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Agricultores fazem hoje marcha lenta em S. Miguel

Os agricultores da ilha de São Miguel vão organizar uma marcha lenta hoje, em Ponta Delgada, Lagoa e Ribeira Grande, para exigirem soluções para os problemas que o sector atravessa na região
O protesto, organizado pelo Movimento Cívico de Agricultores de São Miguel, terá início pelas 10h00 locais na freguesia dos Arrifes, no concelho de Ponta Delgada.
O porta-voz do movimento, Fernando Mota, disse que são esperadas na concentração “algumas centenas de agricultores”, que participam com as suas viaturas e com os seus tratores.
A marcha lenta, com o percurso Ponta Delgada – Lagoa – Ribeira Grande, terminará na Associação Agrícola de São Miguel (em Santana, Rabo de Peixe, concelho de Ribeira Grande), onde os agricultores tencionam entregar o manifesto com as suas reivindicações.
Fernando Mota disse que a iniciativa é uma forma de os agricultores micaelenses reivindicarem soluções para o seu descontentamento.

Agricultores pedem mais
controlo na Marca Açores”

“Nós não sabemos como é que vai ser a nova Política Agrícola Comum (PAC). Pelo que vai cá chegando, a conta-gotas, há mais uma série de restrições. Há esse descontentamento, porque competimos com produtos que vêm de outros países, que não têm as regras que nós temos, que não pagam os impostos que nós pagamos e é impossível, humanamente impossível, tecnicamente, economicamente impossível, nós produzirmos e ficarmos em pé de igualdade”, explicou.
O responsável salientou que os lavradores açorianos também pedem “que haja mais controlo na marca Açores”.
“Porque sabemos que vêm produtos de fora da Região, são misturados com os nossos e vendidos com a nossa categoria, com o nosso ‘marketing’, com o selo Açores. Isto não é correto”, frisou.
No caderno reivindicativo os agricultores de São Miguel pedem, entre outras medidas, a prorrogação do prazo das candidaturas “no apoio direto aos jovens para diminuir os sobrecustos de pagamentos à Segurança Social”, “no apoio direto ao sobrecusto do aumento das taxas de juro” e no apoio à transição digital e inovação previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a sistemas automáticos de alimentação animal e ordenha.
A descida do imposto sobre os produtos petrolíferos do gasóleo agrícola, a redução do preço das rações, a aplicação de um sistema Simplex no licenciamento às explorações e na autorização de corte de matas, são outras das exigências.
Hoje, pelas 09h00, também haverá outro protesto de agricultores em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, com início na Zona Industrial, para reivindicação de “preço justo” para o leite e para os agroalimentos.
Recorde-se que, também a nível nacional, o Movimento Civil dos Agricultores admite provocar dificuldades na produção e distribuição se o Governo não pagar apoios até ao final de fevereiro.
O Ministério da Agricultura garante que redução do ISP no gasóleo agrícola já foi aplicada.
O Ministério da Agricultura esclarece que a redução já foi aplicada, mas que o impacto é inferior ao esperado – o desconto foi de 2,6 cêntimos, mas, com a subida de dois cêntimos no preço do gasóleo, o preço final desceu apenas 0,6 cêntimos.

Baixa do preço do leite
na Insulac e Prolacto

A Associação Agrícola de São Miguel e a Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses lamentaram a descida do preço do leite implementada pela Insulac e pela Prolacto, alegando que contrariam a tendência “positiva dos mercados lácteos”.
Em comunicado, as associações referem que a indústria de laticínios “Insulac baixou o preço de leite aos seus produtores em Fevereiro, em média 1,5 cêntimos por litro, acompanhando a Prolacto, que tinha baixado em janeiro, em média dois cêntimos por litro”.
“Estas descidas contrariam de uma forma clara e objetiva a tendência positiva dos mercados lácteos a nível nacional e internacional”, lê-se numa nota conjunta das duas organizações.

“Uma afronta aos produtores
de leite”

Para as associações, “esta atitude constitui uma afronta aos produtores de leite, sendo completamente injustificada neste período”, alertando que “os custos de produção permanecem em alta”, embora já se tenham verificado algumas descidas, nomeadamente nas rações, no gasóleo agrícola e nos fertilizantes.
Por isso, as associações reiteram a necessidade de “um mecanismo como a redução voluntária da produção de leite”, já que algumas indústrias “continuam a implementar estratégias antigas”, que “passam sempre por penalizar os produtores, abdicando de valorizar os seus produtos nos mercados”.
“A modernização de algumas indústrias que foi sendo realizada ao longo dos anos não serviu para contrariar a estratégia que não protege a fileira e, ao invés, contribui para desacreditar a excelência do nosso leite”, lê-se no comunicado de ambas as associações enviado ao Diário dos Açores”.

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