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Conselhos de médico – Prevenção “quaternária”

A prevenção quaternária é o conjunto de ações que visa evitar danos associados às intervenções médicas e de outros profissionais da saúde, como o excesso de medicação ou cirurgias desnecessárias (iatrogenias). Assim, quando o tratamento for considerado pior que a doença, deve-se buscar uma alternativa aceitável a esse tratamento.
A prevenção quaternária deve prevalecer em qualquer outra opção preventiva, diagnóstico e terapêutica, segundo o princípio de Hipócrates “primun non nocere (em primeiro lugar não prejudicar o doente).

1 – Na prevenção quaternária devem ser sugeridas alternativas aceitáveis, capacitar os utentes quanto às implicações dos tratamentos / intervenções e evitar medicamentos desnecessários ou pouco eficazes. Deverá ser sempre salientada a importância das decisões clínicas da medicina baseada na evidência e ter em conta a relação custo-benefício para o doente e para a sociedade. Este tipo de prevenção aplica-se a toda a medicina desde os rastreios, ao diagnóstico, tratamento e seguimento. Em todas as fases é necessário muito cuidado para não fazer intervenções que possam prejudicar o doente.
2 – A ideia principal é evitar o “sobrediagnóstico” e o “sobretratamento” dos pacientes.
Exemplo: A definição de hipertensão arterial é um valor superior ou igual a 140 /90 mmHg, medida em repouso e de uma forma continuada. Uma única medição de 140/90 mmHg, em especial num doente ansioso não faz dele um hipertenso a necessitar de medicação.
Um doente com um nível de colesterol total de 200 mg/dl, tem um valor normal. Se tiver até 240 estará um pouco elevado. Se for um doente ativo, não obeso, sem hipertensão arterial, não fumador, sem diabetes, com um nível de LDL (colesterol “mau”) dentro do normal (menor que 100 mg/dl), este doente não necessita de tratamentos.
Considera-se diabético um doente que tenha um nível de glicémia (açúcar no sangue) superior a 125 mg/dl, medido em jejum e por mais de uma vez. O ideal é ter um valor inferior a 100. Atenção para não classificar utentes como doentes e prescrever medicação desnecessária.
3 – Esta ideia do excesso de intervencionismo também se aplica a outros tipos de tratamentos, cirurgias e até exames. Sim senhor, alguns exames que são desnecessários podem prejudicar os doentes de uma forma direta (efeitos secundários e custos financeiros) ou de forma indireta pelas implicações futuras que levam a medicação, cirurgias, tratamentos e mais e mais exames para confirmar ou excluir um possível diagnóstico.
4 – A tudo isto junta-se a possível perturbação psicológica que os doentes podem sofrer com diagnósticos errados e tratamentos / intervenções totalmente desnecessárias.

Notas:
1 – Certifique-se com o seu médico de família que o que lhe propõem é correto;
2 – Faça apenas os exames estritamente necessários. Confie na medicina baseada na vidência científica. Não se deixe “levar” por pseudo “medicinas alternativas”, que são “banha da cobra”.
3 -Haja saúde. Haja saúde. Haja saúde.

António Raposo*

  • Médico fisiatra
    e especialista em medicina desportiva
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