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Entre o Céu e a Terra: A Palavra da Cruz no Caminho da Salvação

Do Céu à Terra veio a Luz ao Mundo. “O povo que jazia nas trevas viu uma grande de luz” (Mt, 4, 16). Do Nascimento do Menino Jesus chegámos ao Nascimento da Páscoa, Nascimento na Luz e no Batismo do Espírito Santo. Cristo afirma de Si: “Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo, 8, 12). Esta é Palavra de Caminho e de Vida, de vida eterna. João Paulo II justificando-nos na Fé em Cristo, exortava-nos, com Vigor, para o Sentido da Vida Eterna, esse é Fundamento das palavras de Cristo: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo, 10, 10). A Vida é Mistério de Amor. É sempre pela Luz que esperamos e só a Luz nos dá Esperança, mas acrescento, de Esperança Cristã, como essência de Virtude Teologal. Quem promete o futuro pode estar vazio de Deus, pode estar a encenar com a alienação mundanista. Deus não mora aí, Cristo veio resgatar-nos e salvar-nos.
A Verdadeira Força genésica do Futuro está no Sentido da Vida Eterna, que se cumpre – deve cumprir-se -, amplamente, já neste mundo, com uma Vida virtuosa, – apesar de pecadores -, fundada nas Bem-Aventuranças. O Sermão da Montanha é um Vínculo do e com o “Para Sempre”, esse é o Vínculo Cristão e Católico, esse é o Vínculo, com Cristo, no Matrimónio Católico, Promessa em Cristo, e demais sacramentos. Neste Tempo, urge sentir, e viver, com Alegria, os Vínculos que permanecem. Na Quinta-Feira Santa, na Última Ceia, Cristo Instituiu a Sagrada Eucaristia, permanecendo, para Sempre, na Hóstia Consagrada, na Sexta- Feira Santa, a Cruz tornou-se, em Cristo, a condição de vencer as trevas e a morte, e de, no Sábado Aleluia conquistar para nós e para a humanidade A Luz Eterna, com a Ressurreição.
Há que rejeitar a sociedade de vãs promessas, de anti-valores, viscosos, escorregadios, e afirmar os Valores de Vida, por que todos anseiam mas sem quererem os sacrifícios da “Porta Estreita”. A “Porta larga” é o precipício da ambição, da corrupção, da perdição, do não cumprimento dos Mandamentos da lei de Deus.
Hoje não basta falar de Esperança, é preciso falar da Esperança como virtude teologal. Só a Esperança Cristã nos dá força para caminhar. Com Cristo há Horizonte, há Futuro, mas na Certeza da Eternidade. Numa época sem espírito, caída na alienação, na podridão da descrença, numa sociedade com contra-valores, com laicismo inóspito, etc, parece que temos de aprender tudo de novo, parece que tudo tem de recomeçar. O Papa João Paulo II deu-se conta da necessidade de um recomeço, o Papa Bento XVI deu-se conta da necessidade de um recomeço, mas esse recomeço significa partir do fermento que leveda, mesmo que com poucos, mas fiéis à Igreja de Cristo e ao Pastor Universal, Jesus Cristo, enviado por Deus, Seu Pai Celeste. Jesus Cristo fez a ligação, para sempre, entre o Céu e a Terra e da Terra ao Céu. Cristo era – é – a Palavra que Deus tinha para revelar ao Mundo, como nos explica Bento XVI, esse mundo amado por Deus, mas do qual Cristo também se aborreceu. Mas, depois, de seguida, veio a Certeza. “Eu venci o mundo”. E Cristo mostra-Se na sua Identidade como a Porta, neste mundo a Porta para chegar ao Céu. Mas que porta?, retomando o que antes dissemos. Bem o sabemos, não a porta larga, mas a “Porta Estreita”, a Porta da Renúncia, a Porta do Despojamento, “A Porta Estreita”, a Verdadeira Palavra de Deus, da Santíssima Trindade, que é fonte de Salvação, já neste mundo, não a porta larga que é a tentação e perdição com o dinheiro fácil, o ódio, a corrupção.
