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No começo de 154 anos de publicação!

“Sempre fui um homem de esperanças e confio que o «Diário dos Açores» – que agora é o «nosso» aniversariante – vai contar muitos mais anos de publicação, a bem dos Açores, da sua unidade, tal como sempre foi o desejo acalentado pelos seus responsáveis.”

  1. Quando o jornalista Osvaldo Cabral me «avisou» que o Diário dos Açores iniciava, em 5 de Fevereiro, 154 anos de publicação e solicitou a minha colaboração, passei revisão ao meu arquivo para relembrar – e não me repetir – o que já escrevi para assinalar, essa histórica data nos contextos nacional e regional.
    Nessa ronda de saudade, avivei alguns factos passados: uns ligados à familiaridade que me dispensaram os diretores, doutores Carlos e Manuel da Silva Carreiro; ao ambiente de trabalho e companheirismo que era comum na Redacção, para que nova edição levasse a cada casa uma informação isenta, com valores na língua, na cultura, no conhecimento dos Açores e na proximidade dos seus povos; aos empregados que ajudaram, com dedicação e espírito de serviço, para que o jornal – que era o seu ganha pão – se mantivesse em circulação, por vezes com sacrifício pessoal; e ainda ao escol de colaboradores que mantinha semanalmente artigos de opinião/ reflexão, apenas movidos por um dever de civismo e de cidadania, sem qualquer compensação, a não ser – AMIZADE!
    Acrescento o facto de ter completado, por estes dias, 70 anos de colaboração assídua ou faseada, a este Jornal da minha infância e juventude; ao jornal onde coloquei esperanças numa caminhada que ajudou a fortalecer o meu espírito, me tornei conhecedor e critico da minha terra, da minha cidade, dos seus problemas, sempre numa visão de futuro…
    Ao longo desses anos, partilhei que nem todos os dias se comportavam por igual: era o papel para o Jornal que não chegava, porque os barcos demoravam, quer pelo tempo, quer pela greve dos estivadores, ou por que alguns resquícios da guerra continuavam a protelar os materiais de composição; era o cuidado a ter para que os artigos de opinião obedecessem, se possível e não dar nas vistas, à censura; era o equilíbrio financeiro do dia-a-dia para que ao fim do mês todos recebessem os seus salários; era a procura de anúncios junto do comércio e industria locais e o aumento de assinaturas, como suporte, para não ser dependente de ninguém, apenas vivendo de ideais!
    Nos dias que correm, apesar da digitalização superar situações que se desejavam, agora com a Inteligência Digital, em Portugal e nos Açores, assiste-se a uma permanente desilusão quanto à sobrevivência da imprensa, com atropelos de toda a ordem, para já não falar dos encargos financeiros.
    Enfim, ou há «ajudas», equitativas e oficialmente definidas, ou então os «títulos» ficam ao sabor das circunstâncias… e, nas edições de hoje li um novo clamor: «16 órgãos de comunicação social dos Açores escrevem carta aos partidos alertando para a dramática situação no sector».
    Mais uma pedra no sapato no rol das petições que serão discutidas e repetidas neste escrutínio parlamentar, «pois torna-se difícil, para não dizer quase impossível, a rentabilização com base apenas no digital».
    Estou certo: vá haver consenso, desde que cada partido não queira decidir só pela sua cabeça; aliás creio ter ouvido que já existiu essa tentativa de solução… Quem o confirma, hoje mesmo, é o Presidente José Manuel Bolieiro «Eu trabalhei para isso. Criaram um anátema e boicotaram; e, portanto, há hoje responsáveis pela crise».
    Cada um que se interrogue…
    Apesar de tudo, nos Açores felizmente se publicam jornais centenários; contudo, apesar desse «diploma de honra», o futuro não é promissor, obrigando a mantermo-nos vigilantes, «para que o pensamento claro não devore a cabeça»!
    Sempre fui um homem de esperanças e confio que o «Diário dos Açores» – que agora é o «nosso» aniversariante – vai contar muitos mais anos de publicação, a bem dos Açores, da sua unidade, tal como sempre foi o desejo acalentado pelos seus responsáveis.
  2. Ainda ao recordar esses meus 70 anos de colaboração ao «Diário dos Açores», creio que o Director- adjunto, Osvaldo Cabral, não me leva a mal se agora evocar «todos» os que partiram do meu tempo – e saudar os irmãos Maria Isabel e Carlos Carreiro, membros duma família que deixou marca de valor e de pioneirismo na Imprensa Açoriana, desde o fundador Tavares de Resende.
    Tudo começou quando terminei o curso de professor; e, a conselho de meu Pai, disponibilizei-me para dar um «complemento» à minha vida de docência. Fui recebido como um filho, pelos doutores Carlos e Manuel Carreiro, que me incentivaram dia após dia: passei a fazer reportagens, notícias sobre acontecimentos da vida local e açoriana, artigos de opinião; enfim, considerei-me um «jornalista» mesmo sem carteira, que procurou prestar um serviço isento em informação, numa prosa com regras de sintaxe e de morfologia, como era próprio dum professor primário…
    O meu primeiro companheiro de trabalho foi o saudoso Manuel Jorge Raposo, da Administração, mas ao longo dos anos, «o faz de tudo» no Jornal; e, em momentos difíceis, até seu director!
    Ali também encontrei o meu companheiro do Liceu, Gustavo Moura, que era responsável pela «Página Desportiva»; e, ambos sempre tivemos a mesma opinião: o «Diário» fora a nossa segunda escola de saber!
    Na verdade, nos anos que passei – e, pela graça de Deus, continuo- consolidei o conhecimento da terra, dos homens, das instituições, dos problemas do dia-a-dia, até de relações interpessoais que me foram uteis no desempenho das minhas funções oficiais, como inspirador dum serviço educativo/social à comunidade.
    Parabéns para o «Diário dos Açores», para a Empresa que o suporta, para quem o dirige, aos que nele trabalham e aos «renovados» colaboradores que em artigos de opinião, apoiam o que se tem feito, ou são críticos, sempre em defesa de S. Miguel e dos Açores!
  3. Rubens Pavão

Dia de S. Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas– Fevereiro/ 2024.

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