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Privatização anulada e novo concurso – prejuízos de 37,6 milhões de euros no ano passado

O Grupo SATA teve um prejuízo consolidado de 37,6 milhões de euros no ano passado (37,5 milhões em 2022), apesar do crescimento de receitas.
Segundo os relatórios e contas da companhia, agora divulgados, a Azores Airlines teve um prejuízo de 26 milhões de euros e a Air Açores de 9,9 milhões de euros.
A dívida líquida da Azores Airlines ronda os 378 milhões de euros e a da Air Açores os 68,4 milhões de euros.

Marco histórico nas receitas

A Presidente do Grupo SATA, Teresa Gonçalves, releva que “em 2023, o Grupo SATA registou um crescimento consistente de receita, tendo ultrapassado os 379 milhões de euros de receita consolidada, (+30,2% face a 2022). Este marco histórico demonstra a solidez da nossa estratégia e a confiança que os nossos clientes depositam em nós. O crescimento foi impulsionado por um aumento significativo do número de passageiros transportados, que atingiu cerca de 2.397 mil passageiros, representando um aumento de +24,8% (+476 mil passageiros) face ao ano anterior. O Resultado Operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) de 30,9 milhões de euros que compara com os 12 milhões de euros de 2022, traduz o excelente ano operacional desenvolvido pelas empresas do Grupo SATA com uma variação 2,6 vezes superior ao ano anterior.
A performance das empresas do Grupo SATA tem sido de crescimento consistente e sustentado, tendo em 2023 superado as metas de receitas e EBITDA definidos no Plano de Restruturação, acordado com a Comissão Europeia, reflexo dos esforços comerciais, da eficiência da operação e do compromisso da gestão e das equipas no turn around da companhia”.

Desafios no inter-ilhas

A Presidente da SATA faz ainda outro alerta: “No transporte inter-ilhas, a SATA enfrenta desafios específicos. A dispersão geográfica das ilhas e a procura variável tornam difícil manter uma programação eficiente e rentável. Por outro lado, garantir voos regulares entre ilhas remotas com pequenas populações pode ser economicamente desafiante. A infraestrutura aeroportuária e a logística de manutenção das rotas também podem ser um obstáculo, especialmente considerando as necessidades sazonais dos passageiros. A SATA precisa de equilibrar cuidadosamente todos estes desafios, investindo em inovação, tecnologia e estratégias de gestão para garantir a competitividade nas rotas intrnacionais, a eficiência nas ligações entre o continente e as ilhas dos Açores, bem como a viabilidade económica do transporte inter-ilhas, essencial para a coesão e mobilidade dentro do arquipélago açoriano”.

“Concorrência acirrada”
na Internacional

Outras explicações são deixadas por Teresa Gonçalves nos relatórios da companhia, nomeadamente que “os desafios enfrentados pelas empresas do Grupo SATA no último ano foram multifacetados, abrangendo tanto as operações internacionais, entre a Europa e a América do Norte, como as ligações cruciais entre o continente português e as ilhas dos Açores, além do transporte interilhas. Para as rotas internacionais a concorrência é acirrada. Grandes transportadoras e empresas de baixo custo competem pelo tráfego aéreo entre a Europa e a América do Norte. Manter preços competitivos sem comprometer a qualidade e a rentabilidade é um desafio constante.
No que diz respeito às ligações entre o continente português e as ilhas dos Açores, a SATA tem enfrentado desafios logísticos significativos. A dependência dessas rotas para conectividade e transporte de passageiros e carga requer uma operação consistente e confiável. Há, contudo, desafios, nomeadamente problemas com a infraestrutura aeroportuária limitada, condições climáticas adversas, e a necessidade de modernização e manutenção das frotas de aeronaves”.

SATA nomeia Conselho de Administração
transitório até nova nomeação

O Conselho de Administração da SATA nomeou a actual responsável pela direcção financeira, Carla Neto, para ser a nova administradora financeira do Grupo, preenchendo o lugar deixado vago por Dinis Modesto.
O actual Conselho fará a transição até ser nomeado um novo, incluindo o Presidente que substituirá Teresa Gonçalves.
“Na sequência da saída da Presidente do Conselho de Administração e do administrador com o pelouro financeiro, o restante conselho de Administração da SATA Holding, composto pelo Eng. José Carlos Laia Roque, pelo Dr. Bernardo António Oliveira e pelo Dr. João Crispim Ponte, cooptou a Dra. Carla Neto, actualmente responsável na direção financeira da empresa, para assumir o cargo de administradora com o pelouro financeiro“, afirma a companhia aérea açoriana num comunicado interno.

4 membros efectivos
para prosseguir trabalho

“O Conselho de Administração da SATA Holding ficará, assim, com quatro membros efetivos prosseguindo com o trabalho que vinha sendo realizado, de reestruturação e de recuperação das companhias desta empresa emblemática e essencial para os Açores”, acrescenta.
As alterações foram forçadas pelo pedido de demissão de Teresa Gonçalves, a 9 de Abril, com efeitos a partir do fim do mês.
A Presidente Executiva, que há um ano substitui Luís Rodrigues, actual CEO da TAP, alegou “motivos pessoais” para a saída.

Parecer negativo
à venda

A decisão foi conhecida logo após a entrega do relatório final do concurso público para a privatização da Azores Airlines, em que apenas um candidato foi considerado válido, o consórcio Newtour/MS Aviation, mas com o júri a manifestar fortes reservas.
Os sindicatos também se opuseram à escolha.
O Conselho de Administração, ainda com Teresa Gonçalves ao leme, acabaria por dar um parecer negativo à venda.
A decisão final cabe ao Governo Regional que poderá anunciá-la ainda esta semana.

