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Sinais de alerta

Com toda a gente focada nas eleições e nos respectivos resultados, ainda ninguém se deu ao trabalho de olhar para os sinais da economia regional e dos cenários que as instituições em Portugal e na União Europeia estão a traçar para os próximos tempos.
O abrandamento da economia no país, previsto para este ano pelo Banco de Portugal, mais o abrandamento previsto para a Zona Euro, vão chegar também aos Açores, se é que já não nos está a bater à porta.
A queda do turismo em Dezembro e a subida do desemprego no último trimestre de 2023 são sinais evidentes de que a economia açoriana poderá estar em fase de abrandamento.
Olhando para os números agora divulgados pelo SREA e pelo INE, o panorama do emprego/desemprego já não está a ficar tão risonho como nos trimestres anteriores, com mais desempregados e uma taxa mais elevada no último trimestre.
A redução de voos da Ryanair poderá estar associada à queda do turismo em Dezembro e não é por acaso que os empresários do sector já lançaram um alerta para a enorme quebra de reservas nesta época baixa.
Analisando a população empregada por sectores de actividade, ainda não é certo que haja redução directa de empregados na hotelaria e restauração, mas houve noutros segmentos conexos que poderão estar na origem da subida de 6.700 desempregados em Dezembro de 2022 para 8.700 em Dezembro de 2023.
O caso dos Transportes é o que mais ressalta do quadro do desemprego, com uma redução de pessoal, homóloga, da ordem dos 15%, seguindo-se outra redução alta, de 11%, nas Actividades Administrativas e dos Serviços de Apoio.
Há ainda quebras expressivas na Agricultura e Pescas (-6%) e na Educação (-10%).
Vamos aguardar pelo próximo trimestre para ajuizar se a trajectória se mantém, mas a previsão geral de quem conhece relativamente bem a nossa economia é de que as dinâmicas económicas vão causando os seus impactos paulatinamente.
A dinâmica com que vínhamos na recuperação da pandemia pode estar a abrandar em força.
A falta de competitividade do nosso sector económico, nas suas mais variadas componentes, é um problema crónico que tem de ser olhado com mais atenção pelos poderes regionais.
O caso da Ryanair é paradigmático da nossa regressão de competitividade, quando o seu CEO foi claro: “Os Açores têm taxas caras e preferimos voar para outros destinos europeus mais baratos”.
A nossa Região andou durante muito tempo com pezinhos de lã relativamente à ANA, vendida a preços de saldo à VINCI, que agora nos suga o couro e cabelo, sem investir nos aeroportos que dispõe na região e aplicando taxas que retira qualquer competitividade relativamente a aeroportos europeus.
Os indicadores nacionais também não ajudam, com a população empregada a cair 0.7% em cadeia no 4º trimestre e a taxa de desemprego também a aumentar para 6.6%.
Como avisam as instituições financeiras em Portugal, a robustez do mercado de trabalho deverá continuar a ser um factor de suporte ao crescimento económico em 2024, mas com menos vigor.
Acresce a tudo isso a perda de rendimento dos trabalhadores, em que o salário médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem, em Portugal, subiu, no ano passado, 30 euros, para 1.041 euros, o que corresponde a um aumento de 2,97%, face ao vencimento médio de 1.011 euros de 2022, mas o problema é que o aumento é todo comido pela inflação média do ano, tal como acontece nos Açores.
Finalmente, para agravar ainda mais estes sinais, é pensar no prolongamento da crise política nos Açores.
Se não tivermos governo nos próximos meses e se formos obrigados a novas eleições, temos o caldo todo entornado, o que é o mais certo, já que as principais forças políticas na região estão aser telecomandadas pelos líderes em Lisboa, devido às eleições nacionais, pondo o interesse dos Açores e dos açorianos para trás.
Será um ano perdido, com o desperdício da bazuca do PRR, atrasos na aplicação de fundos, funcionamento em duodécimos e tudo a andar para trás.
É o que se chama entrar num novo ano com o pé esquerdo.
Alguém assumirá responsabilidades?

Osvaldo Cabral
[email protected]

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