De acordo com os respectivos calendários, a nossa Região está a despertar para um novo ciclo de vida, após as férias e, essa tarefa, coube em primeiro lugar à Diocese de Angra, com a tomada de posse e entrada em exercício de novos sacerdotes, não só a nível paroquial, como nos acostumámos, mas abrangendo lugares de cúpula: vigário-geral, vigários episcopais, reitorias dos santuários e ouvidorias.
O Senhor D. Armando Esteves Domingues, há cerca de um ano Bispo da nossa Diocese, chegou, viu, dialogou… decidiu, sem fazer as «eleições» habituais de nomear, passando a contar com os sacerdotes e leigos que pela acção desenvolvida a nível da Igreja e da sociedade civil, já tinham manifestado - no púlpito e em mesas redondas – o desejo de alterar regras e atitudes para com o povo de Deus e se comprometerem a colaborar, partilhar, serem leais companheiros nessa jornada.
Já se vê que essa arrancada, com vista a implementar um novo ciclo de vida diocesana, não deve ter sido fácil, mas já em Julho passado – com a distância suficiente para tudo estivesse concluído quando o Ano Pastoral iniciasse: «e que tudo resultara da vontade de criar comunidades abertas à colaboração de todos e à partilha de responsabilidades dos sacerdotes, de modo que surjam paróquias abertas à colaboração com as vizinhas, onde se implementem novos espaços de evangelização e de responsabilização».
Creio que é preciso ter muito espírito de missão para quando se está bem e ter de mudar; enfrentar novas comunidades, reformular movimentos paroquiais e diocesanos, mas felizmente houve quem quisesse aceitar o desafio: Comprometo-me!
Pela realidade, às vezes penosa, com que vivo o que acontece nesta Diocese que deu bispos e pastores que missionaram pelo país e pelo mundo, alegro-me quando surge um renovado eco de alegria e paz, quanto ao futuro e ACREDITO, porque a Igreja é eterna…
Daquilo que pude acompanhar, creio ter sido a preparação e os desígnios da Jornada Mundial da Juventude, o ideário que o Senhor D. Armando trouxe na sua agenda para renovar.
Pregou-o e provou-o na missa que celebrou no cimo do Pico, rodeado por 130 jovens – um acontecimento que ficará para a nossa História - e, pelo seu simbolismo, talvez a juventude diocesana aceite, de novo «estar cá em cima é ter o Céu como limite», como suspirou em incontida alegria o nosso Pastor ao celebrar a Eucaristia!
Que nos unamos em espírito de Fé e de Confiança!
XXX
A «abertura do novo ano escolar e o recomeço das actividades políticas na Assembleia Regional dos Açores», são outros dois acontecimentos que também concorrem para um novo ciclo de vida nos campos político/educacional e de saúde, pois são estruturas prioritárias quanto aos destinos do nosso povo e integração nos campos nacional e internacional, com expressão europeia.
Daí sugerirem uma série de prognósticos, juízos de valor, comentários, realização de «universidades» de Verão e conferências de imprensa na delegação da Assembleia Regional.
É a política no «seu» rubro, como se amanhã ocorressem eleições legislativas…
E a interrogação que resulta deste clima é: vamos ter eleições ou vamos continuar até ao fim da legislatura?
Ouvindo o que se tem passado nesta primeira sessão da Assembleia parece-me, pelos debates da Oposição, que existe um clima de confrontação, com parcerias à última hora para não deixar passar as propostas da Coligação…
E, quanto à Educação /Ensino - que ainda bastante me interessa - é um esmiuçar de propostas e contra propostas, em emendas que pouco ou nada se diferenciam das sugeridas pela Secretaria Regional, num ano em que o Estatuto da Carreira Docente foi aprovado, por unanimidade; se alteraram os horários do ensino infantil, em beneficio da carreira dos educadores de infância, em dianteira ao que se pratica no País; se previu que 98% por cento das necessidades docentes ficassem colmatadas logo no início do ano escolar, mas que as «baixas» parecem contrariar; de haver mais 185 professores em funções lectivas; que o ensino digitalizado continua em bom ritmo, para já não falar nas recuperações e ampliações em edifícios escolares, de que a Escola Secundária Ruy Galvão de Carvalho é um exemplo.
Apesar desses atropelos, felizmente a democracia continua a seguir o seu rumo, por acção dos que nos governam, ou estejam na oposição…
Agora, o tudo por tudo não é muito para este «novo» tempo, porque não havendo maiorias, o escrutino é permanente, nas interpelações ao Governo; e, pelo que ouço e leio, a coligação tem sabido defender-se…
Daí concluir que governar os Açores é difícil; não é como a Madeira, somos nove ilhas onde por vezes, tudo é prioritário … Mas essas prioridades têm de ser avaliadas e bem, pois a demografia progressiva em algumas, é de repensar.
Vejamos, um caso dos nossos dias: uma escola secundária num dos concelhos da ilha das Flores, só tem dois alunos para matricular e a Câmara Municipal – pelo que ouvi – parecia reivindicar o direito de a manter aberta (!) … com uma outra na mesma ilha. Mas, quem paga?
A propósito, o Presidente do Governo inaugurou ontem a obra de estabilização da falésia do porto de Pedro Miguel, na ilha do Faial, lembrando uma realidade corrente ao «reconhecer que a obra apesar de pequena tinha sido complexa, estando o custo verdadeiramente subdimensionado no contexto económico no país e na região, mas era essencial para valorizar o território e criar condições essenciais de valorização».
Os Açores são isso mesmo, todos os dias; e, então quando há furacões como o Lorenzo que destroem tudo e complicam, de que maneira, a vida dos açorianos, sobretudo das ilhas mais pequenas e a República promete … promete, mas é o Governo Regional que avança e espera por compensações que demoram anos.
E, cito o nosso director-executivo Osvaldo Cabral, «a quem interessa eleições antecipadas?».
A ver vamos… mas a caravana continua a passar segura e «resiliente» (um termo que aprendi com estes tempos) - ainda hoje, mais uma conquista, já é possível descarregar, sem restrições, atum bonito EM TODOS os entrepostos activos dos Açores», como informa o Jornal «Correio dos Açores»!
E esta!...
Rubens Pavão *