Administradores
não executivos

As mudanças da Administração estendem-se às duas transportadoras aéreas do Grupo, a SATA Internacional – Azores Airlines e a SATA Air Açores, bem como à SATA Gestão de Aeródromos.
Bernardo Oliveira e João Crispim Ponte foram nomeados como administradores não executivos e Carla Neto como administradora executiva.
“O Conselho de Administração encontra-se operacional e capaz de assumir a gestão diária do Grupo e das participadas, aguardando a nomeação, por parte do accionista, o Governo Regional dos Açores, de um novo Conselho de Administração“, afirma a SATA no mesmo comunicado interno distribuído ontem.

Governo cancela privatização da SATA
e vai abrir novo concurso

O Governo dos Açores cancelou o concurso de privatização da companhia aérea Azores Airlines e vai lançar um novo, alegando que a companhia estava avaliada em seis milhões de euros no início do processo e vale agora 20 milhões.
“[O Conselho de Governo] deliberou não dar seguimento ao processo de privatização da Azores Airlines devido à alteração significativa das condições económicas e financeiras tidas em conta na avaliação inicial da companhia. Fica assim cancelado o actual processo de privatização da Azores Airlines”, anunciou ontem o Vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima.
O governante falava em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, na leitura do comunicado do Conselho de Governo, reunido por videoconferência.
No início de Abril, o júri do concurso público da privatização da Azores Airlines entregou o relatório final e manteve a decisão de aceitar apenas um concorrente, mas admitiu reservas quanto à capacidade do consórcio Newtour/MS Aviation em assegurar a viabilidade da companhia.
Também o Conselho de Administração do Grupo SATA, liderado por Teresa Gonçalves, que entretanto se demitiu, manifestou “reservas sobre o consórcio NewTour MS Aviation e sobre as limitações do concorrente” no parecer enviado ao Governo Regional.
Segundo Artur Lima, a decisão de cancelar o concurso foi tomada tendo em conta uma avaliação da companhia aérea do Grupo SATA, feito por um consultor, que a coloca agora a valer “mais de 20 milhões de euros”, quando no início do processo estava avaliada em seis milhões.
“O melhor interesse da Região Autónoma dos Açores perante uma companhia que é hoje mais valiosa, que está mais robusta, é cancelar este processo de privatização e dar início a um novo processo de privatização, com este novo valor de 20 milhões de euros, em vez de seis milhões de euros”, apontou.
“É um argumento suficientemente válido, aliás previsto no caderno de encargos”, reforçou.
Questionado sobre se as reservas sobre o consórcio concorrente também pesaram na decisão, o Vice-presidente do Governo Regional disse que não.
“O argumento que o Governo usa para cancelar este processo de privatização é a defesa do interesse público da Região Autónoma dos Açores e da Azores Airlines […]. É este o argumento que o Governo usa para cancelar, todos os outros que se discutem não foram relevantes”, salientou.
Artur Lima lembrou que a Região tem até 2025 para concluir o processo de privatização da Azores Airlines, como acordado com a Comissão Europeia, por isso, vai lançar um novo concurso em breve.
“Temos tempo de lançar um novo concurso de privatização e como temos tempo e temos uma companhia mais valiosa, podemos lançar um concurso de privatização melhor, que melhor defenda os Açores e que sirva os interesses dos Açores”, revelou.
“Vamos iniciar brevemente o novo processo de privatização da Azores Airlines, não posso dizer exactamente o prazo, mas ainda temos alguma folga para isso”, acrescentou, salientando que “a única maneira de salvar a companhia é obviamente privatizá-la para injecção de capital”.
O governante rejeitou ainda que o lançamento de um novo concurso seja um “retrocesso” no processo, alegando que o Executivo “estaria a fazer mal era se não aproveitasse esta mais-valia”.

Câmara do Comércio
de Ponta Delgada defende
novo concurso

A Câmara do Comércio e Industria de Ponta Delgada (CCIPD) defendeu ontem a imediata interrupção da privatização da Azores Airlines e a abertura de um novo processo que permita “incorporar informação nova” e “corrigir vicissitudes”.
Em comunicado, a associação empresarial das ilhas de São Miguel e Santa Maria defende que “o processo em curso seja imediatamente interrompido e que seja dado início a um novo processo, com a celeridade que as metas temporais impostas pela Comissão Europeia aconselham”.
A CCIPD sublinha que “tem acompanhado, com a máxima atenção, todo o processo de privatização” da Azores Airlines, sublinhando a importância da empresa pública para a Região, “quer pelos serviços que assegura, quer pelas contingências que já gerou e que ainda pode vir a gerar para o orçamento público”.
“Há já muitos anos que a CCIPD intervém defendendo que se delineie uma política sensata para as acessibilidades dos Açores sem o depauperamento descontrolado do orçamento público, suportado, por todos os açorianos, por cada ilha, incluindo aquelas onde exercem atividade os associados da CCIPD, compreendendo o espaço onde se desenvolve quase 70% de toda a actividade económica dos Açores, para os ganhos e para os encargos que lhes estão inerentes”, lê-se na nota.
Para a associação empresarial, é preciso iniciar um novo processo de privatização da Azores Airlines, responsável pelas ligações com o exterior do arquipélago, que permita “incorporar informação nova e positiva” e “corrigir vicissitudes do actual concurso que possam ser evitadas, não obstando a que os concorrentes actuais, se voltem a apresentar melhorando as suas respostas”.

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