No dia 22 de janeiro de 2017, num evento público com a comunicação social norte-americana, Kellyanne Conway, à época uma das principais conselheiras do governo dos Estados Unidos, cunhou a expressão “factos alternativos”. Referia-se a uma série de mentiras que tinham sido publicamente anunciadas pelo então Secretário da Comunicação Social, indicando que não seriam propriamente inverdades, mas antes verdades “alternativas”, adequadas ao contexto que a Casa Branca desejava dar-lhe.
Estavam os dados lançados para o futuro das chamadas “fake news” e para que as pessoas se habituassem a ouvir políticos mentir, sem os considerar menos por isso. O legado de Donald Trump é vasto e tóxico. E ainda não terá terminado.
Hoje, como sempre, continua a competir a todas e todos nós o papel de expor as inverdades pronunciadas por decisores políticos. Não podemos aceitar cegamente os gráficos com que nos presenteiam, sem contexto, ou com o mesmo adaptado à narrativa que desejam vender. Não devemos acreditar nas palavras que são transmitidas à comunicação social sem que as mesmas apresentem uma base verídica devidamente justificada.
Em cada canto, encontramos pontas soltas por onde pegar.
Exemplo bem recente, e que tem sido alvo de escrutínio público, é o da campanha da AD, protagonizada por Luís Montenegro, que no futuro bem poderá ser designado por Montementiras, que usou de um conjunto de verdades “alternativas” para ludibriar o eleitorado português.
Se tudo era possível até ao dia 7, grande parte deixou de o ser passadas pouco mais do que vinte e quatro horas do dia 10 de março, pois ainda o Governo não tinha tomado posse e os seus porta-vozes, na comunicação social, já avisam que não era possível cumprir as promessas feitas em campanha, num autêntico regresso a 2011. É importante não esquecer de que quando a AD elaborou o programa económico, num cenário irrealista, as novas regras de Bruxelas eram já conhecidas. Portanto, mentiu deliberadamente.
Docentes, militares, profissionais de saúde e polícias viam, assim, a vida andar para trás, após tanta promessa eleitoral de quem tudo sabia e podia.
O designado choque fiscal não passou de uma verdade “alternativa”, pois já se percebeu que o prometido não corresponde ao apregoado. Afinal, e no papel, o que tem é uma ilusão e inferior à do Governo Socialista. Através, de um jogo de palavras, Montenegro enganou o povo português. Sim, mentiu. E mentiu de tal forma que até o jornal Expresso sentiu a necessidade de pedir desculpa a Portugal por ter veiculado uma mensagem que não correspondia à verdade.
De facto, a grande preocupação, deste governo de direita, não é o comum dos portugueses, pois os salários mais baixos ou não pagam IRS ou pagam pouco.
O mesmo acontece com o IRC. As pequenas empresas não pagam IRC e as que reinvestem os lucros já têm benefícios no IRC. Ou seja, as descidas dos impostos previstas beneficiam unicamente os rendimentos mais altos.
Resumindo: A direita governa em minoria e em poucos dias incendiou o país com temas do século XX como o serviço militar obrigatório; logotipo do governo, família, IVG, morte medicamente assistida… agora imaginem esta gente a governar em maioria!
Alexandra Manes