Mas podemos, e devemos, dizer não às insídias do maligno, como nos adverte e ensina o Papa Francisco no Livro Pai Nosso. No Livro Pai Nosso afirma o Papa Francisco, com vigor humano, filosófico e teológico, como Pastor. “(…) o mal não tem nem a primeira nem a última palavra. E é graças a esta paciente esperança de Deus que esse mesmo joio, isto é, o coração maléfico com tantos pecados, pode por fim transformar-se na semente boa. Mas atenção: a paciência evangélica não é a indiferença ao mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Perante o joio presente no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, alimentar a esperança com o amparo de uma fé inabalável na vitória final do bem, ou seja, de Deus”. (Francisco, Pai Nosso (2018), Editora Planeta, pp: 115-116. Estes ensinamentos do Papa Francisco ajudam a elucidar a parábola do Trigo e do Joio, em que Cristo, perante a vontade de os discípulos arrancarem, ainda verde, o joio, diz que se deve esperar pelo tempo da ceifa e da colheita e, aí, sim, separar o trigo do joio, este será queimado na “Geena”. Desta passagem tiramos Lições para a vida neste mundo, a vida natural, e para as coisas de Deus, a vida sobrenatural, que se interligam, como nos mostra a passagem de Jesus com Marta e Maria. Mas Cristo foi claro, como sempre: “Maria escolheu a melhor parte”. E nós, Quem escolhemos? O que escolhemos? Torna-se evidente, luz da consciência, que é fundamental, decisivo, deixarmo-nos instruir pelo tempo e pela paciência, saber Esperar, em movimento de ser e estar. É preciso saber integrar nas nossas vidas a Sapiência do Tempo Longo de Deus. A Vitória é certa, sempre.
E com Jesus, há sempre um lugar para nós. Jesus prepara um lugar para nós, porque Sabe o caminho e Sabe que é, Ele Mesmo, O Caminho. Afirma Cristo pelo Evangelista São João: “E, quando eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei outra vez, e levar-vos-ei Comigo, para que, onde Eu estiver estejais vós também. E vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho”. (Jo, 14, 3.4). Quanta Beleza essa intimidade com Cristo, esta familiaridade que vem do conhecer e da Fé em Cristo que lançou o Caminho entre este Mundo e do Outro, de onde veio, apesar da sua conceção se dar em Maria, no Mistério do Divino Espírito Santo. Porque, como afirma Cristo, “Em verdade, em verdade vos digo: Antes de Abraão existir, Eu sou” (Jo, 8, 589. “Este é o “pão que desceu do Céu” (Jo, 6, 58). E em tudo isso há um sentido ontoteológico, humano e cristão, por antecipação.
Mas Tomé, sempre na dúvida, ou na ignorância, disse: “Senhor, nós não sabemos para onde vais, como podemos saber o caminho?”, A ignorância de Tomé, ainda pouco apurado para as Coisas do Alto, – mesmo convivendo com Jesus Cristo! -, teve o mérito, indireto, de Jesus afirmar: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se vós Me conhecêsseis, também conheceríeis meu Pai; desde agora O conheceis e O tendes visto”. (Jo, 14, 6-7). No mesmo capítulo, logo no versículo 1, Cristo afirma “Não se turve o vosso coração: Credes em Deus e também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, ter-vo-lo-ia dito, pois vou preparar-vos, um lugar (…)”. (Jo, 14, 1-2). Atendamos à exortação: “Não se turve o vosso coração”. Aqui o verbo gramatical não é “perturbar”, nem “turbar” mas turvar. “Não se turve o vosso coração” – é o perigo do veneno disseminado -, é, em rigor, uma exortação, vigorosa, dura, contra a maldade, que contamina irremediavelmente. Judas Iscariotes, o traidor, – e há tantos e tantas por aí -, tinha o seu coração turvado de maldade, (por isso teve o desfecho que sabemos, traiu Cristo, vendendo-O, com um beijo criminoso), S. Pedro, por seu lado, tinha o seu coração perturbado e turbado, (também negou Cristo, mas não O traiu). Quando o galo cantou, S. Pedro lembrou-se das palavras de Cristo e chorou amargamente, é o “Dom das Lágrimas”, de que nos fala o Papa Francisco. As lágrimas lavam-nos o coração e a alma, chorar é purificar e pacificar. “Orai e vigiar, para não cairdes em tentação”. Como pedimos no Pai Nosso: “E não nos deixeis cair em tentação, Mas livrai-nos do Mal”. Na sua profunda, e rigorosa, meditação, sobre o Pai Nosso, Bento XVI, explica, com forte fundamento teológico, que só Deus tem o Poder de aniquilar o Mal, o Maligno. Só Deus nos pode livrar do Mal. Mas temos de Orar, de pedir. Mas quando não podemos Deus toma a iniciativa de chamar a Si que nós, triunfemos com o Bem, Deus Vence, Sempre.
