Diário dos Açores

Joseph Ratzinger/Bento XVI: Teólogo, Filósofo, Professor, Papa: Um Génio da Igreja Católica e do Mundo

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Em maio deste ano de 2023 foi publicada a 1ª Edição de uma Obra Biográfica sobre Bento XVI, intitulada BENTO XVI. UMA VIDA, em dois volumes, da autoria de Peter Seewald, embora haja breves entrevistas a Bento XVI, - incluídas no livro -, como a última parte do II Volume, “Últimas Perguntas a Bento XVI”. O autor do livro fez várias entrevistas a Bento XVI, “no outono de 2018” (p.1315)  e tudo isso confere-lhe forte credibilidade, decorrente de Bento XVI aceitar conceder-lhe entrevistas. Certamente viu nele, de modo reiterado, uma pessoa e jornalista “credível” e “fiável”. A Confiança e a Fiabilidade não se improvisam, conquistam-se, provam-se e comprovam-se. E sabemos que Joseph Ratzinger/Bento XVI tinha um Crivo apertado, com uma integridade humana e rigor à prova de bala. Foi imperturbável até ao fim, fiel a Cristo e à sua consciência. Era uma Pessoa íntegra e isso via-se. Olhava-se para ele e inspirava uma credibilidade inabalável. Quando João Paulo II leu o livro “Introdução do Cristianismo”, de Joseph Ratzinger, viu, nele, a sua “alma gémea”. Bento XVI nunca teve intenção, nem pretensão, - que bom se isso fosse um exemplo a seguir – de fazer percurso no Vaticano. Chegou a declinar convite de João Paulo II. Isso está bem expresso no livro-entrevista Bento XVI. Conversas Finais, “com Peter Seewald” (2016, D. Quixote, p. 195). Depois João Paulo II renovou-lhe o convite, aí Joseph Ratzinger pôs condições!: “Só posso aceitar se puder continuar a publicar” (cf. p. 195). [Bento XVI reproduziu as palavras que havia dito a João Paulo II]. O Jornalista Peter Seewald questiona Joseph Ratzinger: “Não é uma afronta ao Papa pôr-lhe condições?”  Na resposta lê-se: “(Riso.) Talvez, mas eu achava que tinha a obrigação de dizê-lo, porque sentia ter a obrigação interior de dizer alguma coisa à humanidade”, afirma Bento XVI. Que Homem de Deus. Que verticalidade, Que Coragem, apesar da Genialidade e Humanidade de João Paulo II. Como seria diferente a Cúria Romana com Figuras como Joseph Ratzinger e como o seu então Secretário particular. Homens de Deus, de Verdade, Fiéis a Cristo, não ao enguiço das vestes de púrpura, engodo “mundanista”, mas a disposição de darem as suas vidas por Cristo. Cristo disse: “Envio-vos como cordeiros para entre os lobos”. Bento XVI falou nos lobos, o Papa Francisco fala nos lobos. Mas é preciso não cair nas ciladas dos lobos com vestes de cordeiros. Veja-se a atualidade: certas pseudo- promoções sem provas dadas aos olhos do Povo de Deus. É o próprio Papa Francisco que denuncia, severamente, o “carreirismo” e o “mundanismo”, em todos os setores. Estará a Cúria a ouvir? Mas conforta-me a certeza de que a eleição de um Papa é sempre fruto da Vontade do Espírito Santo, até mesmo por razões paradoxais que só o Tempo esclarece. A Sinodalidade também confere a capacidade de discernimento. Razões tinha Bento XVI para, no seu Ato de Renúncia (Vaticano, 10 de fevereiro de 2013), referir-se aos “Padres Cardiais” (essa é a condição) e para escrever “Pedro com Cristo”. O Papa não é da Cúria, da Igreja dos Homens, mas da Igreja de Cristo. Bento XVI marcará o Futuro da Igreja Católica e do Mundo.
O Volume I tem 786 páginas e Volume II é numerado da página 795 até à página 1333 e, no final tem uma parte “Bento XVI. Memória Fotográfica”com 32 páginas. A primeira fotografia é de Joseph Ratzinger em criança, em menino, a segunda fotografia, na mesma página, é de Joseph Ratzinger, em criança, com o irmão, a irmã e os pais, mãe e pai, e a última fotografia documenta um momento do Papa Emérito Bento XVI com o Papa Francisco.
