utilizada após a segunda guerra mundial e demonstra o empenho bélico que este “futuro candidato ao prémio Nobel” coloca nesta matéria) – foi destinado um valor de cerca de 850 biliões de dólares.
Essencialmente Trump é um comerciante, colocando a politica em segundo plano.
Tal é justificado por exemplo quando afirma ter intenção de adquirir riquezas existentes nas terras ricas da Ucrânia ou quando diz ser seu desejo tomar posse da Gronelândia, e consequentemente das suas riquezas de subsolo ou mesmo do canal do Panamá.
As ambições comerciais, tudo a bem do futuro da nação americana (Make America Great Again – o denominado movimento MAGA, tão querido e apregoado pelos republicanos e cegos seguidores de Trump), são descaradamente apresentadas com a absurda ideia de transformar Gaza num resort de luxo – a denominada Riviera da Palestina – “recambiando” os palestinianos para os países com quem fazem fronteira, o que gerou repúdio dos mesmos. Claro que Trump nunca admitiu a hipótese de receber nos Estados Unidos muitos deles.
Comerciante esperto, diria mesmo velhaco e sem escrúpulos, tenta convencer alguns dos papalvos dirigentes europeus em reforçarem as suas forças militares pela compra de material de guerra aos Estados Unidos destinadas a fazer frente a Putin. Tudo isto por intermédio da NATO.
Neste fim de semana Trump apresentou um novo acordo de paz afirmando euforicamente e como sempre “é agora”, dando poucas horas para o Hamas aceitar o mesmo. De facto foi comunicado pelo Hamas que estava de acordo e Trump já se via a receber o prémio Nobel. Só que quem deu o seu acordo foi a fação politica do Hamas, que vive ricamente em hotéis de luxo no Catar, enquanto a parte revolucionária ativa do movimento e que tem em sua posse os reféns, condiciona a negociação do cessar fogo.
Toda esta situação ainda tem muito para discutir! Até porque Netanyahu, indiferente ao que Trump diz/acordou com ele, continua o seu genocídio consolidando a sua situação de criminoso de guerra, segundo decisão do tribunal penal internacional, continuando a matar, principalmente crianças, mulheres e idosos. E até a fome serve de arma de guerra.
Será normal tudo o que se passa? Claro que sim! Que o diga Netanyahu, que faz o trabalho sujo para Trump ao combater tudo e todos no oriente (que não interessam ao amigo americano) tendo em compensação de comprar milhões e milhões em equipamento/armamento, como é o caso dos últimos três aviões de guerra que passaram/abasteceram na ilha Terceira, com destino a Israel.
Demonstrando ser uma situação pouco normal, o “minúsculo” ministro dos negócios estrangeiros português afirma que ninguém o informou oficialmente da passagem destes caças destinados ao combate em Gaza, e afirmou que descobriu tal “abuso” tardiamente. Mas nem mesmo o outro “tonto” ministro da defesa sabia. Ou seja, isto tudo se passou em território nacional, ficando os nossos “mui competentes” governantes a “ver passar aviões”.
Não é de estranhar esta situação se nos lembrarmos que foi na ilha Terceira, na estalagem da Serreta em março de 2003, que Bush, Blair e Aznar decidiram atacar o Iraque, aproveitando o contributo do anfitrião e primeiro ministro português de nome Durão Barroso, o qual dados os ilustre membros na reunião deve ter tido a incumbência e prazer de “servir o chá”. Desta vez nem os ministros dos negócios estrangeiros nem da defesa foram convidados para anfitriões. A conclusão é que nem para “servir chá” servem!
Fica a pergunta: em quantas mais decisões cruciais iremos nós portugueses e mais especificamente e indiretamente os açorianos se verão envolvidos? Custa a acreditar, perante tais situações, que após a época da epopeia dos descobrimentos, o nosso papel no mundo seja mais de “embrulho de papel, ainda por cima, pardo”.
J. Rosa Nunes
Prof. Doutor