A Batalha das Limas, tradição carnavalesca única no país, regressa na Terça-feira à marginal de Ponta Delgada, onde são esperados centenas de participantes, para o “combate de água”, apesar de críticas de ambientalistas, indicou a autarquia de Ponta Delgada.
A Batalha das Limas começou por ser de flores, que posteriormente foram substituídas por limas, ou seja, pequenos recipientes em parafina produzidos artesanalmente para encher com água.
Contudo, ao longo dos anos, as limas têm vindo a dar lugar a sacos de plástico, cheios de água, que são utilizados como armas de combate na batalha e que levam às críticas dos ambientalistas.
A Câmara de Ponta Delgada destacou a importância de manter viva esta tradição micaelense, garantindo que será criado, na Avenida Infante Dom Henrique, na cidade de Ponta Delgada, “um espaço vedado reservado para os batalhantes” e serão espalhados caixotes de lixo pelo recinto.
Segundo a mesma fonte, está também “proibida a batalha fora do percurso definido”.
“O Clube Naval de Ponta Delgada também vai colaborar nesta batalha, com duas motas de água a circular entre as Portas da Cidade e a Marina para monitorizar o espaço e recolher eventuais resíduos que possam cair ao mar”, refere o município.
Para reduzir o impacto ambiental da tradição, está também prevista a limpeza da zona onde vai decorrer a Batalha das Limas, com recurso a uma equipa da Câmara Municipal de Ponta Delgada, a que se juntarão todos os participantes, para que a cidade fique “sem vestígios deste evento”, assinala a mesma fonte.
Apesar dessas medidas, a Associação para a Promoção e Proteção Ambiental dos Açores (APPAA) reitera a necessidade de ser corrigida “a prática indefensável de festejar o dia de Carnaval na avenida Infante D. Henrique”.
Em nota enviada às redações, a APPAA considera “contraditório que continue a cedência e o patrocínio da Câmara Municipal de Ponta Delgada a uma actividade que contraria todas as boas intenções”, os esforços feitos para a educação ambiental e as regras e normativas europeias, nacionais e regionais sobre poluição.
A APPAA realça que “a consciencialização ambiental tem sido crescente e a autarquia de Ponta Delgada tem tomado decisões com caráter definitivo, nomeadamente no ordenamento do trânsito, apesar da dificuldade de serem compreendidas imediatamente”, pelo que não compreende “a invocação” de que está em causa uma tradição.
“Não pode ser considerado tradicional o uso de parte de uma avenida que existe há poucas décadas. Nem pode ser considerado tradicional o uso de um material que começou a ser usado nos finais do século anterior e começou a ser proibido logo na década seguinte”, lê-se no comunicado.
Lembrando que todas as ilhas dos Açores, incluindo São Miguel, “são ricas em tradições muito diversas para celebração do carnaval”, a APPAA defende que o apoio da autarquia às manifestações carnavalescas tradicionais “seria uma decisão com valor cultural e ambiental”.
Por isso, a associação ambiental reitera o apelo para que a autarquia retire o apoio para a utilização de qualquer via pública para a Batalha das Limas.
De acordo com informação da autarquia, este ano participam na tradicional batalha nove equipas e 10 camiões, “num combate de água” onde os participantes, uns em camiões, e outros a pé, tentam molhar quem passa e lutam entre si no dia do Entrudo.
A Batalha vai decorrer a partir das 14:30 locais.
Devido à realização deste evento, a Câmara informa que as linhas do minibus serão interrompidas a partir das 13:00 locais.
Além disso, o trânsito e estacionamento ficarão proibidos das 12:00 às 21:00 locais, na Avenida Infante D. Henrique, no troço compreendido entre a rua de São Pedro e a Praça Gonçalo Velho Cabral e rua Dr. José Bruno Tavares Carreiro, no centro da cidade de Ponta Delgada, conclui a nota da autarquia.