Volta e meia, as populações e seus líderes perdem o norte e dão sinais de um profundo, quanto devastador, cansaço e saturação, em que o valor de comunidade é facilmente substituído pelo egoísmo atroz e pela ambição desmesurada. Para a existência de uma equilibrada ordem mundial e progresso para todos, também não será alheia a qualidade dessas lideranças nacionais e globais. Espera-se um discurso mais duro na condenação de conflitos e uma ação mais musculada dos chefes da diplomacia das organizações globais para condenar as violações dos direitos humanos, como se pede aos políticos dos Estados livres e democráticos que agreguem as nações em torno de propostas de desenvolvimento claras, justas e transparentes, como precisamos de líderes experientes e conhecedores das múltiplas realidades históricas, étnicas e culturais, e os seus conhecimentos técnicos, para a resolução urgente das ocorrências globais.
Isto a propósito de ouvirmos o secretário-geral da ONU proferir discursos pomposos e elaborados sobre paz e alterações climáticas, assemelhando-se a um harmónico flautista de Hamelin. Ao invés, apetecer-me-ia ouvir uma mais rude e pragmática tuba que, em tempos conturbados, engrossa a voz e fala um inglês sem tibiezas, ou que tomasse de uma longa e enferrujada espada, qual Rei Artur, e combatesse o verdadeiro inimigo da Humanidade. Chá de tília e falinhas mansas não fazem a paz.
Luís Soares Almeida*