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A Revolução dos Cravos

A Revolução do 25 de Abril que hoje se comemora assume este ano particular importância, não só por se comemorar meio século mas principalmente por ser a última grande comemoração com a presença daqueles que a fizeram. Os tempos correm depressa e o testemunho de coragem e ousadia na luta pela Liberdade deve ser passado na primeira pessoa às novas gerações que devem aprender a amar a Liberdade como o bem principal de uma sociedade.
Entre nós habitualmente as comemorações passam quase despercebidas e são pouco vividas. Difícil de compreender porque os Açores são a região do país que mais beneficiou com a Revolução dos Cravos. Para além da Liberdade, da Democracia e da integração na União Europeia os Açores, com o 25 de Abril, ganharam a tão almejada Autonomia política e a unidade regional.
O 25 de Abril quebrou o isolamento em que viviam as ilhas, que nem se conheciam umas às outras. Os Açores estavam isolados de tudo e de todos A consequência desse isolamento era a pobreza generalizada. A única esperança era o sonho americano, o grande salto para as terras da abundância.
Talvez a pouca afectividade dos açorianos para com a data tenha como causa primeira a forte perturbação social num período subsequente à revolução, com o PREC e o gonçalvismo. O caminho para a Liberdade e para a Democracia pode ter sido difícil e sinuoso mas chegou a bom porto. As eleições para a Assembleia Constituinte realizaram-se de forma ordeira e no prazo previsto, o do l.º aniversário da Revolução. Uma constituição democrática foi elaborada por essa Assembleia e uma tentativa de golpe de estado a 25 de Novembro de 1975, o “canto do cisne” das forças anti-democráticas de esquerda (stalinistas, pós-stalinistas, maoístas, trotskistas e outros comunistas sortidos) foi abortada facilmente pelas forças da ordem democrática.
Seguiram-se as eleições para a l.ª Assembleia da República e para a Presidência da República. A Democracia estava estabelecida em 1976.
Na Madeira e nos Açores instalava-se nesse mesmo ano de 1976 os órgãos da Autonomia Constitucional, um sonho tornado realidade pela Liberdade conquistada a 25 de Abril.
Tudo isso se festeja neste dia que estamos a viver hoje. Todas estas conquistas não teriam sido possíveis sem a Revolução dos Cravos a 25 de Abril..
Foi também com o 25 de Abril, e na sequência da queda dos impérios coloniais europeus, seguindo o princípio da autodeterminação dos povos, que o mais antigo império colonial, construído a partir da expansão marítima portuguesa do século XV, deu lugar a seis novos países independentes, em que o principal elo que liga as diferentes etnias que constituem cada uma dessas novas nacionalidades é a língua de Camões. Mais uma vez Portugal deu novos mundos ao Mundo, num processo que não deixou de ser doloroso. Mas “a História não é um conto de fadas” (Eduardo Lourenço).
Os novos caminhos que se abriram a Portugal como parte integrante de uma Europa moderna, próspera e unida só foram possíveis trilhar com a Liberdade e a Democracia conquistadas no 25 de Abril. Ditaduras ou sociedades sem Liberdade estão num patamar civilizacional inferior e não são aceites na União Europeia.
Neste ano de meio século de Abril é tempo de homenagear a Liberdade e os seus heróis. Ponta Delgada, a cidade de Antero, deve ser a única cidade do país em que não consta da sua toponímia uma rua, praça ou avenida que ostente o nome de 25 de Abril.
Este será também o ano propício para homenagear o Coronel Melo Antunes, muito ligado a esta cidade, onde teve uma importante acção pedagógica de Democracia e Liberdade junto de muitos jovens. Ele foi o homem que transformou um movimento de protesto e reivindicação de ordem laboral no Movimento das Forças Armadas, que viria a restabelecer a Liberdade e a Democracia em Portugal.

Teresa Nóbrega*

*Jornalista

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