O crédito para consumo nos Açores aumentou no ano passado e o destinado à habitação diminuiu, segundo dados do SREA consultados pelo nosso jornal.
No 4º trimestre do ano passado foram concedidos pela banca açoriana 2.343,5 milhões de euros para habitação, quando no ano anterior tinham sido 2.342,8 milhões de euros.
Já para consumo e outros fins o crédito concedido foi de 928,4 milhões de euros, mais do que os 904,6 milhões de euros concedidos no período homólogo de 2022.
As empresas açorianas também recorreram mais à banca no ano passado, contraindo 1.722,9 milhões de euros em empréstimos, quando no ano anterior tinham sido 1.650,2 milhões de euros, , um valor superior em 4,4% ao observado no trimestre homólogo (mais 72,4 milhões de euros).
O rácio de crédito vencido neste setor institucional atingiu 1,0% no final do trimestre, apurando-se um montante de 17,5 milhões de euros de crédito malparado (menos 7,4 milhões de euros do que no trimestre homólogo).
Os empréstimos a particulares continuam a ser a maior fatia do bolo da banca açoriana.
Com efeito, o saldo dos empréstimos concedidos a particulares situou-se em 3.272,0 milhões de euros no final deste trimestre, menos 12,7 milhões que o observado no trimestre homólogo.
O montante do crédito malparado neste setor (particulares) atingiu 21,5 milhões de euros no final do trimestre (menos 3,3 milhões de euros do que no trimestre homólogo).
3 em cada 4 famílias
com dificuldades
para pagar contas
Três em cada quatro famílias portuguesas sentiram dificuldades para pagar as suas contas ao longo do ano passado, nomeadamente em áreas tão críticas como a alimentação, educação, habitação, lazer, mobilidade e saúde, de acordo com o barómetro anual da Deco Proteste, divulgado ontem.
O levantamento, que abrangeu quase sete mil agregados em território nacional, revela ainda que, em 2023, 7% dos inquiridos se encontravam numa situação financeira limite.
A crise habitacional surge como um dos principais impulsionadores deste aperto financeiro, anulando qualquer alívio proporcionado pela diminuição da inflação.
Neste sentido, o aumento das taxas de juros foi apontado como uma das razões pelas quais quase 28% das famílias lutaram para cumprir com os seus empréstimos bancários.
A par, também o custo das rendas terá contribuído significativamente para tais dificuldades, com 23% dos inquilinos a enfrentar desafios para arcar com os pagamentos.
Apesar de algumas áreas como a mobilidade, saúde e alimentação terem apresentado melhorias em relação ao ano anterior, a inflação continuou a impactar negativamente a vida dos portugueses: cerca de um terço das famílias (31%) relataram sentir “muito mais” dificuldades em pagar despesas essenciais, enquanto 4% descreveram a situação como uma “missão impossível”.
Apenas uma minoria (6%) afirmou não ter sentido o efeito do aumento dos preços.
Em concreto, entre as dez despesas que sofreram maior aumento de preços encontram-se a renda da casa (+11% face a 2022), restaurantes (+7%), empréstimos (+6%), férias grandes (+6%), livros e streaming (+4%), educação superior (+4%), eventos culturais (+4%), actividades desportivas (+4%), saúde (+4%) e vegetais e fruta (+4%).
O barómetro da Deco Proteste detalha que as famílias monoparentais, as numerosas e aquelas em que pelo menos um membro está desempregado são as mais afectadas – estima-se, aliás, que cerca de 75 mil famílias monoparentais em Portugal enfrentem uma situação de pobreza extrema.
Já por região, o Alentejo e o Centro foram identificados como os locais onde se vive com mais dificuldade, sendo Castelo Branco o distrito mais pressionado e Bragança onde as famílias desfrutam de um maior desafogo.
Perante os resultados do inquérito, a associação projeta um cenário pouco optimista para os próximos meses de 2024, prevendo um aumento das dificuldades financeiras no atual contexto de inflação e incerteza sobre a evolução das taxas de juros do crédito à habitação.
Os dados que serviram este estudo foram recolhidos entre Dezembro de 2023 e Fevereiro de 2024, existindo 6734 respostas válidas.
Para garantir a representatividade do universo das famílias portuguesas, refere a Deco Proteste, os resultados foram ponderados por idade, género, região e habilitações literárias.