A Fé é um Dom, é uma Faculdade de Conhecimento que nos leva sempre a Cristo, mas permanecendo, sempre, o Mistério, o Insondável e o Invisível que, todavia, se mostrou e mostra-Se em quem é tocado pela luz do olhar e pela pureza dos olhos do Coração. No Caminho do Calvário e no Alto da Cruz, Cristo Mostrou-SE. CRISTO É A VERDADE TODA, REVELADA, É A LUZ QUE VENCE AS TREVAS E A MORTE.
COM E EM CRISTO DÁ-SE O TRIUNFO DA LUZ, DA VIDA, NA SUA PLENITUDE E ESSÊNCIA DE SER. Cristo assumiu nos seus ombros, divinos, as culpas de que a Humanidade não se livra, a não ser exortando a ajuda e o poder de Cristo. Todavia, como lembra o Papa Francisco, Cristo não veio condenar o mundo mas, pelas Sua Entrega, tornou-Se, Para Sempre, Fonte de Salvação.
Deus é Amor e enviou o Seu Amado Filho, “Unigénito, nascido do Pai, antes de Todos os Séculos”, enviou-O ao Mundo por Amor. E Cristo Compadeceu-se de nós, de todos os tempos e da humanidade (Bento XVI). Na Páscoa, Cristo mostra, no Seu Ápice de Amor, a Sua Paixão e Compaixão, para nos livrar do poder das trevas e revestir-nos de luz, da Sua Luz, da Sua Paz, do Seu Amor, da Sua Alegria, da Sua Misericórdia.
Mas neste Tempo, é preciso voltar aos tempos da Eternidade, que também se realiza no Tempo e na História, e meditar e guardar os Mandamentos da Lei de Deus, os Mandamentos de Cristo, no Amor da Unidade do Espírito Santo.
Cristo afirma:
“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para estar convoco para sempre, o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não O vê nem conhece, mas que vós conheceis porque habita convosco e está em vós.” (Jo, 15, 17).
Por que razão o mundo está como está?
Bento XVI afirmou que depois do sangue derramado do “Bom Abel”, o mundo entrou numa espiral de guerra de que sozinho é incapaz de sair.
Onde estão os Cristão e Católicos – não de fachada – mas de Verdade?
Por que razão, aquando do Tratado da União Europeia, a maior parte dos “líderes” opôs-se a que ficasse no Preâmbulo – que não tem vínculo jurídico! – a referência às Raízes Judaico-Cristãs da União Europeia? Onde está a força moral da Europa? Como é possível tantas guerras! Como é possível não ouvir o Clamor da Ucrânia, dos Ucranianos, do seu Povo e tantos outros cidadãos e Povos do Mundo?
É tempo de a Humanidade se curvar Perante Deus e os Valores Universais.
É tempo de nos ajoelharmos e rezarmos a Nossa Senhora ouvindo ressoar no nosso Coração o “Magnificat”, neste “vale de Lágrimas”. Ou será que, como Tomé, ainda não sabemos o Caminho?

Emanuel Oliveira Medeiros
Professor Universitário*

*Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia da Educação

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