Atualmente, o tema da liberdade é frequentemente discutido; porém, paradoxalmente, parece que estamos cada vez “menos livres” em diversas esferas da nossa vida. A verdadeira liberdade, no entanto, reside primordialmente no interior de cada um de nós, antes de se manifestar exteriormente.
A liberdade não pode ser reduzida à capacidade de tomar decisões sem impedimentos externos. Embora essa visão seja verdadeira, ela é notavelmente pobre. A verdadeira liberdade vai além disso e envolve a capacidade de tomar decisões mesmo diante de condicionamentos exteriores, sejam eles positivos ou negativos, favoráveis ou adversos.
Aqui surge um paradoxo intrigante: quando tudo corre bem e temos a liberdade de agir conforme desejamos, pode ser que enfrentemos maiores dificuldades quando nos depararmos com contratempos inesperados. A verdadeira liberdade é alcançada quando somos capazes de enfrentar com serenidade e alegria as inúmeras dificuldades do dia-a-dia, sem desanimar, mesmo após experimentar limitações e frustrações.
As pessoas verdadeiramente livres demonstram autodomínio, sem se deixarem abater pelo desânimo ou pela tentação de desistir. Elas não permitem no seu interior pensamentos destrutivos ou pessimistas, mas aceitam a realidade como ela é, sem a idealizar.
Uma pessoa madura compreende que é responsável tanto pelos seus sucessos quanto pelos seus fracassos. Ela percebe que a liberdade não se resume a fazer o que lhe apetece, mas sim em escolher o que é correto para si, no momento presente.
Além disso, a pessoa livre reconhece que a frustração é parte ineludível do caminho e não deixa que ela se transforme num drama. Ela compreende algo raro nos dias atuais: não podemos alcançar sozinhos a verdadeira liberdade, pois dependemos uns dos outros e necessitamos de ajuda para não nos deixarmos arrastar por uma visão superficial do que significa ser livre.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria