O hospital de Ponta Delgada, que está a repor gradualmente a actividade clínica de ambulatório após o incêndio, anunciou retomou ontem as consultas externas de todas as especialidades, excepto pediatria.
Segundo o HDES, no mesmo dia, no Piso 1 do edifício hospitalar de Ponta Delgada, na ilha ocorrerá “a retoma da Medicina Física e Reabilitação, da consulta de Psiquiatria (a funcionar no espaço do Hospital de Dia) e [da] consulta de Pneumologia (a funcionar no espaço da Reabilitação Respiratória)”.
O HDES apela, no entanto, aos utentes que não se dirijam presencialmente ao hospital se não tiverem sido contactados nesse sentido.
Na Quarta-feira, em conferência de imprensa, a Presidente do Conselho de Administração, Manuela Gomes de Menezes, referiu que, “garantida a segurança e o normal funcionamento de todos os sistemas”, perspectivava-se “avançar para a reabertura parcial da consulta externa, a retoma do serviço de deslocação de doentes e o regresso de colaboradores não clínicos do hospital”.
“Relativamente aos tratamentos oncológicos, todos estarão completamente resolvidos e o normal funcionamento ocorrerá no final da próxima semana”, disse Paula Macedo.
Ainda segundo Paula Macedo, a partir do dia 27, a unidade estará a “funcionar praticamente [de forma] normal”, embora possam existir “algumas dificuldades”, não a nível de tratamentos, mas de consultas.
Regresso faseado
dos doentes hemodialisados
O regresso dos doentes hemodialisados que foram obrigados a sair da ilha de São Miguel devido ao incêndio será feito de forma “faseada e lenta”, garantiu o Governo Regional.
“Não iremos fazer com que regressem todos em simultâneo”, explicou aos jornalistas a Secretária Regional da Saúde, Mónica Seidi, no final de uma visita aos doentes deslocados para o Hospital da Horta, na ilha do Faial, que tiveram de sair da sua ilha de residência para poderem realizar tratamentos de hemodiálise devido ao incêndio que em 4 de Maio atingiu o maior hospital dos Açores.
Segundo a governante, o regresso a Ponta Delgada dos cerca de 30 doentes deslocados para o Hospital da Horta será feito com base em critérios “clínicos e sociais”, mas também “de segurança”, que estão ainda dependentes dos resultados das análises efetuadas à qualidade da água no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).
“Será uma retoma faseada e lenta, sempre com base em critérios de segurança”, insistiu a titular da pasta da Saúde no arquipélago, que visitou ontem, pela primeira vez após a catástrofe, os doentes que foram deslocados de São Miguel para o Faial, para lhes dar uma “palavra de apreço, conforto e segurança”.
Mónica Seidi reconheceu que estes doentes “estão a ser muito bem tratados”, mas compreende que alguns deles sintam “saudades de casa e da sua família”, acrescentando que, em breve, todos eles poderão regressar a casa, “logo que estejam reunidas todas as condições, de segurança”.
A governante adiantou que já foram efectuadas análises às águas no HDES, que parecem estar “em conformidade com os parâmetros específicos para tratamentos em hemodiálise”, mas acrescentou que a Secretaria Regional da Saúde está agora a aguardar pelos resultados da contra-análise”.
“Como estamos a falar de tratamentos com enorme complexidade e risco, temos de ter a certeza de que está tudo bem e é sempre necessário haver uma confirmação dos primeiros resultados”, insistiu a governante.
61 doentes continuam
na Madeira
Sessenta e um utentes transferidos na sequência do incêndio continuam a receber tratamento no arquipélago madeirense, indicou o Serviço de Saúde da região autónoma da Madeira (Sesaram).
“O Serviço Regional de Saúde informa que os utentes transferidos dos Açores para a Madeira, no início do mês de Maio, continuam a receber todos os cuidados necessários”, informou, em comunicado, o Sesaram.
De “um total de 61 utentes acolhidos”, o Sesaram indica que, neste momento, “estão 27 utentes alojados no Regimento de Guarnição n.º 3, 28 internados no Hospital Dr. Nélio Mendonça (HNM), e seis estão em alojamento próprio”.
A região autónoma da Madeira recebeu ainda, entre 13 e 19 de maio, “provenientes dos Açores, um doente em situação neurocirúrgica, que se encontra a receber cuidados no internamento, e mais uma grávida”.
“Os 55 doentes com doença renal crónica continuam a receber os respectivos tratamentos, bem como toda a medicação necessária, que está a ser assegurada pelo Sesaram”, lê-se na nota.
O gabinete de comunicação do Sesaram acrescenta ainda que “ambas as equipas de saúde das regiões autónomas da Madeira e dos Açores estão em constante articulação, em prol de uma melhor prestação de cuidados aos utentes”.