Diário dos Açores

Episódios relevantes deste verão

Previous Article Guerra preocupante que não começou agora
Next Article Presidência do Governo acolhe espectáculos integrados no 18.º Festival Internacional dos Açores Presidência do Governo acolhe espectáculos integrados no 18.º Festival Internacional dos Açores

“Não há jogo duplo de Portugal quanto à defesa da adesão da Ucrânia à União Europeia”. Saído de um país onde os despedimentos coletivos aumentaram, só no 1º semestre, em mais 40% de empresas, envolvendo mais 25% de trabalhadores; onde subiu de forma insuportável o preço do alojamento estudantil e da habitação em geral; onde as desigualdades e a pobreza (incluindo 345 mil crianças em risco) continuam a galopar; e onde dispara o custo de vida por causa das sanções impostas pela União Europeia à Rússia, foi esta a frase chave com que o presidente da República português se apresentou ao presidente ucraniano, à chegada a Kiev, na sua recente visita à Ucrânia. Uma frase imprudente a pressupor uma indemonstrável seriedade portuguesa em contraponto a uma suposta falta dela, de outros países não especificados, quanto à defesa da adesão da Ucrânia à UE.
Mas não foram estas as únicas palavras menos refletidas de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto detentor do cargo que ocupa, para já não falar do fiasco da atribuição a Zelensky da Ordem da Liberdade (Deus escreve direito…): Saído de um país onde o Ministro dos Negócios Estrangeiros tinha acabado de abrira apátrida hipótese de recrutar cidadãos estrangeiros para as forças armadas, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou mais esta ribombante proposição: “A fronteira de Portugal é a fronteira da Ucrânia”. Se, em coerência, também neste caso não houvesse “jogo duplo de Portugal”, isso quereria significar então que o nosso país estaria disposto a engrossar coma sua juventude as fileiras do exército ucraniano… Uma proposição destinada certamente ao fracasso em toda a linha, em nome da segurança dos nossos jovens e da Paz, palavra que, aliás, o Presidente da República Portuguesa se “esqueceu” infelizmente de meter na bagagem para Kiev…
Mas o verão não se ficou por aqui e trouxe-nos outras notícias relevantes. Na África do Sul juntou-se em conferência o grupo BRICS, fundado pelo país anfitrião mais o Brasil, a China, a Índia e a Rússia, ao qual aderiram 6 novos membros, revelando constituir-se como a mais importante estrutura política económica e social com vista a instalar e consolidar no Mundo a força do multilateralismo, em alternativa ao domínio absoluto de uma só potência que tem existido desde a queda e o desmembramento da União Soviética.
Chumbada na Assembleia da República pelos verborreicos campeões da baixa dos impostos: IL, Chega e PSD, mas também pelo PS, a redução do IRS e do IVA, proposta pelo PCP. O BE votou favoravelmente e o PAN absteve-se.
Nos Açores, o governo regional aprovou a revisão do Plano Estratégico do Turismo, retirando-lhe o caráter de setor complementar, para promovê-lo a “setor basilar da economia regional”. Más notícias, portanto, para os outros setores produtivos, agricultura e lavoura em particular, para a preservação e sustentabilidade do património natural das ilhas, bem como para a estabilidade, segurança e justa remuneração dos trabalhadores açorianos.
Talvez por isso a submissão (a custos desconhecidos) do governo às pretensões da Ryanair, para continuar, mesmo de forma reduzida, a voar para S. Miguel e Terceira. E nem por isso, nem pelos 78% de movimento que garante no aeroporto de Ponta Delgada, nem pelo predomínio do Grupo SATA no movimento aéreo regional, a SATA Internacional foi defendida duma privatização ao desbarato e praticamente sem compromissos a prazo para com os Açores.
E para fechar, já este fim de semana no Seixal lá estarão os Açores dignamente representados na grande festa da liberdade, a Festa do Avante!


Mário Abrantes *

Share

Print

Theme picker