Sempre gostei de livros de Biografias, e, neste caso, de e sobre um Papa do qual fui e sou devoto e mesmo em vida sempre estive convicto da sua real santidade.
S. João Paulo II foi o Papa da minha adolescência, da minha juventude, e da maior parte da minha vida como adulto. E também me marcou, para sempre. Como Pessoa, Cristão e Católico chorei a sua morte.
Compro sempre livros da autoria dos próprios (livros de) e não livros sobre (por razões várias não compro esses livros, até porque muitas vezes não conseguem evitar o aproveitamento financeiro, que recuso) mas no caso de Biografias é diferente, mas,  também aqui, com este género de livros, sou também muito rigoroso: Quem escreve sobre quem?
No caso concreto os livros são sobre Joseph Ratzinger/Bento XVI, um Génio, de uma Humildade e Despojamento desarmantes, também nisso é um Exemplo e Referência para a Santa Igreja Católica (a Igreja Fundada pelo próprio Deus, na Pessoa de Jesus Cristo) e para o Mundo. Um Verdadeiro Homem de Deus, um Homem de Oração. Joseph Ratzinger/Bento XVI, um Teólogo, Filósofo, Professor, Papa, Genial, de uma Sapiência Invulgar, uma Figura que só de Séculos em Séculos Deus envia à Humanidade.
Mas não comprei a Biografia sobre Joseph Ratzinger /Bento XVI só porque é sobre Quem é, claro que o que foi – e é – determinante a Figura biografada em livro mas logo tive em conta: quem escreve a Biografia? E logo constatei que era – é – Peter Seewald que Bento XVI, em vida terrena, lhe reconheceu credibilidade para o entrevistar e sobre ele falar. Refiro dois livros: um dos livros intitula-se: “Bento XVI visto de perto” (2007), a própria enunciação dá conta da familiaridade, da proximidade, entre o autor do livro e Bento XVI. Além disso o livro integra vinte e uma fotografias, duas delas documentam o entrevistador (Peter Seewald) e Joseph Ratzinger, - face a face – outras fotografias em que só aparece familiares, outras de Joseph Ratzinger na Escola (três fotos), fotografias com a Família nuclear, (duas), fotos só com o Jovem Joseph Ratzinger, uma fotografia da “Missa Nova” dos irmãos Joseph e Georg Ratzinger, uma fotografia de Joseph Razinger na “Missa na montanha, ao pé de Ruhpolding (Verão de 1952)”, duas fotografias com Joseph Ratzinger a estudar, uma fotografia de Joseph Ratzinger, como conselheiro, do cardeal Joseph Frings, uma fotografia de “Joseph Ratzinger, Professor de Doutrina da Fé Católica na Universidade de Mûnster (durante a quarta sessão do concílio, a 14 de Setembro de 1965)”, uma fotografia com o irmão, uma fotografia com o Papa João Paulo II, uma foto d’”O cardeal Ratzinger na celebração na Basílica de São Pedro a 16 de abril de 2005 (João Paulo II tinha falecido no dia 02 de abril de 2005), uma fotografia que documenta “Os cardeais eleitores na Missa da manhã, presidida por Joseph Ratzinger, na Basílica de São Pedro, antes de se retirarem para o conclave (18 de Abril de 2005)”, outra fotografia tem a seguinte legenda: “Habemas Papam”: o Papa Bento XVI saúda a multidão da varanda da Basílica de São Pedro, a seguir à sua eleição no conclave (19 de Abril de 2005)”, para além de outras três fotografias. A diversidade de fotografias, - que também são texto -, reveladoras de um percurso de vida, da vida de Joseph Ratzinger/Bento XVI e as duas com o próprio entrevistador são um sinal evidente de que Joseph Ratzinger/Bento XVI vê em Peter Seewald uma pessoa “credível” e “fiável”, dois adjetivos substantivos que Joseph Ratzinger/Bento XVI exige que cada pessoa seja, e seja quem for. Todavia, sabemos que o crivo da credibilidade, muito mais na vida de um Papa, é – deve ser – muito apertado e mesmo assim é preciso não esquecer que Judas Iscariotes (e são incontáveis) entregou Cristo e o próprio S. Pedro negou Cristo três vezes. É no teste do teste da vida que se atesta a pessoa. Numa altura em que “o Homem voltou as Costas a Deus”, como afirmou – e escreveu – Bento XVI, é preciso estar vigilante e nunca dar lugar ao Maligno, estarmos vigilantes contra as suas insídias, como bem explica e denuncia o Papa Francisco, designadamente no livro “Pai Nosso”. O Maligno insinua-se de mansinho, escondido nas manhas, que conhecemos, e que devemos renunciá-las severamente.  
