Centenário de Natália Correia evocado em centenas de iniciativas dos Açores ao Norte do país
Diário dos Açores

Centenário de Natália Correia evocado em centenas de iniciativas dos Açores ao Norte do país

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Centenas de iniciativas, sobre a vida e a obra de Natália Correia, vão realizar-se nos próximos meses, em todo o país, do Norte aos Açores, para assinalar o centenário do nascimento da escritora a 13 de Setembro de 1923.
Da inauguração das exposições dedicadas ao acervo que legou aos Açores, à evocação no Parlamento, onde foi deputada, do programa definido para o município de Lisboa, ao colóquio na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é sempre a obra e a personalidade de Natália Correia que se afirmam, seja no regresso do seu teatro a cena, nas sessões de leitura e debate ou nos itinerários que retomam o seu percurso de vida.
O espólio que legou aos Açores, onde nasceu, está no centro de duas exposições em São Miguel: a primeira, “Natália Correia - Libertação e Absoluto”, a inaugurar hoje, dia do aniversário, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, centra-se no acervo aí depositado; a segunda, já patente, “Natália Correia: Do Universo Íntimo - ambientes e arte”, parte da colecção à guarda da instituição, e das opções da escritora, para recordar uma vida que é também um retrato do país, da ditadura à democracia.
O programa de Lisboa estender-se-á até 2024, com teatro, leituras, exposições e o retomar de percursos de Natália, desde o Bairro da Graça, onde fez do Botequim um dos pontos de encontro da cidade, ainda na ditadura, à zona de Santa Marta, onde viveu, atravessando os locais que marcou. A vista comentada ao Hotel Britania, onde Natália viveu durante os meses em que escreveu a peça “O Encoberto”, realiza-se a 19 de Setembro.
A primeira iniciativa deste programa, porém, acontece hoje e leva à letra o poema de Natália Correia “A defesa do poeta”, com o jantar literário na Biblioteca de Alcântara, “Poesia Comestível”.
No mesmo dia, a Casa Fernando Pessoa acolhe o “Projeto Natália”, pela atriz Mia Tomé com o músico micaelense Mário George Cabral, e na Sala do Capítulo do Convento da Graça será inaugurada a mostra “Desenhar Natália”, por 12 ilustradores que revisitam o seu universo. A exposição, inserida na programação da Colina das Artes da Junta de Freguesia de São Vicente, fica patente até 30 de novembro.
Nos dias 14 e 15, no Palácio Galveias, será reposta a peça “Nome: Natália”, de Ana Paula Costa, baseada na fotobiografia que fez de Natália Correia, com interpretação de Maria Emília Castanheira e cenografia de José Manuel Castanheira.
No dia de aniversário, em Lisboa, haverá ainda a conferência “Celebrar Natália Correia”, por Filipa Martins, autora de “Dever de Deslumbrar - Biografia de Natália Correia”, editada no passado mês de Março.
Em Viseu, na mesma data, o Museu Nacional Grão Vasco acolhe o espectáculo do Teatro Off “Dão-nos um lírio e um canivete e uma alma para ir à escola”, título que provém dos primeiros versos da “Queixa das jovens almas censuradas”, de Natália Correia.
No dia 16, no Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, realizar-se-á o encontro “Natália, Uma Força da Natureza”, por iniciativa do Diário de Lagoa e da editora Letras Lavadas, com investigadores, ensaístas e amigos da poeta como Ângela de Almeida, Carlos Melo Bento e Rui Tavares de Faria.
O Teatro da Malaposta, em Odivelas, terá em cena, nos dias 16 e 17, a peça “O Humúnculo”, sátira dos anos de 1960, censurada pela ditadura, em que se “reconhece o retrato de um Portugal moribundo de espírito e de jovens resgatados para a Guerra do Ultramar”, como se lê na apresentação.
A peça tem encenação de Sara Gonçalves e interpretação de David Medeiros, Élio Camacho, Frederico Amaral e Nelson Cabral.
Nos dias 18 e 19, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto acolhe o colóquio “A Filosofia, a Literatura e o Diálogo Inter-Artes”, dedicado a Natália Correia, com a participação de escritores, ensaístas, investigadores como Onésimo Teotónio de Almeida, Vivian Furlan, Nuno Costa Santos, Miguel Real, Fernando Dacosta, José Carlos Pereira e Lígia Rocha.
Organizado pelo Instituto de Filosofia da Universidade do Porto e o Arquivo Regional de Ponta Delgada, o colóquio tem por objectivo abordar a obra de Natália Correia na perspectiva menos explorada da ligação com as artes e o pensamento, tendo em conta, a mundividência, “a filosofia (pós) matrista”, a ética e utopia das suas narrativas e “afinidades e diferenças” com outras figuras do pensamento português, como o professor Agostinho da Silva.
No âmbito do colóquio, será também apresentado o acervo documental de Natália Correia da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, pela sua Directora, Isabel Iva Garcia.
No calendário desta semana, a Assembleia da República tem também agendada a “evocação de Natália Correia”, para a sessão plenária de Sexta-feira.

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