Os primeiros doentes já estão a ser transferidos do Centro de Saúde de Ponta Delgada para o posto médico avançado da Cruz Vermelha, instalado no Pavilhão junto à Escola Mãe de Deus.
A Cruz Vermelha Portuguesa iniciou na manhã de Quinta-feira a preparação do Posto Médico Avançado, ficando ontem preparado para receber os primeiros doentes.
Esta operação responde à solicitação feita pelo Governo Regional dos Açores à Cruz Vermelha, após o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo.
Um total de 20 voluntários da Cruz Vermelha Portuguesa têm estado envolvidos na montagem do Posto Médico Avançado, instalado no Pavilhão Municipal Carlos Silveira.
Esta resposta logística, que vai garantir o funcionamento de uma enfermaria com todas as condições necessárias, conta com 12 tendas, que é a base de resposta de saúde regional que já se encontrava nos Açores.
Está prevista uma capacidade instalada, nesta primeira fase, para acolher 34 doentes.
Contudo, a entrega de mais dez tendas vindas do continente, e que ficarão após esta operação em permanência na Região, permitirá a possibilidade de duplicar para 60 o número de doentes.
Este apoio da CVP permitirá, assim, um aumento da capacidade de resposta no arquipélago relativamente a este material logístico, fortalecendo a autonomia futura dos Açores.
“Com a pronta instalação do Posto Médico Avançado na ilha de São Miguel, a Cruz Vermelha Portuguesa reafirma seu compromisso inabalável de estar ao lado das comunidades mais afectadas em momentos críticos. A abertura iminente deste posto, já apto a receber os primeiros doentes nesta sexta-feira, é um testemunho da nossa eficácia e prontidão em responder a emergências. Esta nova estrutura não apenas responderá às necessidades urgentes surgidas após o incidente no Hospital do Divino Espírito Santo, mas também reforçará a resiliência logística dos Açores para enfrentar futuras contingências. É com orgulho que destacamos, além do socorro imediato, o fortalecimento contínuo das capacidades das comunidades locais, um pilar essencial da nossa missão na Cruz Vermelha”, refere António Saraiva, Presidente Nacional da Cruz Vermelha, numa nota enviada ao nosso jornal, com fotos de André Saudade.
Hospital de campanha
mantém-se
O Presidente do Governo dos Açores considera que continua a justificar-se a instalação de um hospital de campanha, embora a Cruz Vermelha também tenha instalado um posto médico avançado, depois do incêndio no hospital de Ponta Delgada.
A instalação do hospital de campanha “não é uma emergência de véspera, mas programada”, afirmou o líder do Executivo açoriano, José Manuel Bolieiro, salientando que se está a fazer as coisas “passo a passo”, na sequência do incêndio de Sábado no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).
José Manuel Bolieiro, que visitou Quinta-feira o posto médico avançado que a Cruz Vermelha montou em Ponta Delgada, salientou a “proactividade que as Forças Armadas têm colocado” na instalação do hospital de campanha, estando-se a “preparar todos os meios assim que foram solicitados”.
Em declarações aos jornalistas durante a visita ao posto médico avançado da Cruz Vermelha, o líder do Executivo açoriano disse que a estrutura tem “capacidade suficiente para todos os doentes que estão no centro de saúde de Ponta Delgada”, prevendo-se que os 34 pacientes sejam transferidos na Sexta-feira (ontem).
“A partir de Segunda-feira, o centro de saúde de Ponta Delgada está na sua plenitude de capacidade assistencial”, acrescentou o governante, adiantando também que 42 profissionais do HDES estarão no posto médico avançado da Cruz Vermelha.
Também em declarações aos jornalistas, a Secretária Regional da Saúde e Assuntos Sociais, Mónica Seidi, admitiu a possibilidade de “alocar outros doentes que entretanto tenham critério de admissão no regime de internamento” à estrutura da Cruz Vermelha.
Contudo, acrescentou, a situação “não se coloca neste momento, porque o centro de saúde da Ribeira Grande tem uma enfermaria de medicina interna” com capacidade para 28 utentes.
