Os temas da semana: a vacina anti-covid prolonga a vida dos doentes oncológicos
O CDC África tem realizado briefings semanais, especiais, sobre diversas emergências, incluindo mpox e cólera, salientando a necessidade de acções urgentes em todo o continente, e destacando o aumento dos surtos de cólera, devido aos fenómenos climáticos. Porém, a Nigéria em particular tem apresentado importantes desafios em Saúde Pública: vários relatórios destacaram falhas no combate à defecação a céu aberto, à nutrição inadequada e ao acesso limitado aos cuidados de saúde, agravando as vulnerabilidades sobretudo das populações rurais.
Por sua vez, a “Amref Health Africa” chamou a atenção para as altas taxas de mortalidade infantil, como uma “crise emergente”.
Na Ásia iniciou-se mais uma Sessão do Comité Regional da OMS para o Sudeste Asiático, a 13 de Outubro. Nesta sua 78ª sessão os líderes da saúde reuniram-se para criar compromissos para uma região mais saudável, equitativa e resiliente, focados em desafios, como as doenças não transmissíveis e o acesso a vacinas. Também têm havido muitos debates à volta da perda de jovens na Ásia Oriental, devido às baixas taxas de natalidade e à redução populacional, com implicações para os sistemas de saúde a longo prazo.
Já na América Latina, a OPAS alertou que 4 em cada 10 instalações de saúde na região estão expostas a perigos naturais, recomendando a importância de reforçar a resiliência face aos desastres. Na conclusão do 62º Conselho Directivo da OPAS concluiu-se a necessidade de um novo plano para a saúde nas Américas, centrado na equidade e na preparação para emergências.
No Médio Oriente, com o acordo histórico entre Israel e Hamas conseguido pelo presidente Donald Trump, os relatórios têm destacado o colapso do sistema de saúde de Gaza, uma das mais importantes consequências da guerra.
A nível global a Segurança em saúde também esteve em destaque: um relatório mostrou que a segurança em saúde, a nível mundial, está num equilíbrio precário, num mundo volátil, apelando a acções coordenadas, contra as pandemias e as desigualdades. Estudos mostram que a “Esperança de vida” voltou aos níveis pré-pandemia, mas há desafios de saúde persistentes, como as doenças crónicas, sobretudo nos países em desenvolvimento.
Entretanto, há evidências de que o medicamento Pluvicto, da Novartis, reduz o risco de evolução do cancro da próstata em 28%, e que os doentes com cancro vacinados contra a COVID-19 vivem mais tempo.
Nos Estados Unidos a publicação do “Morbidity and Mortality Weekly Report” (MMWR) do CDC foi suspensa devido à paralisação federal. Quanto aos ciberataques, soube-se que desta forma mais de 33 milhões de registos de saúde foram roubados em 2025.
Também nos EUA um estudo mostrou que foram encontrados níveis elevados de THC em mais de 40% das vítimas de acidentes mortais, após a legalização da cannabis.
A OMS na Europa lançou uma campanha para a vacinação contra a gripe e contra a COVID-19, destacando os riscos nos grupos vulneráveis, como os idosos, as grávidas e os imunodeprimidos. Nesta matéria, as recomendações incluem práticas preventivas, como o isolamento quando doente, o uso de máscaras e a higiene das mãos, além do combate à desinformação.
Em Portugal a campanha sazonal contra a gripe continuou, com destaque para a administração de vacinas, mais de 800 mil doses nas primeiras semanas, direccionadas principalmente aos grupos de risco, como os idosos e os profissionais de saúde. Tudo isto visa mitigar o impacto das infecções respiratórias sazonais, recomendando-se a adesão voluntária e gratuita nos centros de saúde. Adicionalmente, apenas um terço da população de risco deverá ser vacinada contra a COVID-19, um desafio na cobertura vacinal, apesar dos esforços da DGS.
O mês de sensibilização Outubro Rosa e prevenção do cancro da mama incluiu datas chave, como o Dia da Saúde da Mama (15 de outubro) e o Dia Mundial do Cancro da Mama (19 de outubro), centrados na detecção precoce e prevenção.
Um profissional de saúde foi ferido a tiro em Leiria, no dia 18 de outubro, pondo a nu os riscos ocupacionais dos trabalhadores da saúde em Portugal.
Já nos Açores, o Governo Regional destacou publicamente o facto de 91% da nossa população ter médico de família, reflectindo os investimentos em acessibilidade e eficiência nos serviços de saúde.
A homenagem da semana: Epidemiologia e Formação dos Recursos Humanos de Saúde Pública dos Açores
David Savitz merece uma homenagem especial esta semana, na sequência do SER Award de 2025, concedido pela Society for Epidemiologic Research. Professor de Epidemiologia na Brown University, a sua carreira tem contribuído para o avanço da investigação epidemiológica, promovendo práticas rigorosas e a colaboração institucional, como meio para fortalecer a saúde pública.
Nos Açores, o governo regional merece reconhecimento especial esta semana pela sua liderança nas iniciativas de formação contínua para os profissionais de saúde. Muito bom trabalho, da Dra Nélia Fernandes e do Enf. Pedro Paes, da Direção-Regional da Saúde. A valorização dos recursos humanos fortalece a resiliência do sistema de Saúde Pública regional, e deixa a Região mais preparada para eventos emergentes, que podem surgir a qualquer momento.
Mário Freitas*
- Médico de Saúde Pública e de Medicina do Trabalho