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O país da cunha política

O que se está a passar com Marcelo, no caso das gémeas,  não é nenhuma originalidade política no nosso país.
Desde há muito tempo que os políticos são vistos como uma espécie de trampolim para que familiares, amigos e conhecidos alcancem um lugar na administração pública nacional, regional e autárquica.
É verdade que nem todos são iguais e, felizmente, ainda há políticos sérios, que se dedicam à causa pública com a maior das dedicações e irreprensível transparência.
O problema são os “outros”. E os “outros” são aqueles que são levados para lá, sem nenhum mérito, como ainda agora aconteceu com António Costa.
O que assistimos em Portugal (e também nos Açores, desde há muito tempo), é transversal a todos os partidos, imperando um facilitismo inebriante que se estende por toda a máquina do poder.
Sempre ouvimos que a cunha é uma instituição portuguesa, mas pior do que a cunha é o sentimento de injustiça e revolta que se apodera dos cidadãos quando vê o vizinho alcançar cargos ou benesses públicas sem estar habilitado para isso, só porque inscreveu-se no partido, ajuda a colar cartazes ou escreve artigos na imprensa local a bajular descaradamente o líder.
Temos disto às resmas entre nós e é tudo isto que constitui uma autêntica bomba de combustível para o populismo.
É à custa destes casos que os populistas estão a engrossar por todo o lado e a nossa região não fica atrás.
Concursos feitos à medida, promoções a galope, entradas de rompante na administração pública, sinais exteriores de bem-estar de um dia para o outro, a meritocracia nivelada por baixo, temos de tudo na nossa sociedade.
Pouco mais se pode esperar quando as escolhas políticas são medíocres e os representantes ditos do povo nem foram escolhidos ou eleitos directamente pelos cidadãos.
São os aparelhos dos partidos que escolhem, que formam as listas, que os distribuem a seu belo prazer e, depois, somos apenas chamados a votar num símbolo.
Não há responsabilidade directa entre os políticos eleitos e os cidadãos, pelo que, enquanto não se mudar este sistema podre e viciador, vamos continuar com os tradicionais esquemas da cunha que corrompe.
Nas próximas noites eleitorais, que vão ser três este ano, vamos assistir aos habituais choros dos políticos sobre as enormes taxas de abstenção e a deslocação de votos para os partidos populistas.
Não se podem queixar.
São eles próprios que vão degradando as instituições e a política.

Osvaldo Cabral
[email protected]

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