O líder da coligação PSD, CDS e PPM, José Manuel Bolieiro, vai iniciar na próxima semana contactos para a formação do novo Governo, podendo mesmo começar a dirigir convites a personalidades para integrar o novo elenco, disse ao nosso jornal fonte social-democrata.
A mesma fonte confirmou ao Diário dos Açores que, durante estes dias, Bolieiro estará reunido com Artur Lima e Paulo Estêvão, líderes do CDS e PPM, respectivamente, com vista a definir “o novo elenco e estratégias de governação”.
O programa de Governo só deverá ser apresentado no Parlamento açoriano depois das eleições nacionais de 10 de Março, em que os partidos nos Açores vão estar agora empenhados durante a campanha eleitoral.
Desmentido contactos
com Chega
A mesma fonte disse ainda ao nosso jornal que Bolieiro não terá contactado com nenhum outro partido “nem mandatou ninguém”, com vista à formação do Governo, desmentindo assim informações de que teria havido contactos com o Chega ou com outras forças políticas.
A expectativa para o dia de hoje está centrada na reunião do Secretariado do PS-Açores, que deverá definir a sua posição quanto à viabilização do Governo da coligação.
Vasco Cordeiro escreveu na sua página das redes sociais que os açorianos decidiram, nas eleições regionais de Domingo, que o PS/Açores deve estar na oposição e é isso que fará, porque nessa função “também se serve” o povo.
Cordeiro: “O povo decidiu,
está decidido!”
“O povo decidiu, está decidido! Decidiu quem venceu as eleições, com as prerrogativas e responsabilidades que daí advêm. A estes, as minhas felicitações”, referiu o líder do PS/Açores na referida publicação.
Dois dias depois de a coligação PSD/CDS-PP/PPM, liderada por José Manuel Bolieiro e no poder na Região desde 2020, ter vencido as eleições regionais, Vasco Cordeiro disse que os açorianos decidiram “quem deve estar na oposição, com as prerrogativas e responsabilidades que daí advêm”.
“De forma clara, [o povo] decidiu que o PS/Açores deve estar na oposição. É isso que o PS/Açores fará, tendo por ‘salutar advertência’ – para usar a expressão de Vitorino Nemésio – que aí também se serve o povo açoriano!”, rematou.
O socialista agradeceu “a todos quantos exerceram o direito de voto e cumpriram o seu dever” e, de forma particular, aos que manifestaram a sua confiança e colaboraram na candidatura que liderou.
PSD reforça apoio a Bolieiro
Por sua vez, o PSD/Açores reafirmou que José Manuel Bolieiro tem a “firme intenção” de liderar o Executivo açoriano com maioria relativa, apesar de o líder regional do Chega ter dito que o social-democrata talvez tenha de mudar de ideias.
“Ele [José Manuel Bolieiro] diz muita coisa, mas ele vai ter de mudar de ideias, se calhar”, afirmou o líder do Chega/Açores, José Pacheco, indicando que já foram feitos “contactos informais” com “altos dirigentes” para um eventual acordo com o PSD.
Fonte oficial do PSD/Açores “não confirma quaisquer contactos” com o líder regional do Chega e garante que “é firme intenção do presidente governar com uma maioria relativa”.
O Presidente da estrutural regional social-democrata e líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM, José Manuel Bolieiro, disse no Domingo que irá governar com “uma maioria relativa”, salientando que “uma vitória nunca é uma minoria”.
“Eu governarei com uma maioria relativa. E não se trata de uma minoria, uma vitória nunca é uma minoria, é uma maioria de votos e de mandatos”, disse aos jornalistas após o seu discurso de vitória, na sede do PSD/Açores, em Ponta Delgada, ao lado do líder social-democrata, Luís Montenegro.
Pacheco quer ir para o Governo
José Pacheco reafirmou que o partido rejeita um acordo de incidência parlamentar, como aconteceu em 2020: “Não há acordo. Estamos disponíveis para ir para o Governo [Regional].”
Os contactos informais, acrescentou, “não passam de meras conversas de pessoas que se conhecem e que se estimam e que trocam umas impressões”.
Pacheco repetiu que está disponível para dialogar com Bolieiro, rejeitando conversas com os líderes locais do CDS-PP e do PPM, Artur Lima e Paulo Estêvão, respectivamente.
Na noite eleitoral, em que o Chega considerou ser o partido com mais motivos para festejar, o dirigente disse mesmo que qualquer acordo seria inviabilizado pela presença do CDS e do PPM no executivo.
“Nós temos de levar esta governação a sério. Não vamos cometer os erros que foram cometidos em três anos. Incidência parlamentar foi um erro grave. Nós temos de lá estar [no Governo Regional], temos de tomar conta das áreas e temos de nos sentar à mesa, acompanhar. O Programa do Governo tem de lá ter também as nossas bandeiras. Daqui não saímos. Eu penso que também da parte do PSD tem de haver essa abertura. E há essa abertura”, afirmou.
Recorde-se que o representante da República para os Açores, Pedro Catarino, prevê ouvir os partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa nos dias 19 e 20 de fevereiro, depois de publicados os resultados oficiais das eleições regionais de Domingo, que estão desde hoje a ser apurados.
Num comunicado divulgado na Segunda-feira, Pedro Catarino revela que, “à semelhança da prática seguida em actos eleitorais anteriores, aguardará pela publicação em Diário da República do mapa oficial com os resultados eleitorais para proceder à audição dos partidos políticos representados na Assembleia Legislativa, com vista à indigitação do presidente do Governo Regional e à posterior nomeação de um novo executivo”.
Nas legislativas regionais de domingo, a coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu e garantiu 26 deputados, o Chega cinco e a IL um parlamentar, ou seja, mais dois assentos do que os 29 necessários para assegurar uma maioria absoluta.
Em 2020, PSD, CDS-PP e PPM, que então concorreram separados, também conseguiram eleger 26 deputados (PSD 21, CDS-PP três e o PPM dois) e foram feitos acordos com o Chega e a IL.
Agora, o Chega mais do que duplicou o número de deputados, passando de dois para cinco parlamentares, enquanto a IL manteve o lugar que tinha conquistado pela primeira vez em 2020.
À esquerda, o PS conquistou 23 lugares no parlamento, menos dois que nas anteriores regionais, e o BE perdeu um dos dois parlamentares que tinha. O PAN voltou a assegurar um assento no parlamento regional.
Estas três forças políticas juntas têm apenas 25 deputados, ficando a quatro da maioria absoluta.
Em Novembro, a abstenção do Chega e do PAN e os votos contra de PS, IL e BE levaram ao chumbo do Orçamento dos Açores para este ano e, no mês seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a dissolução da Assembleia Legislativa e a marcação de eleições.