É claro para mim que na contemporaneidade os perigos do Mundo só têm sido verdadeiramente desocultados, a fundo, por Figuras Maiores como João Paulo II, Bento XVI e Francisco e por outras Figuras de inegável idoneidade, designadamente das Letras, da Educação e, de modo geral, por pessoas empenhadas na Causa da Procura da Verdade. Quando Cristo afirma: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, não dá espaço para o Maligno. Mas ao voltar as costas a Deus, o mundo e as instituições, e as próprias pessoas nas relações humanas, tornam-se um perigo porque prolifera a maldade e a mentira. Pelo contrário, Só com a Verdade o mundo e o Homem podem fazer a experiência de Deus, e, portanto, da Paz, do Bem e dos Princípios, Valores e, antes, dos Mandamentos. É de ter sempre presente que o Lema Episcopal de Joseph Ratzinger/Bento XVI, que atravessou uma Vida, foi “Colaborador da Verdade”. Bento XVI viu muito cedo o perigo da ausência da Verdade no mundo. Veja-se a realidade de todos os dias, as chamadas “falsas notícias” e “factos alternativos” são disso exemplo. Só com Deus o homem pode superar as espirais mortíferas da mentira, da maldade, do ódio, da guerra, e de tudo o que é ruim. O Papa Francisco tem insistido na necessidade da “amizade social” e tem denunciado a “maledicência” que destrói o Ambiente Humano.
O Livro que damos a conhecer, numa primeira aproximação, bem entendido, BENTO XVI. UMA VIDA não é um Discurso de, não é o Eu, em Primeira Pessoa, que fala, mas um Discurso, uma fala sobre, a não ser as partes do livro na forma de entrevista. A título de exemplo é o que encontramos entre as páginas 1315 e 1323. Aí o Jornalista pergunta, entre outras questões: “Como Papa, introduziu imediatamente o processo de canonização do seu antecessor, renunciando ao prazo normal de cinco anos. O que levou a essa pressa? (responde Bento XVI): “O desejo público dos fiéis e o exemplo do Papa que eu próprio testemunhei durante mais de duas décadas”. (p. 2023, p. 1315). Note-se que foram as mesmas razões que levaram S. João Paulo II a proceder à beatificação e canonização de tantos santos e santas. Refiro, a título de Exemplo, Madre Teresa de Calcutá ou Edith Stein, Santa Teresa Benedita da Cruz, essa Genial Filósofa cujo último livro se intitula Ciência da Cruz. João Paulo II conhecia-a, conhecia o seu percurso existencial duro e como insigne Filósofa. A Cátedra que a esperava era a Cruz, que encontrou, no seu limite, numa Câmara de Gás em Auschwitz. Assim foi a sua morte de mártir. Há muito estou convencido de que o conhecimento pessoal, com provas dadas, e realizados os milagres, levam à beatificação e canonização célere, mas prudente. Por que razão há tantos casos na gaveta?!... Veja-se o Exemplo do Padre Cruz (1859-1948), que faleceu há mais de setenta anos. Para quando a sua canonização!? Ser Santo é o Ápice de uma Vida e do Espírito. Os Santos/as são Referências Maiores, também em Humildade e Humanidade, Exemplos para todos nós, em todas as dimensões da Vida.

Emanuel Oliveira Medeiros
Professor Universitário*

*Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia  da Educação

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