Mónica Seidi adiantou ainda que na próxima semana essa capacidade será duplicada e admitiu um reforço das linhas de saúde para atendimento da população caso se justifique.
Ainda segundo a titular da pasta da Saúde do Governo Regional, começaram os trabalhos no terreno para permitir que o HDES “possa retomar de forma faseada alguma actividade”, nomeadamente a hemodiálise e os serviços do hospital de dia da oncologia.
Paulo Moniz apela
aos deputados da Assembleia
da República
O deputado do PSD Paulo Moniz apelou aos partidos para que olhem para o hospital de Ponta Delgada, atingido por um incêndio no sábado, como um “problema central do país”, sublinhando a necessidade de medidas rápidas.
“Agora é o momento de fazer duas coisas muito importantes. Pedir a esta câmara e a todas as forças que se agilize, que se unam, que convirjam para uma resolução célere de um problema que vai precisar de medidas céleres”, afirmou o parlamentar social-democrata eleito pelos Açores.
Num debate sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde, pedido pelo PSD, Paulo Moniz considerou que uma “segunda dimensão” passa por olhar para a situação actual do maior hospital dos Açores como um “problema central do país”.
Segundo Paulo Moniz, trata-se de um hospital que presta apoio, a 2.000 quilómetros de distância do continente português, “muitas vezes a quem atravessa o Oceano Atlântico, é fundamental e único para a população da ilha de São Miguel que, neste momento, tem o temor induzido de ter qualquer problema e não” ter a necessária resposta de saúde.
“É esse o apelo, é essa ajuda que eu peço a esta câmara”, disse o deputado da bancada do PSD, ao salientar que se viveu, com o incêndio que deflagrou no Sábado, “uma situação dramática” que foi resolvida “muito graças à pronta intervenção dos bombeiros, das forças de segurança, dos militares e dos voluntários”.
A deputada do PS, Mariana Vieira da Silva, garantiu que o Grupo Parlamentar socialista “acompanha com toda a atenção e muita preocupação aquilo que se passou no último fim-de-semana em Ponta Delgada”, considerando ser “uma situação limite para a qual todos estão convocados”.
PS chama Mónica Seidi
ao Parlamento
Os deputados do PS/Açores querem ouvir, em sede de Comissão de Assuntos Sociais do Parlamento dos Açores, a Secretária regional da Saúde e Solidariedade Social, Mónica Seidi, para que possa prestar “esclarecimentos sobre o plano de trabalhos de normalização da prestação de cuidados de saúde na Região e calendarização da retoma da actividade do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES)”, lê-se numa nota de imprensa.
Por outro lado, o Grupo Parlamentar do PS/Açores informa que já solicitou reuniões com as administrações hospitalares dos hospitais de Ponta Delgada (ilha de São Miguel), Angra do Heroísmo (Terceira) e Horta (Faial).
Uma dessas primeiras reuniões deverá ocorrer “já na próxima Quinta-feira” com a Administração do Hospital de Ponta Delgada, de acordo com o PS/Açores.
O PS/Açores justifica que são necessárias “mais informações sobre a acessibilidade dos açorianos aos cuidados de saúde, em particular sobre a reorganização do Serviço Regional de Saúde face à prevista demora na recuperação do funcionamento pleno do HDES, a maior unidade hospitalar da região”.
Os socialistas defendem “maior transparência, coordenação e rapidez” das entidades envolvidas para “esclarecer o que está a ser feito” para ultrapassar a situação, decorrente do incêndio que afectou no Sábado a maior unidade de saúde açoriana.
A situação em causa “preocupa de sobremaneira todos os açorianos, uma vez que o HDES serve toda a Região”, aponta o PS.
O Grupo Parlamentar do PS/Açores pretende também reunir-se com as administrações dos centros de saúde e com outras entidades que estão envolvidas no processo de recuperação do HDES, bem como as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s) que, segundo sublinham, “estão a prestar um importante papel no acolhimento de doentes”.