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Sobre o investimento público regional e o Nobel da Paz

E aí estão as verbas do investimento público no Arquipélago, de acordo com a proposta de Plano e Orçamento para 2026 apresentada pelo governo das direitas consertadas. Considerando que os Açores, segundo informações recentes do Observatório Nacional de Luta Contra a Pobreza, permanecem como a região portuguesa com maior percentagem (28,4%) de população em risco de pobreza, não se compreende como os sectores da Educação e do Combate à Pobreza, juntamente com a Saúde, permanecem sem investimento prioritariamente acrescido de forma a que seja possível dotá-los do financiamento que lhes tem faltado e que não lhes tem permitido libertar-se da sua estagnação degenerativa. Igualmente não se compreende como é possível manterem-se por executar, ano após ano, por falta de financiamento, projetos já aprovados ou acordados ligados às políticas de coesão em diversas ilhas.
Ou não será que a justificação para estas situações reside no facto (lamentável) de que a dotação prevista para investimento de 990 milhões de euros, em 2026, corresponde mais coisa menos coisa às transferências financeiras previamente condicionadas da União Europeia (PRR e Açores 2030) e às respetivas comparticipações pela Região. Tal significa então que, em lugar de governar e fazer escolhas no investimento, em 2026 irá acontecer precisamente o que já aconteceu em 2025, isto é, excluindo o investimento excecional no hospital modular de Ponta Delgada, o governo regional continuará apenas a gerir e administrar verbas condicionadas, com prazos pré-fixados externamente, e já alocadas no essencial, para 2026. E isto, sem grandes hipóteses de reorientação das mesmas para quaisquer outras frentes, por mais necessárias ou úteis aos Açores que elas se revelem ou por mais dificuldades que enfrente a execução das antes condicionadas, como tudo indica que estará acontecendo em relação, pelo menos à habitação, ao abrigo do PRR. Para estas verbas o caminho está traçado: a sua devolução aos cofres da UE…
Com o seu prestígio em queda, o Comité Norueguês para o Nobel da Paz, esmerou-se este ano em deixar bem esborratada a sua imagem quando decidiu entregar o prémio a uma senhora chamada Maria Corina Machado.
Uma venezuelana de extrema-direita que, ao mesmo tempo que, já depois do recente cessar fogo, a juntar aos anteriores 67 000, Israel matava mais uma centena de palestinianos e feria outros 230 (17 de outubro) em Gaza, telefonava a Benjamin Netanyahu (um homem com mandato de captura internacional por crimes contra a humanidade) manifestando o seu apreço pelo “sucesso de Israel” e pelas suas “decisões e ações resolutas durante a guerra” em Gaza;
Uma venezuelana de extrema-direita que, ao mesmo tempo que os Estados Unidos se têm aprontado com ações e provocações militares concretas ao largo da Venezuela, a pretexto do combate internacional ao narcotráfico, para dar início a um eventual conflito bélico, apela (novamente, pois, já o fizera antes) à invasão pelos norte-americanos precisamente do seu próprio país.
Oxalá isso não aconteça. Mas, o histórico comportamento dominador, e colonialista dos EUA na América Latina, e em outras partes do mundo, permite recear por mais um caso igual vários outros, em especial quando está em jogo o potencial saque de matérias primas, como é na Venezuela o petróleo.
E se esse conflito militar porventura se desencadeasse, tornar-se-ia legítima a suposição de que uma parcela indeclinável da responsabilidade pelo seu desencadeamento teria cabido, parece mentira, mas não tenhamos dúvidas, precisamente ao Comité Norueguês do Prémio Nobel da… Paz!

Mário Abrantes

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