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Politicamente (in)Correto

Escrevo a crónica de hoje a bordo de um avião da HiFly, companhia portuguesa com uma subsidiária maltesa, a voar para a Kenya Airways entre Nairobi e Joanesburgo.A qualidade do serviço e, sobretudo, a competitividade que a linha aérea fundada por Paulo Mirpuri revela, num mercado altamente concorrencial como o da aviação comercial é notória e notável. Daqui a umas semanas, escreverei sobre a SATA, a nossa companhia, cujo trabalho é também notável em várias áreas.Mas agora divirjo para algo bem mais “terreno”: se é verdade que temos gente, projetos e missões de prestígio, a partir dos Açores, temos também oportunistas, malabaristas e equilibristas quanto-baste, alicerçados num falso populismo ou na política da moda.Teremos eleições dentro em breve. A legislatura que agora bruscamente termina, foi sempre baseada num equilíbrio periclitante de valores, tendências e competências. Mas foi honesta. Honesta e vertical desde o primeiro minuto, desde o momento em que José Manuel Bolieiro apresentou a alternativa resultante de acordos de governo e de incidência parlamentar. Não pensemos que do nosso lado estão todos os bons, e do outro lado estão todos os maus. Esta “tendência”, projetada em muitas lamentáveis sessões plenárias da Assembleia Legislativa Regional, com ataques que roçam a estupidez e que (a)tingem o pessoal, não pode ser a regra, a não ser para alguns “políticos profissionais” que não têm outra carreira que não seja o seguidismo, a projeção a partir das “jotas”, uma absoluta incompetência para ter vida própria depois de se terem encostado à oratória fácil e à dependência dos cargos.Não é, obviamente, dessa prole dificilmente qualificável que falo. Falo dos que trabalham a sério, entendem a política como missão e, depois dela, vão à sua “vida civil”, à sua carreira, à sua formação. E que são notoriamente prejudicados pela imagem pública de alguns. Veja-se o caso da legislatura agora interrompida: sem nenhuma objetiva razão política de fundo, sem nenhuma rigorosa justificação ideológica de princípio.A menos de um ano do final do quadriénio, apenas razões de projeção pessoal, de pseudo-vedetismo ou de necessidade de protagonismo levam, por exemplo, um deputado (um, apenas um) a romper acordos, a seguir uma agenda pessoal, una e intransmissível e a ajudar a provocar uma crise evitável. Aliás, uma crise artificial.Claro que a iniciativa não foi liberal. Foi pessoal. E a intenção (demasiado barata para merecer lugar na ALRA), pode sair muito cara. Em política, não pode haver prestidigitação. É quase como o velho ditado português: “quem não conheça, que compre”. Traduzindo, quem for parvo, que volte a votar.Nunca gostei de “últimas bolachas do pacote”. Porque, normalmente, estão partidas…

Rui Almeida*

*Jornalista

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